Próxima etapa terá a retirada de 1,2 milhão de metros cúbicos de detritos por meio de desassoreamento e desaterro; volume retirado no próximo ano representa uma vez e meia o total removido nos últimos cinco anos
O Governador João Doria e o Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, anunciaram nesta sexta-feira (12), no Palácio dos Bandeirantes, o início, pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, de mais uma etapa do projeto Novo Rio Pinheiros. As empresas responsáveis já foram selecionadas para o desassoreamento e desaterro de 1,2 milhão de metros cúbicos de detritos, no período de um ano, com investimentos que somam quase R$ 70 milhões.
“Todos nós temos um compromisso de colocar o rio Pinheiros, até dezembro de 2022, limpo. São Paulo não pode mais ficar convivendo com a poluição de dois rios que cortam a cidade e achar que o tempo tomará conta disso ou a falta de cuidado fará com que se eternize um problema que vitima a cidade e seus habitantes”, ressaltou Doria.
Esse é o maior desassoreamento realizado no rio Pinheiros pela Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). Por meio da técnica de escavadeira embarcada em plataformas flutuantes, máquinas vão retirar sedimentos do leito do rio, depositá-los em barcaças, transportá-los às margens e, em seguida, para disposição final na Cava de Carapicuíba. O volume mensal destes resíduos, se colocado em caminhões, formaria uma fila de cem quilômetros, equivalente à distância entre São Paulo e Sorocaba. Neste processo serão investidos inicialmente R$ 32 milhões. A previsão é que, em até 12 meses, sejam desassoreados 500 mil metros cúbicos. O planejamento prevê a remoção de 2,4 milhões de metros cúbicos de sedimentos nos próximos anos.
As empresas prestadoras de serviço, selecionadas em pregão eletrônico, são os consórcios Jerivá (Soebe Construção e Pavimentação Ltda. e FBS Construção Civil, e o Pavimentação S.A.) e Pinheiros 14 (ETC Empreendimentos e Tecnologia em Construção Ltda. e DP Barros Pavimentação e Construção Ltda).
As ações de desaterro visam aumentar o espaço das áreas chamadas “bota-fora” por meio de escavação mecânica dos materiais depositados. Este processo terá o investimento de pouco mais de R$ 37 milhões e deve desaterrar 700 mil metros cúbicos de materiais em 12 meses. Os responsáveis pela execução destas ações são o consórcio Pinheiros 15 (ETC Empreendimentos e Tecnologia em Construção Ltda., e DP Barros Pavimentação e Construção Ltda) e a empresa Construdaher Construções e Serviços Ltda.
“O projeto Novo Rio Pinheiros é um esforço conjunto de diversos atores. Este é mais um passo para a melhoria do rio. O desassoreamento ajuda no aumento da oxigenação e na dissolução de poluentes. E esta ação faz parte de uma série de medidas que serão adotadas”, afirmou Penido.
Novas tecnologias
Desde o início do ano, a Emae vem testando, sem custos para a companhia, novas tecnologias para retirada de detritos do Pinheiros. Por meio dos Ecoboats, uma das tecnologias em teste, a empresa recolheu 100 toneladas de lixo flutuante das águas em um mês. As outras foram a máquina sueca de retenção de resíduos e as ecobarreiras, que têm a função de reter o lixo e facilitar o recolhimento.
Paralelamente, de janeiro a maio deste ano, nas ações de rotina, foram retiradas quase duas mil toneladas de lixo do rio, ao custo de mais de R$ 3 milhões.
Sede do Pomar Urbano
A Emae revitalizou a sede do Pomar Urbano, que foi reinaugurada em junho. A obra contemplou limpeza, alvenaria, paisagismo e pintura do local, além da recuperação do viveiro, do píer e do quiosque,remoção de restos de vegetação e instalação nova sinalização. Nesta etapa, uma parceria com a Reservas Votorantim prevê o plantio de 30 mil mudas nativas da Mata Atlântica Paulista. Há também ações de recuperação em andamento com a empresa Vivo.
Saneamento e remuneração por resultados
Em junho, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) iniciou uma nova modelagem para contratação de serviços para tratamento de esgoto e melhoria da qualidade da água. A assinatura dos contratos terá como base a performance, uma forma moderna de contratação de serviços que alinha os objetivos das empresas à meta final de melhoria da qualidade da água dos afluentes. A contratada fica responsável por todas as obras de ampliação e adequação do sistema de esgotamento sanitário, com remuneração medida por resultados. Quanto mais limpa ficar a água, maior será a compensação. Para avaliar a performance, serão consideradas metas como o total de novos imóveis conectados à rede e a qualidade da água dos afluentes.
A primeira sub-bacia a receber obras nessa modelagem é a do córrego Zavuvus, na zona Sul de São Paulo. Nessa região, as obras vão beneficiar diretamente 173 mil moradores, num investimento de R$ 85 milhões, podendo chegar a R$ 94 milhões a depender do desempenho da empresa contratada. A expectativa é que, em dois anos, ocorra uma melhoria acentuada na qualidade da água do córrego, com perspectiva de retomada de vida aquática. Com 7,8 km de extensão, o Zavuvus deságua no rio Jurubatuba, um canal formador do Pinheiros próximo da represa Guarapiranga.
Monitoramento
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) vai intensificar os pontos de monitoramento no rio Pinheiros e nos principais afluentes para verificar os sedimentos (carbono orgânico total, nitrogênio amoniacal e fósforo total) e a qualidade da água (oxigênio dissolvido, pH, temperatura, condutividade, DBO, fósforo, turbidez, sólidos totais e suspensos).
Outorga
Ao longo do processo, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) emitirá outorgas para ampliação de sistemas de interceptores e emissários de esgotos para estações de tratamento, fundamental para a despoluição do rio Pinheiros.
Caberá ao Daee emitir também as outorgas necessárias para obras e serviços que impliquem em interferências no curso do rio, como a implantação de pontos de atracagem para barcos e implantação de novos sistemas de telemetria e vazões afluentes.
Projeto Tietê
O projeto Tietê está em andamento e também beneficia o rio Pinheiros. Desde o seu início, a mancha de poluição do rio Tietê diminuiu de 530 km para 122 km, uma redução de 77%. Os dados são auditados pela SOS Mata Atlântica. Com investimento de US$ 3 bilhões no projeto, mais de 10 milhões de paulistas passaram a ter coleta e tratamento de esgoto. A coleta passou de 70% para 87%, e o tratamento, de 24% para 70%. Neste ano, houve o desassoreamento de 85 quilômetros ao longo do rio.