Por Ana Huara Capriles e Rudá Capriles, ECO 21 –
Dez de Maio de 2021: dia em que René Capriles, aos 76 anos, despediu-se de nós.
Um ser humano intenso, criativo e visionário. Alguém além do seu tempo. Ele inspirava cultura, música, história, política e bom humor.
Viveu a primeira infância num mundo onde televisão, internet e fotografias coloridas ainda não existiam. Na Amazônia Boliviana, em Rurrenabaque, percebeu que era apenas mais um ser vivo dentro deste complexo sistema-Terra, a Pachamama. Sua trajetória jornalística começou no jornal boliviano El Diario, se graduou em Jornalismo pela Universidad de Mar del Plata, na Argentina.
Tinha o dom da comunicação, se virava em várias línguas e linguagens. Teatro, dança, cinema… Teve o privilégio de trabalhar com o intelectual Antônio Houaiss e dissertar sobre cinema latino americano na excepcional Enciclopédia Mirador.
Em Ipanema, meados dos anos 70, participou da criação do “Muro” sua primeira livraria. Posteriormente inaugurou em Copacabana, a Livraria Carlitos. Sob a pesada censura da ditadura militar chegou a ser preso por vender livros sobre Cubismo. Fato que depois renderia muitas risadas, pois evidentemente os agentes que o conduziram não conheciam o movimento artístico vanguardista iniciado por Pablo Picasso e Georges Braque. Com a venda da livraria, continuou atuando como correspondente estrangeiro e trabalhou em diversos países como Argentina, Costa Rica, Panamá, Brasil, França, Itália, Rússia…
Foi Presidente em duas gestões (1989-1991) da Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil – ACIE. Como tradutor, legendou para a língua espanhola mais de 500 filmes brasileiros. Foi autor e coautor em diversos livros, com destaque para “Anton Makarenko: Introdução à Pedagogia Socialista”.
Em 1990, se preparando para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92, juntamente com mais dois amigos criou a primeira revista brasileira de informação ambiental, a ECO-RIO. Na época foi muito ousado já que esta temática não era nada popular: a sociedade em geral nunca tinha ouvido falar em mudança climática.
Como editor da publicação, René foi pioneiro em divulgar artigos de especialistas do mundo todo. A partir de 1992 os sócios saem de cena para a entrada de Lúcia Chayb, companheira e esposa que esteve ao seu lado até o fim. Em 1999 a ECO-RIO muda de nome e passa a se chamar ECO 21, fazendo alusão a Agenda 21 e ao novo século que estava por vir.
A publicação atravessou várias mudanças acompanhando os anos e o avanço tecnológico. Com o advento da internet, a ECO 21 digitalizou-se, nascendo assim um site de acesso gratuito com o objetivo de difundir informação. Ao longo de sua trajetória René Capriles plantou as sementes da Ecologia, seja através da ECO 21 ou com atitudes cotidianas, chamando a atenção para a responsabilidade do cidadão enquanto consumidor consciente e das empresas como geradoras de resíduos. A chama de sua vida se apagou, mas o seu legado nunca morrerá!
Gaia Viverá!
#Envolverde