por Synergia Socioambiental* –
O último Censo realizado, no ano de 2010, apontou que a população indígena era composta por 896.917 mil indígenas, o que mostra um crescimento de 88% entre os anos de 2010 e 2022. O IBGE justifica o crescimento a partir das mudanças na metodologia da pesquisa, isso porque, até o Censo 2010 a pergunta “Você se considera indígena?” era feita apenas em Terras Indígenas (TIs) e, em 2022, começou a ser feita também fora das TIs.
O uso de novas metodologias no Censo permite mais compreensão sobre os povos indígenas, como sua ocupação territorial e representação em locais que antes não eram ocupados por indígenas.
Um exemplo disso, é que 1,1 milhão de pessoas indígenas estão vivendo fora das TIs e morando em áreas urbanas e rurais. A região Sudeste é a que tem a maior proporção de indígenas fora das áreas delimitadas, somando 101,9 mil.
Ao analisarmos a população indígena que vive em TIs e áreas delimitadas, 51,25% vivem na região da Amazônia Legal, que engloba os nove estados da região Norte, o Mato Grosso e parte do Maranhão. E, ao analisarmos por estado, o Amazonas, com 490.854 indígenas, e a Bahia, com 229.103 indígenas, são as unidades federativas com a maior população.
Por outro lado, Sergipe, com 4,7 mil indígenas, Distrito Federal, com 5,8 mil, e o Piauí, com 7,2 mil indígenas, são os estados com o menor número de residentes indígenas.
População indígena conta com apoio para combater o garimpo ilegal e proteger a floresta
Independentemente do local de moradia, a preservação da Amazônia e das TIs é crucial para a população indígena. Por isso, durante o evento Diálogos Amazônicos, que aconteceu em Belém, no início de agosto, integrantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira produziram a Carta dos Povos Indígenas da Amazônia.
Na carta, que será entregue às lideranças presentes na Cúpula da Amazônia, são feitos pedidos em prol da preservação e da garantia do futuro da Amazônia, pelo combate das mudanças climáticas, pela preservação das florestas, das águas e da vida, além da promoção de uma economia sustentável.
Além disso, a carta pede a retirada de todos e todas que ocupam ilegalmente as TIs. O pedido vem após o aumento de 787% do garimpo em Terras Indígenas, entre os anos de 2016 e 2022, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
As atividades ilegais de garimpo foram registradas em sete diferentes áreas: TIs Yanomami, em Roraima, e em seis reservas do Pará: Sai-Cinza, Munduruku, Baú, Kayapó, Apyterewa e Trincheira/Bacajá.
As Terras Yanomami são as maiores do Brasil, chegando a 9,5 milhões de hectares e 27.152 habitantes. Nos primeiros meses de 2023, os/as indígenas da etnia Yanomami foram alvos de uma grande crise humanitária, que causou desnutrição e mortes, pelo impacto da violência e da degradação ambiental causadas pelo garimpo ilegal.
E para conter invasões desse tipo, o Governo Federal tem preparado ações para retirada de invasores/as das Terras Indígenas da região Norte. Essa e outras atividades de lideranças e organizações têm sido o caminho inicial para proteção da população indígena e de seus territórios.
*Obs: Publicado no âmbito da parceria de conteúdo entre a Envolverde e a Synergia Socioambiental