Por Redação da SOS Mata Atlântica –
Um estudo divulgado nesta quinta-feira(29) pela Fundação SOS Mata Atlântica mostra a relação direta entre maior cobertura vegetal e melhor qualidade de água ao longo da Bacia do Tietê. O levantamento, apresentado durante o evento “Tietê Vivo: Seminário Internacional de Recuperação dos Rios Metropolitanos”, traz ainda os baixos índices de remanescentes de cobertura florestal nas bacias do Tietê: Alto Tietê (20,7%), Tietê/Sorocaba (9%), Piracicaba/Capivari/Jundiaí (6%), Tietê/Batalha (6%), Tietê/Jacaré (3%) e Baixo Tietê (3%). A íntegra do relatório “25 Anos de Mobilização: O retrato da qualidade da água e a evolução dos indicadores de impacto do Projeto Tietê” está disponível neste link.
Em 25 anos de monitoramento, esta é a primeira vez que a SOS Mata Atlântica cruzou os resultados do monitoramento realizado pelo projeto Observando o Tietê com os dados do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A avaliação da atual situação da cobertura florestal da Mata Atlântica na bacia hidrográfica do Tietê, que não considera a área do Cerrado paulista, mostra que restam nos municípios que a compõe apenas 7% de Mata Atlântica – 310 mil hectares (ha) frente aos 4.234 mil ha originais.
Nos únicos 30 pontos avaliados com boa qualidade da água, porém, a cobertura vegetal chega, em média, a mais de 40% do território do município ou do entorno. Dois dos pontos de coleta que comprovaram esta relação estão localizados em São Paulo, um na Represa Billings e outro na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos.
Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, destaca os benefícios de preservação da mata para a manutenção do ciclo hidrológico. “Para que a gente consiga enfrentar os impactos das mudanças climáticas não basta o saneamento, a gente precisa das matas ciliares. A falta de mata compromete a capacidade de armazenamento de água dos rios e os torna mais vulneráveis”, afirma Malu.
O relatório trouxe também os novos dados de monitoramento do projeto Observando o Tietê, que mostraram que entre agosto de 2015 e julho de 2016 o trecho considerado “morto” do Rio Tietê teve uma diminuição de 11,5% em relação ao ano anterior e recuou para 137 quilômetros, concentrando-se atualmente entre Itaquaquecetuba e Cabreúva. Mesmo com a diminuição de 17,7 quilômetros da mancha anaeróbica, na qual o índice de qualidade da água varia entre ruim e péssimo, há pouco a se comemorar: em 2014, antes do longo período de estiagem no Estado, esta mancha ocupava apenas 71 quilômetros, entre Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus.
Os resultados do monitoramento realizado nos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê são obtidos com a análise de 302 pontos de coleta distribuídos em 50 municípios de três regiões hidrográficas (Alto Tietê, Médio Tietê – Sorocaba e Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e em 94 corpos d’água. Estas coletas são realizadas por meio de kits fornecidos a voluntários do projeto Observando o Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica, que reúne cidadãos e grupos para o monitoramento da qualidade da água de centenas de rios da Bacia do Tietê. (SOS Mata Atlântica/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site SOS Mata Atlântica.