Entre as ações indesejáveis causadas pela clorexidina estão a erosão e descoloração dos dentes e restaurações; alteração da cor da língua; descamação e sensibilidade oral, além de ser tóxica ao organismo. Com a utilização da catequina de chá verde, ao contrário, o antisséptico é atóxico, antierosivo e não causa malefícios à coloração dos dentes ou aos demais tecidos da boca.
Os primeiros resultados da formulação atóxica e antimicrobiana do enxaguatório da USP foram confirmados por Marina Moscardini Vilela em sua dissertação de mestrado, orientada pela professora Andiara De Rossi e apresentada à Forp em 2015. As pesquisadoras verificaram que o antisséptico de chá verde possui as mesmas propriedades dos já comercializados: redução da placa bacteriana que pode causar cárie e gengivite e é eficiente também nas aplicações antes de cirurgias bucais. A indicação deve ser feita sempre por profissionais da área de saúde.
Nanotecnologia potencializa ação antimicrobiana
Marina, que agora estuda o uso do enxaguatório por crianças em seu doutorado, conta que o grupo de pesquisa resolveu inovar e acrescentou a nanotecnologia às propriedades da catequina. Ana Paula Dias Moreno, também orientada pela professora Andiara, foi responsável pelo desenvolvimento das “nanopartículas com quitosana” – fibra natural extraída de carapaças de crustáceos (camarão, lagosta) do tamanho de uma molécula. A pesquisadora deu às nanopartículas o formato de nanocápsulas que envolveram a catequina do chá verde.
Esse encapsulamento conferiu propriedade mucoadesiva às partículas e aumentou o poder antisséptico do novo produto. As nanopartículas literalmente “grudam nas bochechas e outros tecidos da boca, liberando princípios ativos antimicrobianos”, diz Ana Paula.
Ao avaliar o produto final, Ana Paula garante que ele mostrou “resultados microbiológicos e físico-químicos positivos, com alta eficiência de encapsulamento, estabilidade, tamanho de partícula adequado e ainda potencial elétrico, que conferiu mucoadesão e possibilitou efeito residual com liberação sustentada do princípio ativo”.
A técnica que incorpora a catequina em nanopartículas “proporcionou o aumento da atividade antimicrobiana deste componente”, afirma a pesquisadora.
O estudo e o desenvolvimento desse produto contaram com a colaboração dos professores Sergio Luiz Souza Salvador, Priscyla Danielly Marcato Gaspari e Roberto Santana da Silva e das especialistas químicas Marina Constante Gabriel Del Arco e Juliana Cristina Biazzoto de Moraes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP. O novo enxaguatório de chá verde teve pedido de patente confirmado em outubro do ano passado. (#Envolverde)
Publicado originalmente no Jornal da USP