ODS15

Projeto Lontra aumenta população de lontras neotropicais

A espécie que é considerada ameaçada na Mata Atlântica, surpreende com recorde no Projeto Lontra: o nascimento de três filhotes de uma única mãe em cativeiro

Não é mais novidade o nascimento de lontras neotropicais no Santuário Refúgio Animal do Instituto Ekko Brasil/Projeto Lontra, o único criadouro no mundo com registro de nascimento com sucesso da lontra neotropical brasileira em cativeiro. Dessa vez, a notícia é o nascimento de TRÊS lontras de uma única mãe, algo raro até na natureza.

Os filhotes nasceram no final de 2021 e estão fora de perigo, todos passando bem, inclusive a mãe Nanã. A Nanã foi resgatada ainda filhote pela Polícia Ambiental, embaixo da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, no dia 16 de outubro de 2016. Nanã foi encontrada perto de sua mãe morta, boiando na água. Na necropsia foi constatado que ela foi morta por traumatismo crâniano, decorrente de pauladas. Desde que chegou ao Projeto Lontra, Nanã se mostrou sempre dócil logo se apegou a toda equipe do Projeto e agora se torna uma super mãe.

A lontra neotropical (Lontra longicaudis)geralmente tem apenas um filhote ou, às vezes, dois. E nem sempre, quando mais de um, a mãe aceita o filhote extra. O motivo é o gasto energético que a mãe tem para cuidar do filhote. Para uma espécie de topo de cadeia trófica, a gasto energético necessário para as atividades diárias é muito alto. A lontra é um animal muito ativo e o filhote é muito dependente dela, o que ocorre até a idade de outo meses a um ano.

Pela primeira vez, para a alegria da equipe do Projeto Lontra, a lontra Nanã, registra o nascimento de três filhotes. Já com três meses, pode-se afirmar que o pior já passou, e os filhotes têm uma longa vida pela frente, espera-se que em liberdade.

Por mais de cinco anos o Instituto Ekko Brasil vem lutando para ver aprovado o Projeto de Soltura de lontras, que ainda tramita pelos órgão responsáveis. Trata-se de um projeto inédito, que objetiva a soltura e monitoramento da lontra com segurança no ambiente natural.

Segundo o presidente do Instituto Ekko Brasil, Marcelo Tosatti, não se deve confundir soltura de lontra com abandono de menor. Hoje o que se vê é o abandono de filhotes de lontras à própria sorte. “Estes filhotes soltos sem nenhum controle e monitoramento, com certeza não sobrevivem” afirma. Ainda segundo Tosatti, a reintrodução é difícil pois são animais órfãos, dependentes maternos, que não aprenderam com a mãe as regras de sobrevivência no ambiente selvagem.

A veterinária Priscila dos Santos do Oceanic Aquário, responsável técnico pelo Criadouro Refúgio Animal, completa dizendo que agora a expectativa é que com o projeto de soltura aprovado, as lontras nascidas no Refúgio Animal possam ser libertas no ambiente, fortalecendo as populações selvagens que se encontram em perigoso declínio.

Projeto Lontra

Iniciado em 1986 na Lagoa do Peri, Florianópolis, a equipe do Projeto Lontra desenvolve em sua base atividades de pesquisa com o levantamento do número de lontras na região, mobilização social com as autoridades, parceiros e universidades locais, além de atividades de educação ambiental com escolas e população da região.

Sobre o Instituto Ekko Brasil

Criado em 2004, em Santa Catarina, o Instituto Ekko Brasil (IEB) é uma organização não governamental cujo objetivo é coordenar e apoiar projetos que tenham como foco a conservação da biodiversidade e o turismo de conservação. Para alcançar sua missão, o IEB atua através da pesquisa e da mobilização social, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, deixando um legado positivo às gerações futuras.

A abrangência do IEB é nacional, atuando biomas como Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. Fazem parte dos projetos desenvolvidos: Projeto Lontra, Refúgio Animal, Pró Lontrinha, Projeto Tucano, Projeto Ariranha e Programa Ecovoluntário. Além dos seus próprios projetos, o IEB desenvolve outros em parcerias com outras instituições, a exemplo do Projeto Sea Horse (com Universidade Federal da Paraíba), Projeto Bioinvasores Marinhos (com ICMbio e UFSC) e Projeto Recrutamento e dinâmica da comunidade bêntica na formação única de corais rolados na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (com ICMBio e UFSC).

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