Editoras acumulam um recuo superior a 17% em dois anos consecutivos afetados pela crise econômica no país
Em 2016, o setor editorial brasileiro produziu 427,2 milhões de exemplares, vendeu 385,1 milhões e faturou R$ 5,27 bilhões. É o que mostra a nova edição da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Comparado a 2015, o faturamento total das editoras no ano passado apresentou crescimento nominal de 0,74%, o que significa um decréscimo real de 5,2%, levando em conta a variação do IPCA de 6,3% no período.
Apesar de menos acentuada que no ano anterior – quando alcançou a marca dos 12,6% negativos -, a queda em 2016 traz consequências expressivas para a indústria do livro que, em dois anos, acumulou uma redução de mais de 17% em termos reais.
Neste cenário, pesou o desempenho do segmento mercado, cujo faturamento de R$ 3,8 bilhões representou uma queda nominal de 3,3%. O número implica um recuo acentuado das vendas de livros específicas para o mercado nos dois últimos anos: considerando as performances consecutivas de 2015 e 2016, a queda real acumulada em valor é superior a 20%.
No caso das vendas para o governo, os números se mostram positivos tanto em termos de faturamento (R$ 1,4 bilhões, com aumento de 13,8%) quanto em número de exemplares vendidos, que cresceu 16,5% em 2016, indo para 156,8 milhões.
Voltando a analisar o faturamento com as vendas ao mercado, os subsetores de CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais) e de Obras Gerais foram os que mais encolheram. Impactadas pela crise econômica nacional, as editoras de CTP tiveram uma queda nominal de 10,5% (e real de 15,85%) em valor, seguidas pelas editoras de Obras Gerais, que faturaram 4,8% a menos em termos nominais. O subsetor de Religiosos, que havia se mantido estável em 2015, também sofreu redução em valor (4,6%, nominal) no ano passado.
Na contramão dos índices negativos, aparece o subsetor de Didáticos, que, no mercado, ascendeu 3,7% (nominal) em faturamento, indo para R$1,4 bilhões.
Produção
O total de exemplares produzidos caiu 4,4% em 2016.
Quanto à tiragem de obras lançadas, houve redução de 8,57% em 2016 (80.026.152 novos exemplares produzidos). Os subsetores de Obras Gerais e de Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP) foram os mais contidos na produção total de exemplares (novos ISBN + reimpressões) no ano passado, reduzindo suas tiragens em 9,6% e 7,58%, respectivamente, em comparação a 2015.
A pesquisa indica, ainda, que foram editados 51,8 mil títulos em 2016, dos quais 17,37 mil são novos.
Áreas temáticas
Entre as 24 áreas temáticas que o estudo abrange, estão em primeiro lugar as obras classificadas como Didáticas, com participação de 48,48% no total de exemplares produzidos em 2016. Na sequência, vêm os exemplares de Religião (20,79%), Literatura adulta (7,71%), Autoajuda (4,78%), Literatura Infantil (3,89%) e Literatura Juvenil (2,39%). Nesta lista, chama atenção o aumento da participação dos livros do gênero Biografia (1,2%), que tiveram um crescimento de 22,5% em exemplares produzidos em 2016 (5,14 milhões), e também a queda expressiva dos títulos de Medicina, Farmácia, Saúde Pública e Higiene, com redução de 4,3 milhões de exemplares produzidos em 2016 e uma participação de 0,93%.
Como o livro chega ao mercado
Com 119,4 milhões de exemplares vendidos (52,73% do total comercializado no mercado, excluindo-se governo), as livrarias se mantiveram como o principal canal de venda das editoras. Os distribuidores representaram a venda de 39 milhões de livros, o equivalente a 17,22%. O segmento porta a porta teve participação de 8,18%, com 18,5 milhões de livros. Já as livrarias exclusivamente virtuais apresentaram um crescimento em sua participação nas vendas em 2016, subindo de 1,97% para 2,43%, o que significa 5,5 milhões de exemplares vendidos.
A comercialização em igrejas e templos (4,88%), supermercados (3,44%) e escolas (2,5%) também tem relevância. A venda direta nos sites das editoras segue modesta, com participação de apenas 0,73% do total.
Produção digital
Pela primeira vez desde 2014, quando passaram a integrar a pesquisa, os dados referentes à produção de conteúdo digital das editoras não entrarão na edição. Os números sobre a produção de e-books no país ganham em 2017 um diagnóstico exclusivo – o Censo do Livro Digital, estudo inédito que realizará o mapeamento da produção digital brasileira.
Com apresentação prevista para o segundo semestre, o Censo do Livro Digital é mais uma parceria entre o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL), com realização da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicos (Fipe/USP).
Confira aqui a pesquisa.
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