No Dia da Amazônia, ações no Cristo Redentor, no Rio, e na catedral de Colônia, na Alemanha, unem dois símbolos mundiais em um apelo pelas áreas protegidas do Brasil. Papa Francisco envia mensagem especial para a ocasião.
Rio de Janeiro, 5 de setembro de 2015 – Na noite deste sábado (5), Dia da Amazônia, o Cristo Redentor, localizado no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi iluminado com imagens da Amazônia para chamar a atenção da população brasileira e do mundo para a importância das áreas protegidas. A ação, promovida pelo WWF-Brasil, contou com fotos produzidas por destacados fotógrafos brasileiros como Adriano Gambarini, Edward Parker, Zigg Koch e Leonardo Milano.
Em mensagem especial enviada para a ocasião, o papa Francisco disse que estava alegre com a iniciativa de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de proteger a maior floresta tropical do mundo. Citando sua inovadora encíclica Laudato SI’, o pontífice afirmou:
“Possa o Santuário do Cristo Redentor, com a imagem de Jesus com seus braços abertos sobre a exuberante paisagem da natureza servir de lembrança que – Não somos Deus. A Terra existe antes de nós, e foi-nos dada. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Cada comunidade pode tomar da bondade da Terra aquilo de que necessita para sua sobrevivência. Mas tem também o dever de proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras”.
No mesmo dia, como parte da campanha, O WWF-Alemanha também chamou a atenção para as áreas protegidas do Brasil em uma celebração próxima à Catedral de Colônia, uma das mais importantes da Europa.
Lá, foram projetadas 150 fotos do brasileiro Sebastião Salgado, coletadas por ele em expedições pela Amazônia e que integram sua “Gênesis”. O fotógrafo, conhecido por sua paixão em defender a natureza e a relação de respeito do homem com o meio ambiente, participou do evento em apoio ao WWF.
As manifestações nas duas cidades ocorrem em um momento em que o mundo se prepara para as discussões sobre o acordo global para enfrentar as mudanças no clima da Terra – um tema em que as florestas têm papel crucial. A ação só foi possível graças à parceria entre o WWF-Brasil, a Arquidiocese do Rio de Janeiro e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio).
“O Dia da Amazônia foi uma forma que encontramos para chamar a atenção sobre a importância das áreas protegidas, entre as quais estão as unidades de conservação e as terras indígenas. A maior parte destas áreas fica na região amazônica. Protegê-las é a garantia de água, alimentos, biodiversidade e segurança climática para milhões de brasileiros”, destacou Carlos Nomoto, secretário-executivo do WWF-Brasil durante a celebração no Rio.
O superintendente executivo de Políticas Públicas e Relações Externas do WWF-Brasil, Henrique Lian, completou, lembrando que que a mensagem do papa Francisco indica o quanto a conservação das florestas tropicais tornou-se uma preocupação mundial.
“O papa já havia se manifestado sobre esse tema na sua encíclica, que trouxe para a vida do cidadão comum um sentimento proximidade e de respeito com a natureza. Agora ele reforça essa mensagem para esta ação e pede que ajudemos a cuidar da nossa casa comum”, ressaltou Lian.
Futuro
Entre unidades de conservação (parques, reservas, estações ecológicas) e terras indígenas, as áreas protegidas brasileiras somam cerca de 2,6 milhões de quilômetros quadrados. Essas áreas representam o futuro climático, a garantia de água para as cidades e importantes ativos ambientais para a economia brasileira. Também são a certeza da manutenção de ciclos hídricos fundamentais para a garantia de água que irá abastecer cidades e a agricultura.
O Cristo Redentor, um dos ícones brasileiros, e maior santuário a céu aberto do país, está situado em uma área protegida, o Parque Nacional da Tijuca, o mais visitado do país. A história desta unidade de conservação é um exemplo da importância da conservação das florestas. (Conheça aqui)
“É simbólico que este evento aconteça no Parque Nacional da Tijuca. Há 150 anos a sociedade percebeu que o desmatamento dessas montanhas era a causa das secas no Rio de Janeiro e foi iniciado o reflorestamento. Ainda hoje, essa é uma lição que precisa ser aprendida. A conservação e a recuperação das florestas são fundamentais para manter condições ambientais adequadas para a nossa vida”, disse o chefe do parque Ernesto Viveiros de Castro.
Unidades de conservação e terras indígenas também estocam quantidades gigantescas de carbono, que se fossem liberadas para a atmosfera, tornariam o clima terrestre caótico. Além dos serviços ecossistêmicos que as áreas protegidas prestam à humanidade, elas funcionam como barreiras ao avanço do desmatamento, da fronteira agrícola e dos incêndios florestais.
Apesar de sua importância e de serem legalmente constituídas, as áreas protegidas estão ameaçadas por uma série de fatores econômicos e políticos. Dezenas de projetos de lei e iniciativas no Congresso Nacional colocam essas áreas em risco ou impedem o desenvolvimento de mecanismos que ampliem a proteção às unidades de conservação e terras indígenas.
“Vamos pedir a Deus que ajude nossa sociedade a tomar consciência sobre a importância dessas áreas, para que elas possam durar para sempre, em nome das futuras gerações”, salientou o padre Omar Raposo, Reitor do Santuário Cristo Redentor, representante da Arquidiocese do Rio de Janeiro. (WWF Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.