por Efraim Neto e Washington Araújo, da Veredas –
As ondas de calor, eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos, representam um sério risco à saúde humana. Em 2003, a Europa vivenciou uma onda de calor devastadora que resultou em mais de 70 mil mortes, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos publicados na revista “Nature Climate Change” alertam para um aumento de cinco vezes no número de dias extremamente quentes até o final do século, intensificando essa ameaça.
EUA queima 50% mais em 10 anos
Os incêndios florestais, potencializados pelas mudanças climáticas, causam danos imensos à propriedade, à infraestrutura e aos ecossistemas. Nos Estados Unidos, a área média queimada por incêndios florestais nas últimas três décadas aumentou em impressionantes 50%. As perdas econômicas anuais associadas a esses eventos são exorbitantes, alcançando bilhões de dólares. Em 2021, os incêndios florestais no Canadá geraram um custo estimado de $2,6 bilhões, enquanto os incêndios na Austrália em 2019-2020 causaram danos de mais de $100 bilhões. Em 2023, o Brasil registrou um aumento de 248% na área queimada pela Amazônia em comparação com janeiro de 2022. Essa devastação ambiental representa um grave risco à biodiversidade, à saúde pública e ao clima global.
As mudanças climáticas representam um risco significativo à saúde pública, aumentando a incidência de doenças respiratórias, doenças cardíacas e outras doenças relacionadas ao calor. A OMS estima que, até 2050, as mudanças climáticas causarão 250 mil mortes adicionais por ano, um número alarmante que exige medidas urgentes.
O prejuízo de inundações e furacões
Os impactos das mudanças climáticas se estendem à economia, com perdas de produtividade devido ao calor extremo, inundações e outros eventos climáticos. O Banco Mundial estima que o custo total das mudanças climáticas para a economia global pode chegar a trilhões de dólares até o final do século. Em 2022, as inundações na Europa causaram um prejuízo estimado de $45 bilhões, enquanto o furacão Ida nos Estados Unidos gerou um custo de $50 bilhões.
As comunidades mais vulneráveis, com menor acesso a recursos e infraestrutura, são desproporcionalmente afetadas pelas mudanças climáticas. Essa disparidade social tende a ser exacerbada, aprofundando as desigualdades existentes. Um estudo do Banco Mundial revelou que, em países em desenvolvimento, as pessoas mais pobres são 1,7 vezes mais propensas a serem deslocadas por desastres naturais relacionados ao clima.
Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, é crucial implementar medidas de adaptação e mitigação em diferentes níveis. Em âmbito local, iniciativas como a diversificação de culturas agrícolas resistentes à seca, a implementação de sistemas de coleta de água da chuva e a construção de infraestruturas resilientes a inundações são essenciais para minimizar os impactos. No plano global, acordos internacionais como o Acordo de Paris representam passos importantes na redução das emissões de gases de efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas. Até o momento, 196 países ratificaram o acordo, demonstrando um compromisso global com a ação climática.
Captação de águia de chuva contra a seca
Diversas comunidades ao redor do mundo estão tomando medidas para se adaptar às mudanças climáticas e construir resiliência. No Quênia, por exemplo, projetos de captação de água da chuva garantem acesso à água potável durante períodos de seca, beneficiando mais de 47 mil pessoas. Na Indonésia, o reflorestamento de áreas degradadas ajuda a proteger as comunidades contra inundações e erosões, restaurando 2 milhões de hectares de terra. Esses exemplos inspiram e demonstram a viabilidade de ações locais para enfrentar a crise climática.
No entanto, é importante salientar que a ação local precisa ser complementada por medidas em nível global. Governos e empresas têm um papel crucial a desempenhar na redução das emissões de gases de efeito estufa e na implementação de políticas públicas que promovam a sustentabilidade. Acordos internacionais como o Acordo de Paris, assinado por 196 países em 2015, representam um marco histórico na luta contra as mudanças climáticas, estabelecendo metas ambiciosas para a redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, é crucial que os países signatários implementem seus compromissos com urgência e ambição.
Sociedade civil pode pressionar por soluções
A sociedade civil também tem um papel fundamental a desempenhar na mobilização por ações climáticas. Organizações não governamentais, movimentos sociais e indivíduos podem pressionar governos e empresas a tomarem medidas mais ambiciosas, além de promover a educação ambiental e a mudança de comportamento individual.
Enfrentar as mudanças climáticas exige um esforço global e multifacetado. Governos, empresas, comunidades e indivíduos precisam unir forças para implementar soluções inovadoras e sustentáveis. Ao investir em energias renováveis, promover a eficiência energética, proteger os recursos naturais e educar para a sustentabilidade, podemos construir um futuro mais resiliente e próspero para todos.
Por Washington Araújo, jornalista com mestrado em Comunicação Social e professor universitário desde 2006. Publicou 18 livros no Brasil, Argentina, Espanha e México, além de contribuir regularmente para jornais e revistas. Washington também possui uma vasta experiência profissional, tendo trabalhado por 18 anos no Banco do Nordeste e nos últimos 21 anos no Senado Federal.
Por Efraim Neto, jornalista e especialista em democracia, república e movimentos sociais, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Diretor da Veredas Inteligência Estratégica, atuou em diversas funções na Secretaria-Geral da Presidência da República, no Ministério das Comunicações e na Secretaria de Governo da Presidência da República.