Bolsonaro está certo. Deus está no comando. Mas essa força divina não está lá no alto, olhando-nos aqui embaixo como seres pequeninos. Ela vive em tudo e em todos. E ele, que se proclama messias, sabe bem disso. Ao descobrir nosso deus interior, nos tornamos poderosos. Já não esperamos que a salvação venha de fora. Nos tornamos nosso próprio grande mestre, consolador e amparador. E quando isso acontece, meus amigos, não há sistemas autoritários que se mantenham de pé.
Este mestre interior sempre esteve lá. Chame-o como quiser: alma, eu crístico, eu superior, consciência. Quando ele desperta, nos sentimos inteiros. Nossos corações sabem o caminho a seguir. Sentimos paz. Quando foi a última vez que você ouviu seu coração? Não é fácil escutá-lo. Há muito ruído lá fora. Os sistemas autoritários precisam de barulho. Os excessos nos entorpecem, nos desalinham.
Já reparou como de repente tudo parece em demasiado? O turbilhão de informações, a enxurrada de escândalos, as atitudes exageradas e aparentemente incoerentes? Tudo propositalmente pensado para nos manter anestesiados, para esvaziar nosso poder de ação e a esperança de dias melhores. Os falsos messias oprimem a alma. E quando a alma é silenciada, só resta o vazio. Um vazio que dói, que traz angústia, raiva e uma surda revolta íntima. No vazio mora o Medo.
Possivelmente desde pequeno você tem a sensação de que há algo errado com o mundo. Ou se o problema não é o mundo, então o problema é você. O sentimento de inadequação sempre esteve ali. Nossos pais, avós e antepassados já foram crianças um dia e também se sentiram assim. Fantasiaram um mundo que fazia sentido para eles e buscaram por todos os meios encaixar os filhos nessa realidade pessoal e socialmente compartilhada.
Mas isso tem um preço: o emudecimento de partes da outra pessoa. E então crescemos desvairados pela vida em busca de preenchimento para nossas zonas mortas. E há muita oferta lá fora. O catálogo de opções transborda soluções imediatas para todos os tipos de faltas. Você pode conquistar títulos, cargos e um emprego dos sonhos, comprar de tudo, de A a Z, ou adorar algo ou alguém. A fábrica de desejos é infinita, assim como o vazio e o medo. Quando um buraco negro se forma, ele continua a crescer absorvendo toda a massa ao redor…
Alma oprimida e falsos desejos alimentam o maior e mais bem sucedido sistema de crenças que a humanidade já criou: o Capitalismo. Ele é o espelho do predador que existe em nós e nos outros, aquele vazio voraz e avassalador. Os sistemas opressores se alimentam das inseguranças das crianças feridas. Crianças feridas tornam-se adultos opressores ou oprimidos, dois lados do mesmo espectro que habitam em cada um de nós. Crianças feridas são um buraco negro e a Terra e tudo que nela existe são sua loja de brinquedo. Meus amigos, a criança ferida é um tirano insaciável. O Capitalismo seu Playground.
O Mito da Caverna, de Platão, e Matrix, o filme, nunca fizeram tanto sentido como agora. Está tudo na mente.
Criamos e absorvemos amarras internas que nos mantém algemados a relações que mais machucam do que confortam, a expectativas pessoais baseadas em sentimentos de falta, a uma realidade organizada em torno da insegurança. E nos deixamos ficar aí, como passageiros da própria vida, aprisionados num mundo cheio de prazeres e conforto. É fácil entender esse movimento. Afinal, o mundo que se apresenta é um ambiente conhecido, que supre nossas carências com dinheiro. Moeda, canta Criolo é religião que alicia.
Todos queremos fugir da dor e do abandono. Todos queremos uma vida feliz e saudável. Tudo perfeitamente natural e humano. Mas escolhemos a pílula errada para solucionar nossos problemas. E assim seguimos confortavelmente adormecidos. Dor conhecida também conforta.
Chegou a hora de despertar
Silenciemos nossas mentes. Respiremos fundo, lentamente. Sintamos nossos corações. O que ele está nos dizendo? Esta é a nossa única verdade, e ela nos libertará. Deixemos nossas almas pulsar, deixemo-nos levar, entregues ao presente. Presente no momento. Levemos as mãos ao peito, sintamos os batimentos de nossos corações. Tum…tum…tum…tum…tum…tum…Ele tem um ritmo próprio. Aceite-o, respeite-o.
E agora Curemos nossos complexos, preenchamos nossos vazios, aqueles espaços emudecidos que nos aprisionaram em relações de projeções e espelhamentos. Sintamos o amor imenso que existe em nós. Ele é nosso, todo nosso, inteiramente nosso. Ele nos habita. Resgate-o. Ame a si próprio. Honre a si mesmo. Honre os que vieram antes de ti. Perdoe. Os nós vitais devem ser respeitados, mas é preciso cortar os grilhões. Clarisse dizia que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si próprio e se dar aos outros e às circunstâncias.
E então, curados e perdoados, sentiremos o Amor possível. E, aos poucos, esse amor se expande para fora de você, em direção às outras pessoas e ao mundo. A nossa cura é a cura do outro. O plasma das relações. Ouvimos ressoar a maior lei universal que existe: viva e deixe viver. Simples assim. Viver e deixar viver. E então uma nova vida se manifestará. Poderemos até querer retornar ao conforto do nosso “antigo eu” e ao nosso “antigo mundo”, mas é isso mesmo que desejamos?
Não tem como seguirmos saudáveis em um Planeta doente, nem buscarmos riquezas desenfreadas em um mundo tão desigual. A Terra e a humanidade estão na UTI. Deixamos de viver plenamente e aprisionamos o Planeta, coisas e pessoas. Agora, o feitiço vira-se contra o feiticeiro. O mágico de Oz revela seu rosto. Aprisionados, somos forçosamente convidados a resgatar valores essenciais. Justiça entre humanos, o bem comum nas presentes e futuras gerações, “igualdade radical”, humildade enquanto espécie.
É hora de curar. E o grande despertar já começou. O Covid 19 é um convite para a emancipação. No retorno ao lar, silenciamos os ruídos externos que por tanto tempo nos mantiveram entorpecidos, massacrando nossa criança interior, nos transformando em adultos incompletos. O retorno ao lar evidencia os ruídos internos que nos mantém prisioneiros de nós mesmos. É aí que a escuridão é selvagem. Não brigue com este sentimento, aceite. Está tudo bem.
Apenas silencie. Apenas viva e deixe viver. Deixe-se estar em simplicidade voluntária, em humilde reverência à vida. É lindo, já reparou? Já reparou como os pássaros cantam felizes como nunca? E os animais correm destemidos pelas grandes cidades? Ou como o céu, outrora cinza, e o ar, outrora poluído, ganham novos matizes e leveza? Sente aroma do verde das árvores? A sensação de paz e acolhimento? A Natureza revive e nos conforta.
E assim despertamos de um sono profundo para uma nova consciência: a consciência ecológica. A vida boa que tanto perseguimos aqui na Terra não será alcançada por meio da busca pelo interesse próprio e produção predatória de bens e serviços.
Enquanto você lê este texto, no conforto da sua casa com seu aparelho celular, há milhares de pessoas no mundo que ainda vivem em privação. Falta-lhes o básico: água limpa e segura para beber, lavar e cozinhar; eletricidade para iluminar tarefas, estudar e edificar saberes; alimento para aplacar-lhes a fome e um pedaço de terra para dar-lhes raízes e sustentação.
E o mais importante, falta amor para acalentá-las. Os marginalizados também são crianças. São crianças desnudas, que andam com os pés descalçados sem rumo, sem esperança pela vida. Carregam o fardo dos homens que vivem em castelos de luxo. Carregam as chagas dos esquecidos, historicamente desumanizados. Nós, que vivemos adormecidos, os colocamos lá.
O mundo só florescerá quando cada ser humano tiver acesso ao básico, ao mínimo para uma vida digna. E, sim, é possível prosperar sem destruir o Planeta. Prosperar não é acumular, mas garantir condições básicas para o florescimento das potencialidades humanas. É bem estar social acima do PIB.
Vamos de uma vez por todas despertar para o amor! O amor, meus irmãos, se apresenta, muitas vezes, como uma simples mão amiga. O amor é nossa bússola e nossa casa. E ele é justíssimo, dá paz aos tristes e conforto aos desalentados da sorte. O amor e o bem devem ser a flor e o fruto, que o céu nos pede, e que acalenta a todas as crianças. E mesmo aqueles que nada têm ainda possuem o coração a dar.
E quem acha que nem isso possui, está na hora de se reconectar com sua criança interior. Antes de ser corrompida e corromper, nossa criança interior corria solta, leve a amorosa pela vida. Ela subia em árvores, contava formigas, encantava o mundo com sua imaginação. Ela não tinha medo. Era parte do todo. Integrada. Íntegra. Nada de brinquedo pronto ou eletrônicos viciantes. A natureza era sua escola. Ela, seu próprio Deus.
Então Bolsonaro tem razão. Deus está no comando.
Esse deus somos nós em comunhão com a natureza. Páreas do útero da Terra. Seres terrestres. Vejam os povos indígenas e comunidades tradicionais, como vivem em harmonia com seu entorno. Eles são os verdadeiros povos emancipados, as crianças curadas. A Natureza é seu pai e mãe.
O meio ambiente (ou “meu, seu, deles”) é um sistema curativo e regenerador. Absolutamente generoso, tudo dá sem nada pedir em troca. A Terra é autocurativa, e ela está no comando: ou nos integramos a ela ou em breve seremos desintegrados. ELA nos permite florescer como bem quisermos — ou nos destruirmos, se assim desejarmos. A escolha é nossa.
Gastamos fortunas procurando vida em outros planetas, enquanto ceifamos sem dó as formas de vida mais belas e puras que existem por aqui em apetite desmedido. Somos teias interdependentes. Uma parte de nós vive no todo, uma parte do todo vive em nós. Para acessarmos essa consciência, precisamos nos despir do medo. Remover nossas máscaras interiores. Trazer a baixo os muros que erguemos na nossa caminhada. O Capitalismo levanta muros ao invés de construir pontes. Precisamos de mais pontes. Precisamos nos emancipar como indivíduos e espécie. Aprender a bailar a dança universal. Vida e morte. Morte e vida. O ritmo da Terra, e o nosso próprio relógio interno. Somos eternos finais e recomeços. O que você quer deixar morrer em você? O que quer fazer brotar?
A Nossa Revolução será pelo Amor. A diferença que a gente faz está no amor que a gente planta. Que sejamos capazes de escancarar nossas janelas e nos libertar da dualidade.
Cuidemos de nossas plantas, espalhemos nossas sementes. Floresçamos o Amor. Cultivemo-nos. E, assim, nos regeneraremos, unidos, mais conectados e humanizados para a nova vida. Livre de amarras, livre de preconceitos, livre de autoridades opressoras, incluindo a nossa própria. Os vergalhões da Nova Era serão feitos de puro Amor.
E o amor é divino, plural e multicolorido. Que ouçamos essa verdade em nós e sigamos confiantes. Nossos corações sabem o caminho a seguir. Mas também devemos encontrar a coragem para agir. Tudo exige movimento. Transmutação. Não importa tão profunda pareça escuridão, façamo-nos luz. O caminho se faz caminhando. Sejamos gratos pelo dia de hoje. Sempre é tempo de mudar e recomeçar. Isso também vai passar. O risco está nos olhos de quem vê. Conhece-te a ti mesmo e vá em frente. Ahow! Nossos filh@s e netxs agradecerão.
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Crédito da imagem: Alex84/Istockphoto