O que está acontecendo com a Amazônia e com as terras indígenas nestes meses não será apenas uma mancha escura e grave deste Des-Governo.
Será o legado funesto de uma geração inteira. Pois as consequências do que ali ocorre terão efeitos de longa duração. Danos permanentes.
Podíamos ser a Nação que se orgulharia de ter uma das maiores biodiversidades do mundo, protegida e utilizada com inteligência.
Optamos por entregá-la a bandidos, empresários inescrupulosos, autoridades corruptas e ladrões descarados.
Estamos hoje tomados pelo pânico da Covid e rodando em torno do nosso umbigo. Nossa revolta, quando existe, volta-se para fatos pequenos de um Presidente mesquinho e desagregador.
Nosso ânimo divide-se em apoio a fulano ou sicrano e a ética ou a política, fulanizadas, não têm fôlego. Não é Lula ou Bolsonaro. Somos nós e nosso futuro.
Digo e repito: parem de repercutir palavras carregadas de ódio e de pusilanimidade de quem não merece sequer nosso desprezo.
Vamos ao que interessa!!!
Defesa do nosso patrimônio ambiental e de nossa democracia, jovem e imperfeita, mas duramente conquistada.
Foi criada pela Fundação Sanders (pela mulher do até recentemente candidato a presidente, o democrata Bernie Sanders) uma Frente Progressista Internacional, reunindo intelectuais e ativistas da liberdade. Gente interessada em futuros, não em passados – que sequer foram gloriosos.
Precisamos, urgentemente fazer algo parecido no Brasil. Organizar as forças de resistência para além dos cercadinhos dos partidos.
O tempo urge, o mal que só aumenta ruge.
Que possamos ouvir esta urgência como chamamento.
Agir já.
Com determinação.
Sem hesitar, abandonemos a política do café pequeno e as distrações que são ofertadas em nosso cotidiano, calculadamente.
Não percamos de vista o que interessa.
Sejamos altruístas, generosos e mais atrevidos.
Andamos encolhidos como ratos, aceitando migalhas de explicações.
A Covid é real e perigosa. Mas chorar os mortos e entristecer-se com obituários não é suficiente.
A omissão é um crime de consciência do qual dificilmente nos livramos.
Todos os sinais estão aí.
Só ignora quem quer.
Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”. Foi vice-presidente do Conselho do Greenpeace de 2006-2008.