Sociedade

Plataforma virtual gratuita propõe soluções para educação

Por Redação da Envolverde*

As escolas, muitas vezes, sentem falta de soluções inovadoras para o dia a dia do professor na sala de aula. Para facilitar essa busca, a plataforma gratuita Apreender possibilita que o educador conheça diversas propostas e escolha a que melhor se adequa às suas necessidades.

“A ideia é apresentar ao educador tecnologias para engajar e promover a aprendizagem dos seus alunos, ou que possam contribuir para melhorar a gestão escolar”, explica Ana Flávia Castro, do Instituto Inspirare, que gerencia a plataforma. “Na Apreender, ele vai encontrar recursos digitais para incrementar sua prática pedagógica e poderá também avaliar esses recursos”.

A plataforma sugere a conexão entre os desenvolvedores e educadores e teve essa nova funcionalidade criada a partir de workshops com vários educadores, como Adriana Cury Sonnewend, diretora da escola Santi, de São Paulo. Para ela, “ninguém melhor do que alunos e professores para saber dos problemas que precisam ser solucionados”. Ainda segundo Adriana, as soluções tecnológicas criadas pelos empreendedores precisam ser validadas pelo professor, já que cabe a eles decidir com que propósito usá-las.

A empreendedora Regina Céli Steurer, co-fundadora do projeto Âncora, concorda: “Será que o sonho do empreendedor é o mesmo sonho da família, do aluno e da escola? Quem pode realmente dizer o que a solução resolve é o dia-a-dia da sala de aula”, completa.

Além de apresentar uma lista de soluções com filtros e orientações que podem ajudar a escolha do educador, a Apreender sugere a avaliação e validação das soluções pelos profissionais da área. “Essa avaliação é fundamental para que projetos inovadores estejam alinhados com problemas reais no processo de aprendizagem. Mais do que isso, a avaliação e validação desses atores-chave também podem inspirar outros educadores a contribuir, testar e aperfeiçoar as soluções.”, diz Ana Flávia, do Inspirare.

Qualidade no sertão

Experiências de novas práticas pedagógicas que o Instituto Inspirare apoia norteiam o trabalho da Apreender e visam impactos mensuráveis na qualidade da aprendizagem e da performance dos alunos.

Na pequena São Miguel dos Campos, a 70 quilômetros de Maceió, o Inspirare apoiou a iniciativas de startups educacionais, como a Meu Tutor, que, em 2015, criou um software e o implantou em oito escolas municipais. A ferramenta auxiliou cerca de 800 alunos na aprendizagem de português e matemática com o objetivo de prepará-los para a Prova Brasil, realizada pelo Ministério da Educação, em novembro passado.

Para motivá-los, o software continha elementos de jogos para a resolução das questões, como pontuação, níveis, troféus e rankings. Além disso, poderia ser utilizado não apenas nos laboratórios das escolas, mas em qualquer telefone celular com tecnologia 3G.

O diretor executivo da Meu Tutor, Endhe Elias, destaca ainda, como fundamental para o sucesso dessa etapa do projeto, o engajamento dos 22 professores das escolas envolvidas. Para eles, o software oferece exercícios simulados, planos de aulas, provas e acesso a vídeo-aulas. Além das reuniões presenciais entre a equipe da startup e os docentes, há um grupo no whatsapp para tirar dúvidas. Para acompanhar o desempenho dos alunos, os professores recebem em tempo real relatórios de aprendizagem. Os resultados também foram disponibilizados para a direção das escolas e para a secretaria de Educação do município.

Além disso, o simuladão “Maratona Prova Brasil”, realizado nas oito escolas, 15 dias antes do exame federal, com prêmios que incluíam tablets para os cinco melhores alunos e os cinco professores mais engajados, também serviu de estímulo.

“Toda essa estratégia deu certo”, diz Elias. Segundo ele, a média de aprendizagem dos alunos dentro da plataforma foi de 40,8% num universo de 80 mil resoluções de questões. Agora, é aguardar o resultado da Prova Brasil, que deve ser divulgado no segundo semestre.

Tecnologia + Matemática

Professor de matemática na escola Rui Palmeira, em São Miguel dos Campos, Edmildo Duarte vem trabalhando com o software da Meu Tutor desde 2015, quando a turma do 9º ano se preparou para a Prova Brasil. Este ano, ele já começou o trabalho com a turma do 8º ano, que fará a edição de 2017 do mesmo exame.

Além de prepará-los para o exame, o software, na avaliação do professor, também aproxima o adolescente da matemática. “A plataforma é gamificada (referência abrasileirada à estética dos games) e, hoje, todo jovem gosta de games porque leva a uma competição”, diz Edmildo. “A gente passa atividades e fica monitorando. Eram 40 ou 80 questões por cada um das 37 habilidades desenvolvidas em relação à Prova Brasil. Em pouco tempo, todas estavam resolvidas, os alunos cobraram outras e isso foi atendido pela Meu Tutor, que elaborou novas questões. A galera vai arrochando nos estudos”, comemora Edmildo, usando o termo nordestino para definir o empenho e a disciplina verificada nos estudantes.

Para o professor, a plataforma resgata, automaticamente, o aluno para a matemática. Ele passa a ver a tecnologia como algo que lhe possibilita um novo ambiente. Hoje em dia, é praticamente impossível dizermos que só quadro e giz são suficientes para o ensino: a tecnologia é fundamental, porque os alunos não são os mesmos de dez anos atrás”.

Edmildo ressalta que o software também permite diagnosticar qual aluno está mais avançado do que outro. “Por exemplo: podemos perceber em qual das quatro operações básicas o aluno apresenta mais problemas e o grau dessa dificuldade. Com o diagnóstico preciso, já podemos propor uma solução”, afirma. Uma das soluções que a escola Rui Palmeira tem para esses casos estimula o protagonismo: é o projeto Aluno Monitor, em que os colegas que precisam recebem suporte daqueles que vão melhor em alguma disciplina.

Outra vantagem, para Edmildo, é a liberdade para o aluno fazer os exercícios de acordo com seu tempo. Por que a liberdade de horário é importante? Para Edmildo, é simples: o aluno precisa encarar o estudo com prazer e, às vezes, a rigidez da grade escolar não permite isso. “Em matemática, é preciso muita concentração. Pode acontecer de, naquele dia, o aluno estar doente e não conseguir se concentrar na aula. Sem estar bem, ele não vai assimilar aquele conteúdo; mas conseguirá num outro horário”, afirma.

Edmildo explica que a dinâmica da aprendizagem divide-se entre o laboratório do colégio e o horário livre do aluno, que pode resolver as questões on line, no seu computador doméstico, em alguma lan house ou mesmo no celular. (#Envolverde)

* Com informações do Instituto Inspirare.