Sociedade

Mudanças climáticas podem fazer confinamento virar regra, diz cientista

Por ONU Brasil – 

O aumento da temperatura global pode colocar o mundo em estado constante de confinamento.

O alerta foi feito pelo cientista brasileiro Carlos Nobre, em webinar realizado pela Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas para discutir a relação da atual pandemia com o clima.

De acordo com o especialista, uma vez que o corpo humano não consegue suportar determinadas condições de temperatura e umidade, ondas de calor levariam as pessoas a evitar ambientes externos, o que tornaria o confinamento uma regra se não conseguirmos deter as mudanças do clima.

O cientista falou ainda sobre a resposta do novo coronavírus a diferentes tipos de clima. Segundo ele, ainda não há comprovação científica de que o coronavírus gere um impacto menor em climas quentes, hipótese que é contestada pelas altas taxas de infecções em Manaus (AM).

Aumento extremo na temperatura na terra pode transformar a floresta amazônica em savana e até inviabilizar a vida humana dentro de dois séculos. Imagem do Vale da Morte, nos Estados Unidos. Foto: Pixabay

O aumento da temperatura da terra pode colocar o mundo em estado constante de confinamento. O alerta foi feito pelo cientista Carlos Nobre em webinar realizado pela Rede Brasil do Pacto Global para discutir a relação da atual pandemia com o clima. De acordo com o especialista, uma vez que o corpo humano não consegue suportar determinadas condições de temperatura e umidade, ondas de calor levariam os seres de quase todo o mundo a evitar ambientes externos, o que tornaria o confinamento uma regra se não conseguirmos deter as mudanças do clima.

Atualmente, mesmo que todos os países cumpram com seus compromissos relacionados ao Acordo de Paris, estimativas apontam um aumento de 3,2º na temperatura do planeta. No entanto, a comunidade científica e diversas instituições ligadas à sustentabilidade, entre elas o Pacto Global, apontam o limite de 1,5º acima de níveis industriais como mais seguro para evitar resultados catastróficos para a vida na terra. Nobre aponta que um aumento extremo na temperatura pode transformar a floresta amazônica em savana e até inviabilizar a vida humana dentro de dois séculos.

Durante o webinar, o cientista abordou ainda a resposta do novo coronavírus a diferentes tipos de clima. Para ele, ainda não há comprovação científica de que o coronavírus gere um impacto menor em climas quentes, hipótese que é contestada pelas altas taxas de contaminados em Manaus. Nobre preocupa-se que a ocupação desordenada de áreas próximas à floresta possa tonar a região amazônica vulnerável a zoonoses. Em Wuhan, na China, fatores ambientais relacionados à ocupação desordenada e consumo de animais silvestres favoreceram o aparecimento do vírus.

Carlos Nobre também desmistificou a redução da poluição atmosférica verificada em vários países que adotaram o isolamento social como medida de combate à pandemia. Apesar de propagada como uma boa notícia, o cientista acredita que a redução é momentânea, mas pode ser positiva se ajudar os cidadãos a definir a qualidade do ar que querem para suas cidades no futuro.

Para o cientista, a pandemia deixa como aprendizado o alerta com relação aos riscos das mudanças climáticas e a expectativa de uma economia mais verde. “Nós temos que aproveitar a saída da crise pandêmica para colocar o Brasil cada vez mais em trajetórias de sustentabilidade”, afirma.

Carlos Nobre é pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, Coordenador Científico do Instituto de Estudos Climáticos da UFES e Presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. O webinar foi realizado dentro do projeto Quarentena com o Pacto, que convida especialistas para discutir a relação da atual pandemia com a sustentabilidade. Esta edição relaciona-se com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13 – Ação contra a mudança global do clima, e teve o apoio do site ECOA, do portal UOL.

O webinar completo pode ser assistido aqui. 

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