Governos de todo o mundo precisam assumir o enfrentamento da poluição do ar: combatê-la teria impacto positivo na saúde, nas economias, no trânsito e no enfrentamento da mudança do clima
Médicos e profissionais de saúde de todo o mundo lançam em 10 cidades de quatro continentes a campanha Cidades sem Máscara (Unmask my City), que visa combater a poluição do ar nas cidades. Metrópoles na China e na Índia aparecem com frequência nas manchetes dos jornais devido aos altos índices de poluição do ar, mas este é um problema que afeta a grande maioria da população em diversas cidades e é responsável por uma em cada nove mortes no planeta. Em todo o mundo, 92% das pessoas vivem em locais que não atendem às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para qualidade do ar.
Para Jeni Miller, Diretora Executiva da Global Climate and Health Alliance, “os profissionais de saúde reconhecem a ameaça que a poluição do ar representa para seus pacientes e sentem a responsabilidade de falar sobre isso. A poluição do ar urbano está se intensificando em muitos lugares, e seu efeito sobre a saúde humana e sobre a mudança do clima global é também pior do que se sabia anteriormente. Ao transformar os sistemas de transporte e energia em nossas cidades, podemos ajudar a alcançar um clima seguro e melhorar a saúde pública, construir economias mais fortes e melhorar a qualidade de vida de maneira que todos se beneficiem”.
De Londres a São Paulo, de Istambul a Salt Lake City, de Varsóvia a Chennai, é inegável que cidadãos são regularmente expostos a níveis altamente nocivos de poluição do ar. Nessas e em muitas outras cidades, os limites estabelecidos para poluição do ar excedem significativamente os níveis considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde.
Cidades sem Máscara está mobilizando o setor da saúde, pela primeira vez em nível global, pelo cumprimento dos padrões da OMS para qualidade do ar até 2030, estimulando as cidades a adotarem medidas efetivas para redução da poluição do ar até 2020. Essas medidas também contribuem para o combate à outra seríssima ameaça à saúde pública, o aquecimento global. É nas cidades em que são decididas, por exemplo, as políticas de transporte e mobilidade urbana, por isso elas oferecem as melhores oportunidades de se melhorar a qualidade do ar e mitigar os fatores de mudança climática.
Em São Paulo, a poluição atmosférica é causada principalmente pela queima de combustíveis fósseis nos meios de transporte e é responsável por cerca de 4 mil óbitos por ano. São cinco milhões de automóveis em circulação na cidade movidos a álcool ou gasolina. Além disso, quase toda a frota de ônibus, bem como os caminhões utilizados nos principais sistemas de distribuição da cidade de São Paulo (alimentos, gás de cozinha, transporte de mercadorias, entre outros) dependem do óleo diesel, contribuindo significativamente para o aumento da poluição por MP 2,5, o material particulado fino em suspensão no ar, capaz de atingir as regiões mais profundas do sistema respiratório.
Para Vital Ribeiro, Presidente do Conselho do Projeto Hospitais Saudáveis, ONG que coordena a São Paulo sem Máscara “a campanha no Brasil vai promover o debate sobre possíveis soluções para a poluição do ar na cidade de São Paulo, com destaque para os impactos sociais e sobre o sistema de saúde”. Vital esclarece que “medidas que reduzam as emissões de poluentes, sobre como a melhoria do transporte público, preferencialmente trilhos, movido a combustíveis limpos e renováveis, maior controle sobre as emissões de automóveis, ônibus e caminhões e melhoria das condições para locomoção por bicicleta ou a pé serão decisivas para a redução da poluição do ar e das emissões de gases de efeito estufa nas cidades”. Ele também ressalta “a importância da adoção dos padrões da OMS no sistema público de monitoramento e comunicação da qualidade do ar em um espaço de tempo compatível com a seriedade do problema pois, assim como no caso da mudança climática, sem aumentarmos nossa consciência sobre o problema da poluição do ar não conseguiremos atingir o nível de mobilização necessário ao seu enfrentamento”.
Cidades sem Máscara (Unmask My City)
Cidades Sem Máscara é uma iniciativa global que mobiliza os profissionais de saúde a demandarem a adoção de políticas e realizarem vários tipos de ações ao seu alcance para reduzir a poluição do ar, em apoio às metas da OMS por um ar saudável em cidades de todo o mundo até 2030. A iniciativa é o resultado de uma parceria entre a Global Climate and Health Alliance / Aliança Global para o Clima e a Saúde (GCHA); Health Care Without Harm / Saúde Sem Dano; Health and Environment Alliance / Aliança Saúde e Meio Ambiente; US Climate and Health Alliance / Aliança para o Clima e a Saúde dos EUA e UK Health Alliance for Climate Change / Aliança da Saúde para a Mudança Climática do Reino Unido. As cidades representadas pelas organizações parceiras incluem: São Paulo, Brasil; Chennai, Índia; Varsóvia, Polônia; Belgrado, Sérvia; Emalahleni, África do Sul; Adana, Hatay e Istambul, Turquia; Londres, Reino Unido; e Salt Lake City, Utah, Estados Unidos.
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