por Beatriz Mirelle, da Redação* –
Esta matéria faz parte do PEPE (Programa Envolverde de Parcerias Estudantis) –
Para o engenheiro, investir em sustentabilidade e tecnologia é essencial para revolucionar os negócios
O engenheiro químico André Clark, diretor geral da empresa no ramo de energia Siemens Energy no Brasil, foi o convidado da live “O futuro do mercado de carbono” do programa Diálogos Envolverde. Na entrevista da última quinta-feira (08) com os jornalistas Dal Marcondes e Reinaldo Canto, ele comentou sobre as movimentações macro e atuações da iniciativa privada nesse setor e as vantagens do hidrogênio verde.
Clark afirma que a estratégia base de funcionamento da Siemens é baseada em uma tríplice de descentralização, digitalização e descarbonização para a redução de emissão de CO2. “Teremos mais sucesso como companhia se focarmos nos três D’s. A geração de mercado de carbono nos favorece tanto como humanidade quanto como negócio.”
A organização colocou essas metas como principais, não mais como paralelas à economia, quando entendeu que planos conectados à sustentabilidade e tecnologia contribuem para revolucionar e destacar a atuação da empresa. “Já planejávamos projetos direcionados a esse setor. Muitas corporações compreenderam a proporção disso somente quando uma potência igual os Estados Unidos formulou um ideal de recuperação econômica fundamentalmente verde.”
Substituição do carbono por hidrogênio
A queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, fornece energia, mas emite dióxido de carbono. Já o hidrogênio, um elemento com maior disponibilidade no planeta, produz e é criado pela água. Segundo o engenheiro, grande parte da eletricidade do Brasil vem de fontes renováveis e limpas. “Nosso país tem um enorme potencial para gerar hidrogênio verde. O mundo está faminto por isso. Por meio dele, é possível fornecer uma série de substâncias sustentáveis. Essa economia é o futuro próximo.”
Apesar das inconstâncias nas políticas florestais, André Clark acredita que o Brasil voltará a um lugar de mérito, sendo um responsável efetivo no combate às mudanças climáticas. “Os governos mudam, mas os atores sociais ficam. Retornaremos não importa por qual meio, seja por líderes políticos, instituições ou pela própria sociedade civil. Não faltam recursos.”
OUÇA: Podcast Momento Envolverde – Episódio 22
COP26
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021 é a 26ª edição desse encontro e está prevista para ocorrer entre 1 a 12 de novembro deste ano em Glasgow, na Escócia. Para Clark, essa reunião será fundamental para marcar a nova diplomacia global do carbono. “Os principais parceiros de negócio do Brasil, como Estados Unidos, China e alguns países da Europa, decidiram pelas recuperações verdes.” Por conta disso, o especialista diz que boa parte dos investimentos será em busca da Agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança, de acordo com a sigla em inglês), ou seja, de práticas voltadas às pautas ambientais, sociais e de liderança empresarial. “É de se esperar que o carbono ganhe valor rapidamente. O Brasil é uma força essencial nessa ação. Nós devemos reconstruir nossas ideias de restauração verde pensando em criar um mercado nacional direcionado a esse elemento.”
O diretor geral explica que uma iniciativa nessa proporção será capaz de formar grandes cadeias de valor tecnológico e, consequentemente, aumentar o número de empregos disponíveis. “Isso impulsiona a população e o país como um todo para novos patamares. Para nós, certamente será uma alavanca na economia, algo urgente principalmente agora com as problemáticas da pandemia.” O especialista concluiu que se cada produto fabricado em solo nacional for sustentável, o Brasil pode voltar rapidamente a ser uma potência diplomática, de preservação ambiental e geração de valor para a biodiversidade. “É necessário tomar consciência de que biomas conservados e floresta valem muito mais em pé do que destruídos”, finaliza.
ASSISTA: Reportagem – Mercado de carbono
Diálogos Envolverde
A entrevista na íntegra com André Clark está disponível no YouTube e da Envolverde. As lives do programa Diálogos Envolverde ocorrem semanalmente nas quintas-feiras, às 11h.
*Conteúdo multimidiático produzido por estudantes de Jornalismo Presencial da Universidade Metodista de São Paulo, sob a supervisão das professoras Alexandra Gonsalez, Eloiza de Oliveira Frederico, Filomena Salemme e Wesley Elago.
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