Por Osman Sharif, da IPS –
Casablanca, Marrocos, 13/4/2016 –Grão-de-bico, fava, lentilha, ervilha, feijão comum, feijão chinês… alguns dos principais cultivos de leguminosas do mundo podem ajudar a manter a saúde. Esses alimentos têm um papel especialmente importante nos sistemas sustentáveis de produção agrícola e para a segurança alimentar e nutricional nas terras áridas, que incluem mais de 40% da superfície terrestre e são o lar de aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas.
“Esses cultivos são o pilar da agricultura e da alimentação nessas regiões e constituem uma importante fonte de proteínas para milhares de milhões. Como a população está cada vez mais consciente de sua saúde, a demanda por leguminosas está aumentando”, afirmou o Centro Internacional de Pesquisas Agrícolas em Zonas Áridas (Icarda), ao anunciar a Conferência Internacional sobre Leguminosas para a Saúde, Nutrição e Agricultura Sustentável em Zonas Áridas, que acontecerá em Marrakesh, no Marrocos, entre os dias 18 e 20 deste mês.
No Ano Internacional das Leguminosas, a Conferência pretende sensibilizar os protagonistas da pesquisa e da indústria de leguminosas sobre as descobertas científicas mais recentes em matéria de saúde, nutrição e benefícios ambientais relativos à produção, ao processamento e ao consumo desses alimentos.Também espera-se que a ocasião ofereça uma plataforma para que os atores em questão, entre eles cientistas, políticos e empresários, analisem as diversas contribuições das leguminosas para a segurança alimentar e nutricional e para a saúde dos ecossistemas.
A Conferência “se centrará na Ásia central e ocidental e no norte da África e nela será elaborado um mapa do caminho para aumentar a produtividade e a rentabilidade dos plantios de leguminosas mediante a diversificação e intensificação dos sistemas de cultivo de cereais para a pecuária”, segundo o Icarda.A Conferência é organizada pelo marroquino Instituto Nacional para a Pesquisa da Agroeconomia, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e outras instituições nacionais e regionais.
As leguminosas são um ingrediente muito versátil na cozinha, seja como prato principal ou como acompanhamento. São o complemento perfeito até mesmo para o mais audacioso dos paladares. Mas, como ocorre com todo novo ingrediente, convencer as pessoas mais reticentes da família a provar essas ervilhas e lentilhas pode ser mais do que difícil.Por isso, a FAO apresenta algumas sugestões divertidas e criativas para que seus filhos e filhas se interessem pelo consumo de grãos.
O homus é um conhecido creme de grão-de-bico que agrada muitas crianças. Mas você sabia que pode ser feito com quase todo tipo de leguminosa? Para sua receita favorita de homusbasta substituir o grão-de-bico por lentilhas, por exemplo. Procure servi-lo com pão sírio torrado ou verduras cortadas, ou untado como sanduíche.Os hambúrgueres e as almôndegas também são um alimento que agrada muito os pequenos, e as lentilhas, os feijões ou uma mistura de ambos podem substituir a carne para fazer deliciosos hambúrgueres e almôndegas vegetarianos.
Muitas crianças odeiam a textura “mole e úmida” dos feijões. Isso pode ser evitado cozinhando grãos secos em lugar de enlatados, o que resulta em uma textura muito mais agradável ao paladar. Os feijões secos devem ser deixados de molho durante a noite antes de serem cozidos.Incentivar que meninos e meninas participem da elaboração das refeições pode despertar seu entusiasmo pelos pratos que ajudaram a criar. Leve-os ao mercado e deixe que escolham as leguminosas que querem comer.
Quando fizer hambúrguer vegetariano com leguminosas, permita que os pequenos ajudem a misturar o conteúdo e lhe dar forma. Também podem elaborar seus próprios tacos de feijão.Feijão, ervilha e lentilha podem ser distribuídos com facilidade no prato para criar diferentes desenhos, com carinhas felizes ou estrelas. Inclusive, as crianças podem desenhar seu próprio prato.
Uma boa nutrição é muito importante para o desenvolvimento físico e mental, e permite às pessoas atingirem seu máximo potencial, por exemplo, nos estudos e no trabalho, ressaltou Francesco Branca, diretor de Nutrição da Organização Mundial da Saúde (OMS), em uma entrevista.“Também ajuda a manter o sistema imunológico forte, que nos protege tanto de doenças transmissíveis como não transmissíveis. A desnutrição é um importante contribuinte para a doença. Quase metade (45%) de todas as mortes de menores de cinco anos está vinculada à subnutrição”, ressaltou.
“Uma dieta pouco saudável é a maior causa subjacente das mortes em todo o mundo, o que representa 11 milhões de mortes a cada ano. Outra medida da carga de mortalidade são os anos de vida ajustados pela incapacidade (Avad), que é o número de anos que perdemos devido ao mau estado de saúde, incapacidade ou morte prematura”, acrescentou o funcionário da OMS.Segundo o especialista, “a dieta pouco saudável é responsável por 241,4 milhões de Avad, a má nutrição infantil e materna respondem por 176,9 milhões e a obesidade por 134 milhões”.
Na entrevista, Branca destacou que “os estudos sugerem que uma das razões de a diabetes tipo 2 ser relativamente rara em zonas rurais da África, há 40 anos, era que as pessoas seguiam uma dieta alta em fibras. Estudos mais recentes nos Estados Unidos também indicam que as dietas com alto conteúdo de fibras reduzem as probabilidades de desenvolver a doença”.
“O consumo de alimentos como as leguminosas, ricos em fibra, podem ajudar a reduzir a glicose no sangue e regular os níveis de insulina, o que é crucial para os diabéticos ou pré-diabéticos”, explicouBranca.O funcionário da OMS pontuou que muitos estudos indicam que as dietas ricas em fibra podem reduzir o risco de doenças cardíacas e hipertensão arterial.
“Isso funciona assim porque muitos tipos de fibra reduzem os níveis de colesterol ruim no sangue de uma pessoa, o que, por sua vez, reduz o risco de doenças do coração”, enfatizou o especialista da OMS.Dietas ricas em fibrastrazem muito mais benefícios para a saúde, e existem indícios de que podem diminuir o risco de certos tipos de câncer e proteger das cáries nos dentes, disse. Envolverde/IPS
