por Liliane Rocha, especial para a Envolverde –
Poxa, mas agora vou ter que me preocupar com isso também? É pessoal, ninguém falou que se preocupar em construir um mundo melhor e assumir a responsabilidade em ser parte ativa da sociedade que queremos sair do mundo dos sonhos para a realidade seria fácil. Por isso, nós estamos, cada vez mais, atrelando as perspectivas de gestão ambiental ao alimento que consumimos.
Pela Gestão Kairós, por exemplo, sempre que iniciamos parcerias para alavancar a gestão ambiental de grandes empresas, falamos de nutrição e vice e versa. E antecipo, nenhuma decisão é fácil, sem que tenhamos reunido um especialista ambiental, um especialista em nutrição e ainda um especialista ponderando impactos sociais em todos os processos avaliados.
Estou aqui chamando de pegada de alimentos a quantidade de emissões geradas, consumo de água, geração de resíduos, consumo de energia, e por que não, uso de agrotóxicos presentes nos processos dos mais variados alimentos que chegam a sua mesa, seja em casa, ou em um evento da empresa.
Vejamos, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), as atividades agrícolas e pecuárias consomem cerca de 70% de toda a água doce do mundo e, segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) é responsável por aproximadamente 25% das emissões de gases de efeito estufa do planeta. Apesar de trazerem benefícios em curto prazo, como por exemplo, o aumento da oferta de alimentos, alguns métodos de produção podem ser mais impactantes ao meio ambiente e à sociedade do que outros.
A atividade pecuária lidera a lista de trabalhos análogo ao escravo, conforme divulgado pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, há possíveis impactos à saúde pública, derivados da quantidade excessiva de traços de agrotóxicos presentes nos alimentos. E no âmbito ambiental a produção agrícola é frequentemente associada à poluição dos solos e água, uso de agrotóxicos, mudanças climáticas, desmatamento, a redução da biodiversidade, a erosão e a geração de resíduos.
Então surge a questão: Agora se eu quiser ser sustentável vou ter que virar vegetariano? Não é isso que estou dizendo. O importante é saber que cada decisão que tomamos no dia a dia deixa um reflexo mais positivo ou negativo no planeta. E que até a nossa alimentação poderá contribuir neste processo, principalmente se for mais equilibrada. Não significa, por exemplo, banir a carne vermelha das suas refeições em casa, ou dos eventos da empresa. Mas sim, ter um olhar equilibrado sobre o todo. E principalmente, mapear a origem – a cadeia de valor – dos alimentos que você consome.
A pressão individual e empresarial para que estes setores busquem métodos de produção que promovam o manejo agrícola mais sustentável é fundamental.
Liliane Rocha – É fundadora da Gestão Kairós – consultoria especializada em Sustentabilidade e Diversidade. Mestre em Políticas Públicas pela FGV, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Especialização em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, Mestre em Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Autora do livro “Como ser um líder inclusivo”. Mais informações sobre Liliane no site: www.gestaokairos.com.br