Analisar as vivências de crianças na faixa etária de 11 a 14 anos, que frequentam o Ensino Fundamental no município de São Paulo sobre mobilidade casa/escola/casa e outras atividades considerando as desigualdades sociais existentes entre os territórios da cidade é o objetivo da Tese de Doutorado “Promoção da Saúde, Mobilidade Sustentável e Cidadã: casos de escolares do município de São Paulo”, de autoria da administradora Sandra Costa de Oliveira, defendida no último dia 27 de fevereiro na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sob orientação da Profa. Dra. Marcia Faria Westphal.
Durante sua pesquisa, a pesquisadora observou os congestionamentos causados pelo excesso de veículos nas ruas, a poluição do ar, a violência no trânsito, como isso tudo acaba interferindo nos deslocamentos das pessoas e das crianças em idade escolar – a população de estudo e como estes fatores levam ao stress ou interferem na qualidade de vida dessa população-alvo. A partir disso verificou como políticas de promoção da saúde poderiam melhorar este quadro.
A abordagem de sua pesquisa sobre Mobilidade Urbana se deu sobre um conceito mais sustentável que leve a mudanças de hábitos em relação ao uso racional do automóvel essenciais para a Promoção da Saúde. Propostas como deslocamento ativo (andar a pé, de bicicleta e outros) foram discutidas pela pesquisa.
A pesquisadora analisou documentos das Políticas de Mobilidade Urbana no âmbito Nacional, Estadual e Internacional e aplicou questionário, via tablet para os escolares além de entrevistar técnicos (gestores) que trabalham nas áreas de Mobilidade Urbana, Planejamento Urbano, Transporte e Trânsito da cidade de São Paulo, após aprovação do Comitê de Ética.
Os resultados encontrados pela Dra. Sandra, indicam que a maioria das crianças pesquisadas se deslocam a pé para escola, apesar dos perigos encontrados no caminho, independente do índice de maior exclusão/menor exclusão. Algumas utilizam vans escolares da Prefeitura ou da rede particular, mas relataram que gostariam de fazer o trajeto a pé para conversar com os amigos. Algumas crianças disseram que além dos usuários de drogas que encontram, sofreram assédio por estranhos no caminho casa/escola/casa. “A Política de Mobilidade Urbana da cidade São Paulo pareceu frágil em alguns aspectos na opinião dos entrevistados, que sugeriram algumas mudanças”, afirma a pesquisadora.
Considerando tais resultados, Dra Sandra, concluiu que existe a necessidade de se construir Políticas e Programas de Mobilidade Urbana para crianças em idade escolar, uma vez que a política atual não contempla essas ações diretamente. Segundo a Dra. Sandra, “parcerias com Governos (Federal, Estadual e Municipal) são necessárias para construção dessas políticas e implementação de modelos de gestão e a participação da população nesse processo é de grande importância”. Fonte Jornal da USP (#Envolverde)