O “Desafio da Baleia Azul” começa a partir de um convite enviado pelas redes sociais (WhatsApp ou Facebook) por um administrador ou curador, nome dado aos organizadores do jogo. Uma vez aceito o desafio, começam as trocas de mensagens com tarefas que devem ser cumpridas pelo jogador.
A partir desse momento, o participante é coibido a não desistir do jogo sob pena de punições a si próprio e aos familiares e amigos, já que os organizadores têm acesso aos seus dados pessoais.
Ao todo, são 50 desafios sendo o último o suicídio. Há outras tarefas que consideram por exemplo, assistir filmes deprimentes e de terror durante a madrugada, estimulando sentimentos de menos valia e a depressão. Os jogadores recebem o desafio do dia às 4h20. Sequencialmente, eles se tornam mais perigosos, inserem técnicas como a automutilação e estimulam a privação do sono, simulando etapas preparatórias para o objetivo final.
Nos perguntamos por que muitos adolescentes se expõem aos riscos? Como conseguem driblar a vigilância paterna?
É sabido que a fase adolescente está ligada à busca de identidade pessoal e, muitas vezes, os jovens sentem-se melancólicos e solitários. Eles estão num momento precioso de buscas de novos referenciais e, pertencer a um grupo, passa a ter importância fundamental.
Temos observado que, cada vez mais, as pessoas têm se utilizado dos recursos tecnológicos e de seus benefícios. No entanto, os filhos, sobretudo os menores de idade, carecem de supervisão paterna frequente.
Na medida em que os próprios adultos se mantém conectados aos aparelhos é comum surgir a dificuldade de estabelecer limites às crianças e adolescentes, inclusive no que diz respeito ao cumprimento das atividades de rotina. Frente a este cenário, as relações familiares se tornam superficiais, distanciadas.
O “Desafio da Baleia Azul” sugere reflexões e ações por parte de pais e educadores para:
- Atentar às mudanças no comportamento dos jovens, dentre eles mudanças nos hábitos de rotina (alimentação, sono, vestuário, falta às aulas, isolamento) e no humor;
- Abrir espaço para o diálogo sobre diferentes assuntos;
- Acolher, ouvir o que o adolescente tem a falar sobre si, sobre seu mundo de relações e incertezas;
- Orientá-lo acerca dos riscos do uso de jogos que podem colocar sua vida em risco;
- Estimulá-lo e valorizar suas competências e interesses genuínos;
- Estabelecer limites de forma coerente e consistente.
Sylvia van Enck Meira: Psicóloga Clínica. Mestre em Psicologia Clínica. Especialista em Terapia Familiar e de Casais. Terapeuta Comunitária. Psicóloga do Ambulatório dos Transtornos do Impulso no Programa de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP.
(Carta Educação/Envolverde)