Por Júlio Ottoboni*
A passarela que está sendo construída no bairro Urbanova, em São José dos Campos, sobre o Rio Paraíba do Sul, é uma das maiores estruturas já construída na região para beneficiar e estimular os usuários de bicicletas, como uma alternativa ao uso de veículos motorizados. Sem a mesma vocação de cidades como Jacareí e Lorena, que são mais planas e por isso favoreceram ter um grande número de ciclistas no deslocamento urbano, há um esforço para transformar esse quadro nos últimos 15 anos.
O pontilhão do Urbanova é compreendido pelos ciclistas como um marco nesse processo. A futura travessia visa garantir maior segurança às pessoas que transitam pelo local, atualmente uma das principais regiões no movimento de bicicletas como transporte ou lazer. E também responsável pelos piores congestionamentos da cidade, pois tem apenas uma ponte de acesso e comporta diversos loteamentos fechados, condomínios e o principal campus da Universidade do Vale do Paraíba (Univap).
A passarela, que custará quase R$ 3 milhões, terá duas faixas para ciclistas, em ambos os sentidos, além de uma terceira faixa exclusiva para pedestres. A passarela possui 450 metros de extensão, incluindo as alças de acesso. A estrutura metálica possui 104 metros de extensão, sendo que 65 metros estão numa gigantesca armação treliçada sobre o rio, abaixo do piso da ponte Flamínico Vaz de Lima, feita de concreto armado.
Essa parte da travessia tem 3,5 metros de altura, computado a partir do piso até sua cobertura e 5 metros de largura. Esse trecho pesa 80 toneladas e foi içada para as margens do Paraíba no último dia 01, numa operação que paralisou a tráfego de veículos na região por várias horas. A treliça está próxima ao espelho dágua do rio, o que começa a preocupar ambientalistas da cidade. A estrutura de aço com piso e cobertura chegará ao peso de 184 toneladas.
Segundo o Denatran, São José dos Campos tinha em 2013 uma frota de 370 mil veículos para cerca de 580 mil habitantes, cerca de uma vez e meia a média nacional. O número de veículos subiu de 195.528, em 2005, para 405.042 em 2015, o que representa um crescimento de 107,15%. A população está na faixa dos 700 mil habitantes.
Entretanto a malha viária da cidade não acompanhou essa expansão e com a decisão da atual administração em construir e ampliar calçadões no centro da cidade e em regiões onde o trânsito de carros e ônibus é sobrecarregado, os congestionamentos começaram a se amplificar.
A opção pelo uso de bicicletas tem por finalidade aliviar o fluxo sobre a malha viária, preparada apenas para receber automóveis, e estabelecer novas possibilidades de locomoção na cidade. De 2013 até o momento a prefeitura conseguiu duplicar a quilometragem de ciclovias e ciclofaixas, que alcançará 85 quilômetros com a conclusão de obras como a do Urbanova.
Uma pesquisa feita em 2011 pelo Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento de São José dos Campos, apontou 41.990 viagens de bicicleta ao dia, o que representa 2,58% do total de deslocamentos feitos com outros modais de transporte. Os deslocamentos por carro correspondiam a 44%, o que estava acima da média nacional. (#Envolverde)
* Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, pós graduado em jornalismo científico. Tem 30 anos de profissão, atuou na AE, Estadão, GZM, JB entre outros veículos. Tem diversos cursos na área de meio ambiente, tema ao qual se dedica atualmente.