por Caroline Ligório, da Envolverde, especial para o CDP –
Uma relação de colaboração e integração é a aposta para que empresas e fornecedores gerem uma cadeia de valor baseada na sustentabilidade do início ao fim do processo do serviço que prestam à sociedade. No evento CDP Supply Chain 2018 casos de sucesso de empresas como Braskem, Arcos Dorados, Santander Brasil e Stefanini Solutions foram trazidos à tona.
No caso da Braskem, o engajamento junto aos fornecedores despontou como parte integral da estratégia de sustentabilidade da empresa e não algo externo que passou a ser incorporado dentro da pasta sustentabilidade. A Arcos Dorados com operação em mais de 120 países, com atendimento diário mundial de 70 milhões de pessoas, quatro milhões na América Latina e 134 mil restaurantes ao redor do mundo buscou entender os impactos que os negócios ocasionavam. Em 2012, o levantamento feito sobre a emissão de gases de efeito estufa na Europa indicou que 71% dos gases gerados vinham dos fornecedores.
O grande desafio com o qual as empresas se depararam foi o convencimento e conscientização dos fornecedores, no intuito de lhes demonstrar que o engajamento implica em perpetuação dos negócios. Na Stefanini Solutions, uma cartilha distribuída aos fornecedores aborda a temática sustentabilidade. Na Braskem, os dados do CDP Supply Chain tornam-se indicadores que apontam a eficácia, desta forma é possível identificar o percentual de fornecedores que não apresentavam metas, e como estão hoje, e os que conseguiram reduzir as emissões.
O trabalho de conscientização não se dá apenas na esfera externa, mas também na esfera interna. Há de haver uma sinergia entre gestores e funcionários para que as informações sejam introduzidas dentro das rotinas das mais diversas áreas, sustentabilidade, compras, serviços, transporte, entre outras.
“A forma de trabalhar do banco e de seus fornecedores tem que ter valores próximos. É um desafio muito grande, porque esses fornecedores têm tamanhos, histórias e experiências diferentes e também outros clientes”. Para Ricardo Pasqualini, superintendente de operações e compras do Santander Brasil, o alinhamento de valores é necessário, pois, a marca de uma empresa é influenciada diretamente pelos fornecedores.
Para que o engajamento tome proporções gradativamente maiores, as empresas optam por medidas que incentivam na melhora quantitativa e qualitativa dos fornecedores nos resultados de emissão e de gestão. “Dentro do próprio CDP nós oferecemos anualmente para qualquer fornecedor que queira uma oportunidade de fazer uma consultoria gratuita. Ele pode avaliar os seus processos para identificar oportunidades, reduzir custos, emissões e consumo de energia”, informou Luis Carlos Xavier, coordenador de desenvolvimento sustentável da Braskem, acrescentando que ainda contam com o índice de desempenho do fornecedor, o qual atribui nota de 0 a 100 a todos os fornecedores da empresa.
Segundo Leonardo Lima, diretor corporativo de sustentabilidade da Arcos Dorados, a empresa não tem apenas um fornecedor para um determinado produto, o que faz com que seja um estímulo para que respondam aos questionários CDP, sendo que outros da mesma categoria estarão respondendo a ele e não irão querer ficar para trás.“O maior beneficiado é o próprio fornecedor que tem um diagnóstico baseado em uma ferramenta global. Ele pode se situar e se observar em relação aos seus pares, aos seus competidores e a outras categorias. Ele pode se comparar e fazer um plano de evolução.”
Tendo em vista que as mudanças nas cadeias de valor estão em curso, as previsões para um período de 20 anos são otimistas. Ricardo Pasqualini, superintendente de operações e compras do Santander Brasil, acredita que não haverá mais a necessidade de incentivar as pessoas, pois, a prática será adotada como idoneidade tributária, algo que se faz, por acreditar e gerar resultados.
Compartilhamento de valores é o que Luis Carlos Xavier, coordenador de desenvolvimento sustentável da Braskem, espera dos fornecedores que a empresa terá daqui 20 anos. Para Xavier, a escolha não será pautada somente pela questão econômica, mas, sobretudo em como essas empresas tratam seus funcionários, como o fornecedor se porta dentro da cadeia, se não há trabalho análogo ao escravo, exploração de mão de obra infantil, ou seja, vendo como ele gerencia todas as questões de impacto social e ambiental. Essa visão é compartilhada por Washington Souza, gerente executivo de governança da Stefanini Solutions. “Destacarão os fornecedores que irão ajudar os clientes na transformação de seus negócios. A questão da ética, conduta, integridade, tratar bem as pessoas, deve ser o próximo tema da vez.”
Leonardo Lima, diretor corporativo de sustentabilidade da Arcos Dorados, chama atenção para a quantidade de informações e dados disponíveis, que farão com que a transparência seja total dos fornecedores em 20 anos. Lima acredita que os fornecedores da empresa terão que usar o que a Arcos Dorados está tentando praticar, aprender e compartilhar. “Precisamos acelerar o compartilhamento, nós não temos muito tempo. Compartilhar significa reduzir custos. As soluções já estão lá, só que não são compartilhadas. Precisamos parar de achar que cada organização vai encontrar a solução para o mundo! A solução já esta encontrada.” (CDP#Envolverde)