por Beatriz Mirelle, da Redação* –
Esta matéria faz parte do PEPE (Programa Envolverde de Parcerias Estudantis) –
Diretora executiva da 5 Elementos comenta porquê a instituição não aceitou participar do Conselho Nacional de Meio Ambiente
O Diálogos Envolverde da última quinta-feira (18) recebeu Mônica Pilz Borba, diretora executiva do Instituto 5 Elementos – Educação para Sustentabilidade. A ambientalista falou sobre a atuação da organização que lidera há quase 30 anos e os motivos pelos quais a equipe recusou o recente convite para participar do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Desde 2019, o Governo Federal diminuiu o número de representantes da sociedade civil que podem fazer parte desse órgão. Essa decisão provocou diversos debates, principalmente pelo fato da escolha agora ser feita por sorteio. Além disso, entre as 23 vagas disponíveis, apenas quatro são direcionadas as organizações não-governamentais.
A especialista comentou que a decisão de não aceitar esse mandato anual no Conama foi um consenso entre os integrantes da 5 Elementos por conta das mudanças bruscas que estão acontecendo no conselho. “Antes, o processo era bianual e eram selecionados dois representantes por região. Era uma ação séria feita por votação e havia cada vez mais transparência.” Apesar de cogitarem que essa chance pudesse ser uma forma de enfrentar as medidas equivocadas do Governo Federal, o grupo concluiu que a melhor alternativa era não seguir nessa direção. “Não temos a força para bater de frente com o Conama nos moldes atuais. Se aceitássemos, estaríamos concordando com o novo método anti-democrático de eleição.”
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Governo Federal e meio ambiente
A especialista explica que diversos problemas nacionais que existem são baseados na imaturidade do governo durante as tomadas de decisão. “Colocar pessoas em risco é algo que não deveria ser aceito. É preocupante pensar nos representantes que temos para comandar o Brasil.” Com isso, Mônica destaca os posicionamentos do pesquisador Evaristo Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial, nas políticas ambientais do país. “Ele baseia os argumentos a partir dos exemplos de outros países que preservam apenas 10% da área natural. Acredito que para manter tudo que a Terra nos oferece, como água, alimentos e outros recursos, deveria ser, no mínimo, 30% de terras conservadas.” Para ela, esse é um momento delicado para inúmeras frentes sociais e os efeitos dos comentários equivocados de Miranda prejudicam ainda mais as perspectivas de êxito diante esses empecilhos.
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A ambientalista aponta que linha de crédito, incentivo e conscientização são alguns dos elementos que podem contribuir para que existam resultados efetivos. “Deveríamos ter uma grade curricular relacionada ao estudo do meio ambiente. A população deveria saber quais são os biomas, como eles funcionam, o que é compostagem e reciclagem, como produzir alimentos de forma saudável, entre outras pautas.” Ela frisa que esses são conhecimentos básicos para que todos saibam como funciona o planeta e, futuramente, elaborem mecanismos de desenvolvimento favoráveis a preservação.
Educação como objeto de transformação
Segundo a diretora executiva, a política nacional de educação ambiental orienta que existam nas escolas projetos interdisciplinares relacionados a isso. “Cada área pode contribuir com essa mudança de postura se conseguir envolver os alunos, professores, coordenação e comunidade nesse objetivo”. Ela recomenda que não é preciso elaborar uma matéria direcionada a essa discussão, mas é necessário que todos tenham como meta reestabelecer a importância de falar sobre meio ambiente no ensino fundamental. “Não podemos deixar que apenas um professor ensine enquanto os outros não trabalham nesse propósito.”
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Diálogos Envolverde
As lives desse programa ficam disponíveis no YouTube e Facebook da Agência Envolverde. As próximas edições acontecem toda quinta-feira, às 11h, nesses canais com especialistas em sociedade e meio ambiente.
*Conteúdo multimidiático produzido por estudantes de Jornalismo Presencial da Universidade Metodista de São Paulo, sob a supervisão das professoras Alexandra Gonsalez, Eloiza de Oliveira Frederico, Filomena Salemme, José Reis Filho e Wesley Elago.
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