ODS16

Bibi Ferreira – a saga de uma diva

Com patrocínio da Cesgranrio, grande dama do teatro brasileiro ganha biografia afetiva que será lançada na data do centenário de seu nascimento.

No dia 1 de junho, centenário de seu nascimento, a atriz Bibi Ferreira, cantora, diretora, dramaturga, iluminadora, produtora, e incontestavelmente um dos maiores ícones da cultura brasileira, ganhará uma inédita biografia afetiva: “Bibi Ferreira: a saga de uma diva” (Editora Batel), que tem ainda a assinatura da Fundação Cesgranrio como patrocinadora do projeto. Escrita pela atriz e jornalista Jalusa Barcellos, amiga de Bibi por mais de 40 anos e com quem dividiu o palco inúmeras vezes, a publicação viaja pelas suas nove décadas de existência (e de trabalho), garimpando revelações, causos e muitos episódios de bastidor.

Minha história com a Bibi começa logo depois que chego ao Rio, no início dos anos 70. Um dia fui a uma reunião do Partidão, na casa do Paulo Pontes, e quem abriu a porta foi Bibi. Quase não acreditei, porque recém chegada do Rio Grande do Sul, e mesmo já cobrindo teatro para O Globo, para mim ela era uma deusa. Tempos depois, recebi um telefonema do Paulinho, dizendo que queria que eu fizesse a divulgação de manutenção de “Gota D´água”, relembra a atriz, ressaltando que esse período foi decisivo para que, anos depois e já como atriz, elas se tornassem grandes amigas. Tanto que em 2018, Jalusa recebeu o pedido da própria Bibi para que escrevesse a sua biografia.

O livro será lançado no Teatro Cesgranrio, numa grade festa celebrando o centenário de nascimento da filha de Procópio Ferreira, que faleceu em fevereiro de 2019 aos 96 anos, deixando órfão não só o teatro brasileiro como seu imenso público, nominado por ela como seu grande amor.

A obra, com mais de 600 páginas e quase cem entrevistas, traz três luxuosos prefácios: do Professor Carlos Alberto Serpa (Presidente da Fundação Cesgranrio); do historiador, crítico e jornalista Ricardo Cravo Albin, e do ator, jornalista e escritor Sergio Fonta.

Carlos Alberto Serpa, ao nos receber em seu gabinete da Cesgranrio, e ao ouvir o que nos trazia ali: o apoio solicitado por Jalusa Barcellos para finalmente produzir-se uma biografia de Bibi Ferreira, foi cortante – “Para Bibi, feita por você, amiga íntima dela, além de autora da biografia do Procópio? Além de vir aqui trazida por este meu velho amigo? Fechado! Mãos à obra, porque a mais completa expressão das artes neste país de memória tão escassa quanto injusta merece a melhor biografia dentre todas já feitas até aqui”, escreve Albin no prefácio, dando a medida da importância da atriz para este grandes mecenas da cultura nacional, que é o professor Serpa.

Já Sergio Fonta destaca o trabalho de ourives feito por Jalusa no livro, destacando aspectos da vida pessoal e da vida profissional da grande estrela:Quando se faz o raio x de um corpo se obtém um resultado. Mas e quando se faz um raio x da alma? É possível? Este livro prova que sim. Desde os instantâneos de Bibi em sua mais tenra infância até o crescimento do ser humano e da atriz, suas conquistas, suas inseguranças, sua grandeza e um estilo inconfundível de interpretar personagens e de viver.

Todo livro tem uma história. E esta começa há muito tempo. Mais exatamente em 1998, quando não trabalhamos juntas, mas impulsionada pelas comemorações dos seus 70 anos de carreira, fui procurá-la. Ela acabara de realizar, com sucesso estrondoso, no Teatro Bradesco, em São Paulo, o espetáculo comemorativo “De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel”. Em seu retorno ao Rio, e tomando um café na espaçosa cozinha de seu apartamento da Avenida Rui Barbosa, no Morro da Viúva, perguntei, sem hesitar: “você não acha que está na hora de contar a sua história”? 

Pausa!… E depois de me olhar, fixamente, como de hábito, veio a resposta: “Ainda, não. Primeiro, você vai reparar uma grande injustiça, e vai contar a história de papai…” 

Passado o primeiro instante de perplexidade, e quando estava pronta para agradecer tamanha distinção, aquela Bibi, objetiva e direta, que tive o privilégio de conhecer bem, arrematou:

Não se preocupe, se um dia alguém tiver que contar a minha história, esse alguém será você”!

E assim aconteceu. Aqui está a biografia afetiva que, conforme o pedido de Bibi, é hoje uma realidade. E ninguém melhor para falar da sua destinação e futuras tiragens do que quem viabilizou este sonho. Com a palavra o Professor Carlos Alberto Serpa:

A Fundação Cesgranrio tem um forte compromisso com a educação e com a cultura brasileira. Na última década, de forma particular, desenvolvemos e incentivamos uma série de importantes projetos para a cena artística brasileira. Literatura, música, dança, audiovisual, artes plásticas, nossa atuação perpassa todas essas vertentes artísticas de forma comprometida e com projetos inovadores. Obviamente que a seara teatral não haveria de ser esquecida neste cenário. Pelo contrário! Damos ao teatro o valor merecido e reconhecemos o mérito dessa arte dentro do processo de formação da identidade cultural de nosso país. Garcia Lorca já dizia: “Mede-se a cultura de um povo pelo seu teatro!”.

#Envolverde