Bons ambientes de ciclismo nos países europeus é o que não faltam – Amsterdã, Copenhague e Luxemburgo, por exemplo, parecem ter alcançado o que ainda é apenas um sonho para muitas cidades mundiais. Mas existem alguns fatores que devem ser considerados para que uma cidade se torne realmente acolhedora para os ciclistas, entre os quais estão o número de ciclovias, o mapeamento dos caminhos, a poluição do ar, e a disponibilidade de estações e bicicletas compartilhadas.
Toda essa infraestrutura construída para melhorar a vida quotidiana dos veículos de duas rodas somada a uma cultura voltada à sustentabilidade, pode facilitar e incentivar o ciclismo entre os moradores e visitantes. Abaixo está uma seleção de cidades europeias mais confortáveis para os ciclistas, com inovações e esquemas que permitem pedalar com segurança.
Amsterdã e Utrecht; Holanda
Amsterdã é provavelmente a cidade de ciclismo mais famosa do mundo. De fato, as 811.000 pessoas que vivem em Amsterdã possuem cerca de 881.000 bicicletas. Ou seja, há mais bicicletas do que moradores. Cerca de 68% do trânsito para o trabalho e escola é composto de bicicleta. O terreno tipicamente plano do país facilita essa prática. Existem também dezenas de roteiros turísticos disponíveis para bicicletas, desde passeios históricos até visitas aos moinhos de vento e campos de tulipas.
Os holandeses parecem liderar o caminho das bikes, já que a cidade de Utrecht também é conhecida por suas instalações para ciclismo. Utrecht possui a maior área de estacionamento de bicicletas do mundo: mais de 12.000 vagas estão disponíveis na estação central. A cidade também conta com uma política cicloviária inovadora, incluindo sinalização inteligente, vias rápidas e infraestrutura intuitiva.
Paris, Grenoble e Bordeaux; França
A capital francesa é relativamente nova no ciclismo – entre 2015 e 2020 foram investidos mais de 150 milhões de euros para melhorar a rede cicloviária da cidade. Graças aos recentes desenvolvimentos, 15% dos moradores passaram a usar bicicletas em Paris. E com a reeleição da prefeita Anne Hidalgo, apoiada pelo Partido Verde, espera-se que essa tendência continue.
Grenoble, escolhida pela União Europeia como Capital Verde da Europa em 2022, é a principal cidade da França em deslocamento em bicicletas. A cidade também é pioneira na transição sustentável – com seu ‘Plano Climático’, já reduziu as emissões de gases de efeito estufa em 25%, de 2005 a 2016, e trabalha para chegar a 50% até 2030. Nesse sentido, Grenoble usa 80% de energia renovável, com a ambição de chegar a 100% até 2030. Já Bordeaux conta com mais de 330 km de ciclovias, sendo considerada uma das cidades mais “bike-friendly” do mundo, segundo o ranking Copenhagenize 2019. Com a eleição de um prefeito “verde” em junho de 2020, espera-se que essa política pró-bicicleta se expanda ainda mais.
Dublin, Irlanda
A capital da República da Irlanda vem desenvolvendo uma infraestrutura para bicicletas em grande escala. De bike por Dublin e pelas ciclovias ao redor da cidade é possível absorver um pouco da famosa cultura irlandesa, desfrutar de uma excursão histórica, visitar um museu ou ainda chegar até a costa para sentir a brisa do mar, em apenas 20 minutos.
Cidade de Luxemburgo, Luxemburgo
Em 2019, a cidade de Luxemburgo foi eleita a segunda melhor cidade do mundo para andar de bicicleta, depois de Amsterdã, de acordo com a plataforma móvel holandesa ScanMovers. A capital é famosa por seus passeios de bicicleta organizados que serpenteiam por vistas de tirar o fôlego e hectares de floresta, todos parte da rede nacional de ciclovias do país. Os esforços do governo para apoiar o ciclismo como empreendimento turístico e recreativo são mostrados nas melhorias contínuas da infraestrutura cicloviária. Uma dessas implementações é o UNESCO-Bike-Tour, organizado em parceria com a UNESCO, roteiro que leva os ciclistas por 9,5 quilômetros de extensão passando por 80 locais históricos.
Copenhague, Dinamarca
Copenhague é uma cidade incrivelmente acolhedora para os ciclistas. Há uma rede de caminhos que inclui pontes inovadoras e formam ciclovias em toda a cidade – muitas vezes as bicicletas têm prioridade sobre os carros. Para os visitantes, há estações de aluguel de bikes para um passeio casual, mas também há esquemas para ciclistas que vão ao trabalho e escola. A GoBike, por exemplo, coloca estrategicamente estações de ancoragem em estações de metrô para passageiros e visitantes. Essas bicicletas podem ser reservadas por meio de um aplicativo e também incluem um teclado eletrônico com tela sensível ao toque para login e navegação GPS. Nas rotas com tema “verde” estão pausas no ciclismo para um passeio pelos jardins botânicos ou pelo museu ao ar livre.
Berna, Suíça
Localizada no coração dos Alpes, Berna oferece vistas pitorescas, belas paisagens e infraestrutura bem desenvolvida com uma rica coleção de ciclovias. A cidade é mais apreciada por sua rota Wankdorf, inaugurada em 2016, e que serve como modelo para o desenvolvimento de rotas futuras – a ciclovia conta com o sincronismo entre semáforos, conhecido como “onda verde”, de modo que se os ciclistas pedalarem a uma velocidade de 20 km/h pegarão todos os sinais abertos até a cidade, de manhã, na hora do rush. A ‘onda’ é invertida à tarde, para que os usuários de bicicleta também possam fluir suavemente para casa.
Ainda em relação às bicicletas, Berna se destaca em três fatores – poluição do ar, número de estações de compartilhamento e número de bicicletas compartilhadas disponíveis. A Suíça é um dos primeiros membros da Climate and Clean Air Coalition (CCAC). Nos últimos 25 anos, a qualidade do ar melhorou significativamente no país. Isso se deve à implementação de políticas ambiciosas de ar limpo. A própria cidade de Berna tem o índice de poluição do ar mais baixo de todas as capitais europeias.
*Crédito Imagem destacada: Pixabay
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