Por Katherine Rivas, da Envolverde –
Associação Brasileira do Veículo Elétrico solicita ao Poder Público comprometimento com a sustentabilidade. Segundo análise da instituição ter transporte limpo e sustentável hoje só depende do Governo Federal.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) manifestou a urgência da sociedade e o governo brasileiro se conscientizar sobre o uso de veículos híbridos e elétricos como alternativa a redução massiva de emissões de gases de efeito estufa.
O chamado contempla alternativas novas para os quatorze meses restantes antes do prazo (outubro 2017) de apresentação das metas de redução de emissões por parte de montadoras e importadoras do programa Inovar-Auto, Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica da Cadeia Produtiva de Veículos Automotivos. O programa instituído em 2012 não priorizou entre suas estratégias os veículos híbridos e elétricos.
Diversos estudos de mercado demostram que a sociedade brasileira ainda é fanática dos veículos a combustão, no entanto são estes os emissores de sustâncias altamente nocivas para o meio ambiente. Os veículos elétricos se convertem em uma alternativa ideal, porém a tecnologia atual e as políticas públicas em torno a isso ainda são incipientes. Para a ABVE, a mudança torna-se prioridade, no entanto veículos híbridos e elétricos precisam ser um processo paralelo. Os veículos híbridos têm mais chances de crescer nos estadosbrasileiros, mas não é possível deixar os veículos elétricos de lado.
Hoje os veículos a combustão são predominantes, 95% dos veículos comercializados no mercado. Deixando só um setor de 5% para a inserção de veículos híbridos ou elétricos. Segundo dados da Associação só no ano 2015, 846 veículos híbridos e elétricos entraram no mercado é dizer 0,00042% dos 2.017.639 veículos licenciados.
Entre as estratégias adotadas pelas montadoras está o uso de tecnologias como downsizing de motores, turboalimentadores, redução de coeficientes aerodinâmicos, injeção direta, start-stop, pneus verdes, entre outros. Porém nenhuma estratégia direcionada a veículos híbridos e elétricos.
Para Ricardo Guggisberg, presidente da ABVE o mercado para este tipo de veículos ainda é fraco e não conta com apoio do governo. “Não vemos avanços porque as regras não foram bem definidas, os incentivos fiscais hoje são insignificantes, precisamos também da regulação da cobrança do combustível de energia. Com o modelo atual não conseguimos instalar eletropostos públicos” desabafa
Durante 10 anos de tentativas de inserção desta nova tecnologia a instituição teve desafios como a alta carga tributária para carros elétricos, alto preço das baterias, falta de eletropostos e falta de políticas públicas que estimulem a venda dos veículos,assim como a regulação de cobrança de energia elétrica.
Na visão de Guggisberg o brasileiro tem interesse em adquirir produtos sustentáveis, porém é necessário equiparar os preços do consumo e criar uma política pública de desenvolvimento. “Eu acho que quebrar paradigmas leva um tempo, mas essa troca vai se tornar natural. Você pode carregar o veículo em casa. Tem pessoas que nem percorrem 20 km ao dia. Precisamos mudar os nossos conceitos”, afirma.
Segundo a ABVE os estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste estão prontos para aderir à iniciativa. No cenário latino-americano os veículos elétricos já estão presentes em Argentina, que trabalha na criação de políticas públicas para regular o mercado. E em Chile que conta com incentivos fiscais para a aquisição destes.
Compromisso do Poder Público
Em coletiva de imprensa promovida pela instituição a diretoria da ABVE solicitou ao Poder Público um comprometimento maior com as questões ambientais e o transporte.
A empresa reclamou com a falta de cumprimento da Lei de Mudanças Climáticas no município que desde 2009 planeja a troca de ônibus a combustão por ônibus híbridos. “A Prefeitura utilizou por anos a desculpa de que a indústria não tem a capacidade de fornecer o número de veículos necessários para fazer a troca das frotas, mas nós conseguimos fornecer mais de 4000 ônibus por ano. Precisamos pôr na balança se o objetivo é marketing político ou reduzir emissões” defendeu Ieda de Oliveira, vice-presidente de Pesados Eletra.
Ricardo Guggisberg concorda com Ieda e afirma que a troca para transportes mais limpos não aconteceu porque ninguém quer pagar essa conta. “Anualmente conseguimos fornecer 2000 ônibus híbridos pela Volvo, 1000 pela Mercedes, e 2000 pela D&D. Trabalhamos com essa tecnologia há alguns anos então a Prefeitura não pode mais utilizar essa desculpa” comenta.
A Associação solicitou ao Poder Público medidas tais como: melhorias na isenção do imposto de importação para veículos elétricos e híbridos, isenção do IPVA, regulamentação das emissões das motocicletas (que na sua maioria não contam com catalizador) e uma lei federal que permita comprar veículos mais sustentáveis.
Atividades
Para conscientizar a sociedade paulistana sobre a importância dos veículos sustentáveis, acontecerá no dia 27 de agosto a carreata da 1° edição do Movimento Paulistano do Veículo Híbrido e Elétrico. Com um trajeto que inicia na praça Amadeu Amaral, no Paraíso e vai até a Praça Charles Miller, no Pacaembu o objetivo será mostrar a existência da categoria e os novos modelos de veículos que estão ingressando ao Brasil.
A carreta inicia às 9h. Exemplos de sucesso de projetos de mobilidade verde e sustentável de outros países como Alemanha, Canadá, Chile, China, Espanha, Estados Unidos entre outros serão apresentados no evento. Skates, bicicletas e ônibus também participarão desta edição.
A ABVE está promovendo encontros e evento com o fim de motivar a sociedade a mudanças no transporte. A associação participa também da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal com uma proposta para a criação de eletro postos.
Para os representantes do setor privado a troca de veículos e desenvolvimento sustentável no Brasil hoje só depende da iniciativa do governo. (#Envolverde)