O evento internacional aconteceu na sexta-feira, 12 de maio, em Miraflores no Peru, e contou com a presença de defensores e especialistas ambientais do Peru, Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala e República Dominicana.
Representantes de povos indígenas e organizações ambientais da América Latina e Caribe se reuniram no Peru para o Fórum que denuncia a destruição ambiental pelas corporações extrativistas.
Violações de direitos humanos, violência, desmatamento devido ao cultivo massivo de soja e da indústria madeireira e a crise climática são alguns dos problemas enfrentados pelo povo indígena Borari, da região do baixo Tapajós, localizada no Estado do Pará, no Brasil. A afirmação é da artista e advogada indígena Vandria Borari, que denunciou a multinacional “Cargill” como uma das principais responsáveis pela desmatamento e contaminação de sua cidade, na Amazônia brasileira.
“Com o avanço e expansão do agronegócio, foram gerados conflitos de terra, algumas comunidades perderam parte de seus territórios. E com o cultivo da soja, devido aos agrotóxicos que são usados, tem havido contaminação de córregos e águas no subsolo perto das comunidades”, disse Borari.
Na República Dominicana também há casos graves de contaminação por empresas extrativistas. O coordenador da Rede Dominicana de Estudos e Empoderamento Afrodescendente, Darío Solano, destacou que mineradoras transnacionais, como a canadense Barrick Gold e Falconbridge Dominicana (Falcondo), gozam de impunidade, apesar de terem contaminado várias bacias do país centro-americano.
“A maior parte das bacias hidrográficas são concessionadas às mineradoras. A esta situação, devemos acrescentar o extrativismo turístico que ameaça áreas protegidas, e medidas adotadas pelo governo, como a construção de um muro na fronteira com o Haiti para o controle
migratório. Este muro destruiu grandes porções de manguezais”, acrescentou Solano.
Por outro lado, na Argentina, na província de Neuquén, encontra-se a formação geológica Vaca Muerta, onde é desenvolvido o maior megaprojeto da região para a extração de petróleo não convencional e gás natural de xisto (rocha). No entanto, este projeto foi imposto contra os direitos do povo Mapuche sobre seu território, sem levar em conta os direitos ambientais e sociais da população.
“Chegaram com o projeto sem um processo de consulta prévia e com o apoio de políticos que respondem aos interesses das companhias petrolíferas e não consideram os desastres que elas provocam: derramamentos de óleo, terremotos, deslocamentos forçados, perda de território e outros desastres que o povo Mapuche e toda a população têm que suportar injustamente”, disse Lefxaru Nawel, werken (autoridade) da Confederação Mapuche de Neuquén.
Estes e outros casos graves de destruição ambiental e violação dos direitos humanos por grandes empresas extrativistas em todo o sul global foram expostas no fórum público internacional intitulado “Extrativismo, crise climática e corporações: Territórios em resistência”, em 12 de maio, em Lima.
Participam deste Fórum defensores ambientais e especialistas do Peru, Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala e República Dominicana.
No caso do Peru, participam os pescadores atingidos pelo vazamento de quase 12.000 barris de petróleo no Mar de Ventanilla (Callao), ocorrido em 15 de janeiro de 2022, durante o processo de descarga de petróleo bruto de um navio pertencente à refinaria La Pampilla, operada pela empresa espanhola Repsol. O evento foi considerado o pior desastre ecológico em Lima nos últimos anos.
O evento realizado no âmbito da campanha global “Faça os poluidores pagarem!”, lançado em 2019, durante a 25ª edição da Conferência da Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP25); com o objetivo principal de concretizar ações para que empresas e corporações responsáveis pela crise climática sejam punidas.
A campanha “Faça os poluidores pagarem!” também procura encontrar formas alternativas de reparação às comunidades que enfrentam diretamente os impactos das atividades e políticas extrativistas. Como parte dessas ações, em 2021, foram realizados dois webinars voltados para a região da América Latina e Caribe: “Crise Climática, Extrativismo e Corporações Multinacionais: Comunidades em Resistência na América Latina e no Caribe” e “Cúpula dos Povos: Justiça para os povos! Estratégias do Sul”.
(#Envolverde)