Sociedade

O papel das escolas na formação consumidores mais sensíveis e conscientes

A arte é uma forma de interpretar e representar a realidade, um movimento na dialética da relação do homem com o mundo exterior, e nada melhor que ela comece a fazer parte do dia a dia das crianças desde a Educação Infantil. E esse movimento de unir o desenvolvimento do pensamento e das habilidades artísticas com, por exemplo, a questão da sustentabilidade, do consumo consciente e da sensibilização e respeito à natureza como um item essencial para a vida saudável no nosso planeta, cada vez mais, utilizando formas e conteúdos criativos, está presente no currículo das escolas.

Para o diretor geral do Colégio Miguel de Cervantes, Jorge Berné, “precisamos ensinar as crianças e os adolescentes a renovarem seus hábitos e repensarem a cultura de consumo, buscando sempre alternativas renováveis e limpas, garantindo assim a preservação dos nossos recursos naturais. E essa é uma discussão e um exercício que precisam ser constantes no dia a dia da nossa comunidade e nos currículos das nossas escolas, desde as fases iniciais do ensino”.

Combinar arte e sustentabilidade é possibilitar trabalhar as habilidades de percepção e de imaginação com a criatividade dos alunos, e deve ter como objetivo final permitir que cada criança e adolescente tenha um olhar e um pensar reflexivo e crítico sobre as construções sociais ao seu redor.

Como explica o professor Fábio Nogueira, do Departamento de Artes do Colégio Miguel de Cervantes, “precisamos ter práticas contínuas e elas podem começar pelo aproveitamento de sobras de materiais como papéis, cartolinas, pastas, cartões, enfim sempre é possível reaproveitar esses materiais para várias produções artísticas”. Ele também destaca a ação de realizar compras de material coletivo, que poderá ser utilizado em várias disciplinas e que permite assim ter um custo baixo e ao mesmo tempo um ganho por ter um consumo específico.

Promover eventos como feiras, exposições e mostras que destaquem a sustentabilidade a partir do viés da arte, também é uma estratégia que ganha cada vez mais espaço nas escolas, pois o tema sustentabilidade é transversal e pode ser trabalhado na maioria das disciplinas do currículo escolar. Dessa forma, a reciclagem de materiais se torna uma opção sempre presente para se começar a criar nas crianças a mentalidade da preservação e reutilização.

No ambiente escolar, essas atividades artísticas, criativas e lúdicas não se limitam à pintura em cartolinas ou em cavaletes ao ar livre, da própria natureza, com os alunos transformando plantas e árvores em telas ou desenhos, mas em oficinas de marcadores de páginas a partir de dobraduras; na construção de massinhas a partir de pigmentos da natureza; na contação de histórias sobre o meio ambiente que terminam com a confecção de personagens a partir de sucatas e materiais reutilizáveis ou até na construção de pequenas composteiras domésticas para transformar os resíduos orgânicos em fertilizantes ou transformar o que já era lixo na construção de instrumentos musicais que podem trazer novas possibilidades sonoras.

“Com as crianças do Ensino Fundamental II, por exemplo, na disciplina de Matemática, os alunos trabalham com dobraduras nas aulas de Geometria, e a partir delas eles conseguem entender melhor as propriedades e as relações entre as formas, as simetrias, os ângulos e suas congruências, e para realizar essa tarefa, eles trazem de casa bolsas e sacolas de papel kraft para serem reaproveitadas”, exemplifica o professor Joan Miró Ortega, responsável pelo Grupo de Sustentabilidade do Colégio Miguel de Cervantes.

Combinar arte e sustentabilidade nas escolas é muitas vezes, de forma lúdica, poder mais fácil e rapidamente, sensibilizar os alunos e suas famílias sobre a responsabilidade ética de cuidar do planeta como um todo, reconhecendo quais são os elementos, atitudes e comportamentos prejudiciais à natureza que devemos mudar.