Sociedade

Pesquisa aponta que contato com a natureza ajudou crianças a passarem pela pandemia com mais saúde e bem estar

Estudo idealizado pelo programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, mostra que 75% das famílias querem aumentar o contato com a natureza no pós-pandemia

A pandemia agravou o déficit de natureza das crianças, que já era grande, principalmente nos centros urbanos. Crianças e adolescentes ficaram ainda mais confinados. Como essa falta de contato com espaços ao ar livre afetou as crianças? E de que modo retomar o vínculo com a natureza pode ajudá-las a restaurar os danos da pandemia? É o que investiga a pesquisa inédita “O papel da natureza para a saúde das crianças no pós-pandemia”, que entrevistou famílias em todo o Brasil.
Idealizada pelo programa Criança e Natureza, em parceria com a Fundação Bernard Van Leer e o WWF-Brasil, o estudo foi realizado pela Rede Conhecimento Social, utilizando duas abordagens metodológicas: uma quantitativa, via questionário, com 1000 pessoas (pais, mães ou cuidadores e crianças de até 12 anos). E outra qualitativa, que contou com a participação de 10 famílias.
O estudo mostra que, antes da pandemia, cerca de 71% das crianças tinham a oportunidade de brincar ao ar livre até uma vez por semana. Durante a pandemia, esse número caiu consideravelmente, para 45%. As famílias identificaram que o isolamento e a falta de contato com a natureza levou a um conjunto de efeitos negativos: 24% delas disseram que houve aumento de problemas físicos, como obesidade e falta de vitaminas, por exemplo, e 60% declararam que aumentou o uso de equipamentos eletrônicos pelas crianças.
As famílias sentiram a falta que o contato com a natureza fez e perceberam os benefícios que esse contato trouxe para as crianças quando foi possível propiciar isso a elas: 81% relatou que o contato com a natureza permitiu que as crianças passassem pela pandemia com mais saúde e bem-estar; 93% disseram que os pequenos ficam mais felizes e ativos física e mentalmente quando estão ao ar livre; 88% notaram que as crianças dormem mais e melhor quando brincam ao ar livre e 85% disseram que as crianças ficam menos estressadas e ansiosas.
À medida que a reabertura acontece, o estudo revela que as famílias buscam aumentar esse contato com a natureza: 75% pretendem levar as crianças mais vezes a espaços públicos, como praças e parques. Mas, independentemente da pandemia, o grupo relatou dificuldades para acessar espaços verdes: 42% não têm uma área verde adequada próximo de sua casa; 33% cita a falta de segurança e/ou limpeza dos locais; 32% menciona falta de tempo e 20% fala do custo envolvido nesses passeios. Ainda de acordo com a pesquisa, a experiência da pandemia trouxe uma preocupação maior com a conservação da natureza e sua importância para a qualidade de vida: 64% das famílias passaram a valorizar mais a conservação da natureza; e 59% passaram a pensar mais sobre a importância de ter áreas verdes na cidade.
“As famílias notaram com mais nitidez os benefícios que o contato com a natureza traz para as crianças e querem ampliar isso. Derrubar as barreiras e apontar caminhos para que haja cada vez mais crianças na natureza e mais natureza para as crianças é uma tarefa sistêmica, que cabe a todos: famílias, profissionais de saúde, educadores e, principalmente, gestores públicos e urbanistas, no sentido de criar, manter e distribuir equitativamente áreas verdes pelas cidades”, destaca JP Amaral, coordenador do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) corrobora com a ideia e lançou recentemente a nota de alerta “O papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e adolescentes durante e após a pandemia de covid-19”, na qual destaca que oferecer mais natureza às crianças pode servir como estratégia para a redução dos danos causados pela pandemia. O documento traz recomendações tanto para as famílias quanto para os pediatras.
Para somar conhecimento sobre esse tema, junto com a pesquisa também será lançado um mini documentário dedicado a falar sobre o contato com a natureza para as crianças pequenas, de 0 a 6 anos, a chamada primeira infância. O projeto é um recorte inédito do documentário “O Começo da Vida 2 – Lá Fora”, uma iniciativa que conta com o apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. O mini documentário estará disponível no YouTube do Instituto Alana, de forma aberta e gratuita, a partir do dia 29/11. Clique aqui.
Sobre o Instituto Alana
Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão “honrar a criança”.
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