Política Pública

Togo assume presidência do Fida

Por Correspondentes da IPS – 

Roma, Itália, 16/2/2017 – Um representante de Togo, país africano que conseguiu a autossuficiência alimentar apesar de suas adversas condições climáticas, estará à frente da luta contra a pobreza rural no mundo nos próximos anos. O ex-primeiro-ministro togolês, Gilbert Fousson Houngbo, se converteu no sexto presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma instituição financeira dedicada a erradicar a pobreza rural nos países em desenvolvimento.

Gilbert Fossoun Houngbo será o novo presidente do Fida a partir de 1º de abril deste ano. Foto: Cortesia Fida

 

“Venho do mundo rural. Conheço de primeira mão as dificuldades desse tipo de vida”, afirmou Houngbo, designado pelos países membros do Fida na reunião anual do Conselho de Governadores, realizada nos dias 14 e 15, em Roma. Ele assume num momento em que mudam as prioridades do órgão e quando as necessidades imediatas geradas pelas crises humanitárias, como desastres naturais, conflitos e aumento pronunciado do número de refugiados, ameaça ou leva os fundos destinados ao desenvolvimento de longo prazo.

Com a crescente demanda global por alimentos, maior migração para as cidades e o impacto da mudança climática, os investimentos em agricultura e desenvolvimento rural serão fundamentais para se alcançar a meta de terminar com a fome e a pobreza, prevista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. “Temos que continuar sendo ambiciosos e, ao mesmo tempo, realistas e pragmáticos. Temos que demonstrar que cada dólar investido rende o máximo”, ressaltou Houngbo.

O novo presidente do Fida tem mais de 30 anos de experiência em assuntos políticos, de desenvolvimento internacional, diplomáticos e gestão financeira. Desde 2013, foi diretor-geral adjunto da Organização Internacional do Trabalho, e antes foi secretário-geral adjunto da ONU, diretor para a África e chefe de pessoal do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Por ter nascido e vivido na zona rural de Togo, Houngbo considera que jamais se deve aceitar a atual desigualdade e que o Fida desempenha um papel crucial na criação de oportunidades para as pessoas mais pobres e excluídas. “O privilégio de ter conseguido uma educação de alta qualidade me ajudou a ter um forte senso de responsabilidade para conseguir melhorar a situação dos que não tiveram oportunidades semelhantes”, respondeu Houngbo ao questionário do Fida durante o processo de designação dos candidatos.

“Considero que, mediante uma liderança dinâmica no Fida, poderei contribuir para uma mudança visível na difícil vida que levam os pobres que vivem em áreas rurais em todo o mundo”, acrescentou Houngbo. Togo, com 57 mil quilômetros quadrados e oito milhões de habitantes, é um dos menores países da África, e sua principal atividade econômica é a agricultura de subsistência. Os cultivos comestíveis e os comercializáveis empregam a maioria da força de trabalho e contribuem com 42% do produto interno bruto (PIB).

Tradicionalmente, Togo exportava café e cacau, mas na década de 1990 os cultivos de algodão aumentaram rapidamente, alcançando cerca de 173 mil toneladas em 1999. Após uma colheita desastrosa em 2001, quando foram produzidas apenas 113 mil toneladas, a produção se recuperou no ano seguinte, com 168 mil toneladas colhidas. As pequenas e médias fazendas de Togo produzem a maioria dos cultivos alimentares. Um terreno médio tem entre um e três hectares.

No setor industrial, os fosfatos são o principal produto de Togo, e estima-se que possui cerca de 60 milhões de toneladas de reservas. Nos anos 1990, esse país atravessou uma crise política e social, um retrocesso econômico e uma redução da assistência pública e internacional, o que levou 62% da população à pobreza. O desafio atual de Togo é gerar condições para o crescimento econômico, e o governo acredita que a melhor maneira de conseguir um crescimento sustentado é aumentando a produção e a produtividade na agricultura.

Houngbo foi um dos oito candidatos, entre os quais havia três mulheres, que disputavam o máximo cargo do Fida. Quando assumir, substituirá Kanayo F. Nwanze, que exerceu dois mandatos, desde abril de 2009.

O Fida investe nas populações rurais, oferecendo oportunidades para reduzir a pobreza, melhorar a segurança alimentar e a nutrição e fortalecer sua resiliência mediante empréstimos e créditos de longo prazo a juros baixos. Desde 1978, esse órgão da ONU, chamado de “banco dos pobres”, concedeu US$ 18,5 bilhões para projetos que beneficiaram cerca de 464 milhões de pessoas. Envolverde/IPS