Movimento discute relatório do IPCC e aponta que soluções podem ser encontradas entre empresas que fazem parte da rede
Nesse mês de agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas publicou o seu sexto relatório sobre as mudanças climáticas. O órgão de maior autoridade do mundo em ciência do clima afirma no documento que as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são irrefutáveis, irreversíveis e vão se agravar nos próximos anos e décadas se nada for feito para mudar o quadro da crise climática e ambiental.
A publicação do relatório reacendeu uma discussão cada vez mais atual e necessária sobre quais medidas devem ser tomadas para evitar um colapso ambiental e social no planeta. E o mercado empresarial precisa entrar nessa discussão assumindo uma postura proativa.
Como organização, o Sistema B vem buscando a conscientização de sua rede, promovendo a troca de informações, de bons exemplos e tentando apontar soluções para chegar a uma economia de baixo carbono. Em 2019, anunciou o NetZero 2030, maior movimento corporativo referente ao tema redução de poluentes, por meio do qual mais de 500 Empresas B se comprometeram a acelerar a redução de suas emissões de carbono em 20 anos. A meta, mais ousada do que aquela estabelecida pelo Acordo de Paris, representa o compromisso do Sistema B em impulsionar as empresas para um modelo de negócios alinhado com a preocupação ambiental.
“Além de estimular empresas a se comprometerem publicamente pela causa e oferecer material, temos também que trabalhar com questões de advocacy sobre o tema junto a governos e instituições que podem contribuir para mudança de regras do jogo, como legislações específicas. Porém, não podemos esperar somente soluções de instâncias governamentais. Temos muito conhecimento dentro da própria rede B e empresas que têm buscado a redução de maneira exemplar não só em seus negócios, como também ofertando soluções para fora. Acreditamos que esse é um mercado cheio de oportunidades e algumas soluções já foram criadas e estão disponíveis no mercado”, afirma Francine Lemos, Diretora Executiva do Sistema B Brasil.
A produção industrial é uma das grandes responsáveis por lançar gases de efeito estufa na atmosfera. Muito disso vem de caldeiras que queimam combustíveis fósseis para que a produção funcione. Ao alterar as caldeiras de combustíveis fósseis por biomassa, uma indústria já pode reduzir em até 80% de emissões de gases de efeito estufa.
Esse é um dos caminhos para tentar frear a situação de emergência climática relatada no relatório do IPCC. Empresa B, a Combio já trabalha com esse modelo há algum tempo. São 13 anos e 8 projetos com resultados que mostram não só a economia financeira, como a redução significativa de emissões de carbono, gerando até créditos de carbono.
Mesmo assim, na visão de Roberto Véras, diretor de sustentabilidade da Combio, essa é uma solução que ainda enfrenta resistência na maioria das empresas. “Quando falamos da geração de energia por meio de caldeiras de biomassa nos moldes que ofertamos, estamos dizendo que as empresas irão deixar na mão de terceiros toda a sua energia térmica. Mas para saírem do fóssil, ou elas terceirizam o projeto, ou desenvolvem internamente um projeto próprio, o que acaba não acontecendo porque exige um investimento alto, em algo que não está ligado ao core, e que terá um payback longo. Porém, acreditamos que a urgência ambiental que o momento nos exige irá contribuir para que modelo de negócios como o nosso ganhem importância dentro dos conselhos ou por pressão da sociedade e investidores atentos a critérios ESG. Não dá mais para continuar optando por sistemas altamente poluentes”, conta.
Para se ter uma ideia, com os sete dos projetos já realizados da Combio, já foi possível deixar de emitir cerca 450 mil toneladas de Co2/ ano na atmosfera. Apesar de não existirem dados oficiais, Roberto estima que existem cerca de 500 caldeiras no país que poderiam ser trocadas para biomassa. “Estamos falando de uma redução gigantesca de gases estufa”, conclui.
Sobre o Sistema B
O Sistema B é uma organização parceira do B Lab desde 2012, responsável pelo engajamento, divulgação e promoção local de todo movimento B no Brasil e América Latina. Ele articula um movimento global de pessoas que usam os negócios para a construção de uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa para as pessoas e para o planeta. No centro deste movimento estão as Empresas B, 214 Empresas B no Brasil e 764 na América Latina, que compartilham um perfil de negócio que equilibra propósito e lucro, considerando o impacto de suas decisões em seus trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade e meio ambiente. No mundo, já são 4042 empresas certificadas.
#Envolverde
