“O Plato buscará por exoplanetas, isto é, planetas fora do sistema solar, pelo método dos trânsitos, mas o fará com muito mais precisão que os experimentos anteriores desse tipo, como os satélites Most e CoRoT, e a sonda espacial Kepler”, explica Pacheco. “A busca será feita por um satélite com um conjunto de cerca de 30 telescópios – o CoRoT, por exemplo, tinha apenas um telescópio – o que permitirá obter imagens mais precisas das estrelas e detectar variações de luz”.
A missão irá monitorar aproximadamente um milhão de estrelas. O método dos trânsitos consiste em procurar pequenas variações regulares de intensidade em seu brilho que seriam causadas pela passagem de planetas em suas órbitas (eclipses). “A busca terá ênfase em planetas do tipo terrestre, ou seja, planetas rochosos como a Terra, onde há possibilidade da existência de vida”, conta o professor, “orbitando estrelas semelhantes ao Sol, em sua zona habitável, isto é, em distâncias da estrela que possibilitem a existência de água líquida na superfície do planeta”.
O projeto também será capaz de detectar atividades sísmicas em algumas dessas estrelas (sismologia estelar), que servirão para determinar suas massas, tamanhos e idades. Essas informações ajudarão a compreender melhor cada sistema planetário.
Contribuições
Diversos centros de pesquisa brasileiros já colaboram com a missão Plato, com contribuições científicas e de engenharia (software e hardware). “Com isso, teremos acesso aos dados do satélite, num regime de compartilhamento com os outros países que fazem parte do projeto”, afirmou Janot.
“Na parte de engenharia, pesquisadores brasileiros desenvolvem o software de controle do satélite. Um grupo do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (Grande São Paulo), constrói uma réplica dos componentes que fazem a leitura das imagens captadas para os telescópios, de forma a poder de resolver problemas de funcionamento em terra quando o satélite estiver em órbita”.
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Na área científica, os cientistas de diversas instituições do Brasil participam das comissões responsáveis pelas previsões e observações preliminares do Plato, e com o lançamento do satélite, das observações em solo que complementarão a observação no espaço. “O IAG pesquisa os exoplanetas e sua habitabilidade”, diz Janot. “Além disso, também são feitos estudos de sismologia estelar [estudo da estrutura interna de estrelas pulsantes], fundamentais para determinar o tamanho das estrelas, e dos planetas que orbitam em torno delas. Os planetas rochosos, similares à Terra, que podem abrigar formas de vida, são menores que os planetas gasosos, que têm menos chances de serem habitáveis.”
Mais informações: (11) 3091-2779; e-mail [email protected], com o professor Eduardo Janot Pacheco
(Jornal da USP/Envolverde)