Sociedade

Startups brasileiras encontram apoio nos Estados Unidos

Com mais de 2000 investimentos realizados em empreendimentos ao redor do globo, a 500 Startups é um dos fundos mais ativos do mundo. O portifólio inclui 42 empresas brasileiras. A maioria delas atua apenas no País, mas algumas descobriram na internacionalização uma estratégia de crescimento e novos negócios. São os casos da Contentools e a Worthix, que escolheram a região do Vale do Silício para desenvolver parcerias que dificilmente seriam formadas no Brasil. “Cerca de 28% do investimento mundial em startups sai do Vale do Silício. O empreendedor brasileiro que vai para lá consegue navegar nesse ecossistema e acessa, além do capital, conhecimento, melhores práticas e relacionamentos valiosos”, afirma o diretor de Operações da 500 Startups no Brasil, Rodolfo Pinotti.

A Contentools é uma plataforma de gestão de conteúdo em que times de marketing trabalham o planejamento, a produção, a distribuição e a análise dos conteúdos online (usados em blogs, redes sociais e outros canais de empresas). Dentro da plataforma, é possível criar e organizar uma estratégia, controlar o calendário editorial, organizar o fluxo de trabalho e ter a autonomia das entregas e datas de publicação.

A CEO da empresa, Emília Chagas, que é formada em jornalismo, teve a ideia de criar a Contentools depois de notar uma dificuldade comum na área de marketing das empresas. “O processo recorrente para criar conteúdo, tão fluído nas salas de redação, pode ser um verdadeiro desafio para equipes de marketing”, afirma Emília. A empresa tem o objetivo de desenvolver e trazer inteligência que permite às empresas planejar, criar e entregar conteúdo útil e personalizado em escala.

Durante o processo de aceleração na 500 Startups, no Vale do Silício, a Contentools lançou a versão global da ferramenta que funciona como um software as a service (SaaS). Desde então, a empresa cresce de forma contínua. “Nossa experiência no vale permitiu aprendermos sobre growth, funding e processos que nos permitem escalar a empresa com um time enxuto e internacional”, diz Emília.

A Contentools tem operação em Florianópolis (SC) e business development em San Francisco (CA). A cidade brasileira é um local diferenciado para o mercado de tecnologia, com vantagens para atração e desenvolvimento de talentos. No entanto, para desenvolvimento de parcerias nos Estados Unidos – que representa a maior parte do mercado da empresa – é imprescindível ter esforços de business development na região próxima do Vale do Silício.

Esta estratégia inovadora foi capaz de trazer inúmeros benefícios a empresa. Hoje, a Contentools tem usuários em cerca de 70 países, mais de mil usuários ativos, além de mais de mil times de marketing usando a ferramenta diretamente ou por meio de suas agências digitais. São mais de 70 mil conteúdos criados na plataforma e o objetivo é triplicar esses números nos próximos anos.

Já a Worthix é a primeira empresa voltada para desenvolver tecnologia de pesquisa de consumidores no mundo todo. Por meio de inteligência artificial, a startup consegue medir com precisão científica quais são as experiências que mais motivam a compra e a lealdade dos clientes.

A ferramenta é inovadora porque as empresas que usam a tecnologia não precisam mais se preocupar em decidir quantas ou quais serão as perguntas do questionário que será enviado aos clientes. “O Worthix decide quais perguntas serão aplicadas e assim consegue explorar com profundidade todas as percepções de custo, de benefícios (emocionais e racionais) e de concorrência que cercam as experiências dos clientes”, explica Guilherme Cerqueira, CEO da Worthix.

A área de relatórios do software também é inovadora. Na medida em que os clientes respondem os questionários, os analistas das empresas têm acesso a um dashboard com inteligência artificial e econometria que apresenta quais dentre todas as experiências percebidas pelos clientes tem a maior probabilidade de aumentar vendas e lealdade. Além disso, o Worthix é capaz de quantificar a experiência dos clientes em uma pontuação (score ou Worth Index) que tem alta correlação com as decisões de consumo dos clientes. Consequentemente, com as variações dos resultados financeiros das empresas, se torna possível incluir em seus modelos preditivos, informações analíticas das empresas.

Segundo Guilherme, os principais aprendizados de montar uma empresa nos EUA é “a obrigatoriedade que você tem de ter um mindset de atuação global, ao invés de local. Você passa a enxergar que o mundo é muito maior do que o eixo Rio-São Paulo e que é possível sim, mesmo sendo Brasileiro, criar um business disruptivo, inovador e capaz de concorrer e vencer gigantes globais”.

Para o CEo da Worthix, empreender nos EUA não é mais fácil do que empreender no Brasil. “São desafios diferentes. Se por um lado a escada rolante do empreendedorismo Brasileiro está contra você, a escada rolante americana é muito mais longa e a quantidade de concorrentes disputando para chegar lá em cima antes de você é muito maior”, pondera Guilherme.

A Worthix tem um escritório no Vale do Silício, porém hoje, a sede da empresa é em Atlanta, cidade que apresenta um PIB quase duas vezes maior do que o da cidade de São Paulo e é considerada o Tech Hub of the South dos EUA. Segundo Guilherme, o motivo da escolha por mudar a base para Atlanta foi a posição geográfica. “Na minha opinião, San Francisco ainda é a capital global da inovação e do empreendedorismo. Porém a Worthix é B2B e ficar em San Francisco significa gastar muito mais e ainda ficar em uma posição muito ruim em relação ao fuso dos clientes da Costa Leste dos EUA, da Europa e da América no Sul, que são as regiões onde concentramos a maior parte dos nossos clientes”, diz. (#Envolverde)