O Contato, do diretor carioca Vicente Ferraz, aborda o cotidiano de três famílias indígenas nas telas de cinema. As histórias se passam em São Gabriel da Cachoeira, um dos municípios com maior extensão do mundo, com 23 etnias e 18 línguas indígenas
“O Contato” foi produzido pela Bang Filmes, de Juliana de Carvalho, com direção de Vicente Ferraz (Soy Cuba, o Mamute Siberiano, a Estrada 47 entre outros), e trata-se de um filme sobre um dos mais urgentes temas globais: a Amazônia. O documentário é totalmente falado em 4 línguas indígenas da região da cabeça do cachorro, também conhecida como tríplice fronteira: Brasil, Venezuela e Colômbia, onde convivem 23 etnias e 18 idiomas indígenas. O Contato terá estreia mundial durante a Mostra Competitiva do Festival É Tudo Verdade no Rio e em São Paulo, que acontece de 13 a 23 de abril. Em São Paulo, dia 16/04, no Cine Marquize 1, às 20h30, e 17/, na Sala Grande Otelo, às 19h; no Rio, nos dia 17/04, no Estação Net Botafogo 1, às 20h, e dia 18/04, no Estação Net Botafogo 3, às 18h, com entrada franca e sujeito à lotação. A estreia comercial nas salas de cinema será no primeiro semestre de 2024.A patrocínio do longa é assinado por: Austral, Valid, Civil Master e CSP.
São Gabriel da Cachoeira é um dos municípios com maior extensão do mundo: 109.184,996 km2 e tem 95 % da população composta por indígenas. O filme cobre cerca de 3.000 quilômetros de filmagens no entorno do rio negro. Toda essa diversidade de culturas e tradições ancestrais está refletida em mitologias, muitas vezes épicas, sobre a criação do planeta e da humanidade. A Cabeça do Cachorro, como é conhecida essa região do Brasil, mergulha na visão de mundo subjetiva dos povos originários de São Gabriel, contando a história da região por meio de seus personagens, os verdadeiros protetores da Amazônia. Aqueles que há séculos lutam para manter seus direitos, seus modos de vida e a floresta de pé.
A produtora Juliana de Carvalho explica como surgiu a motivação de fazer o filme: “Estive em São Gabriel pela primeira vez em 2017 para pesquisas iniciais, porém sem ter a certeza de que eu faria um filme. Num reencontro com antigas amigas com os mesmos interesses, em três meses organizamos a primeira expedição para a grande reserva indígena. Eu cheguei a São Gabriel com muito respeito. Nunca tinha tido contato com indígenas. Minha ideia inicial foi fazer entrevistas para me apresentar, falar da proposta de fazer um filme sobre a região e escutar o que os indígenas teriam interesse em contar. ‘O Contato” parte do princípio de que a fala é indígena, apenas a transportamos para o formato de cinema. A ideia foi dar voz aos índios para que eles falassem o que pensam das próprias histórias e desafios sociais”, adianta Juliana.
Convidado por Juliana para dirigir o filme, o cineasta Vicente Ferraz conta como se deu o processo que levou ao roteiro do filme, assinado por ele e por Juliana: “Gosto de abordar essas histórias com uma visão humanista. Para chegar a São Gabriel, nós viajamos de barco durante quatro dias pelo rio Negro. No barco, encontramos ianomâmis, daí já surgiu uma história: que era a dos índios levando um filme para ser visto na aldeia deles. A partir de histórias curtas tentamos mostrar a diversidade do lugar”, destaca.
“Este é um filme com narrativas paralelas, um espelho do Brasil. Procura oferecer uma visão diferente sobre a Amazônia da que se tem na região sudeste e no restante do Brasil, menos pré-concebida e maniqueísta. Foi realizado também vencendo muitos desafios, de ordem logística, de produção e no trato das relações humanas”, conclui Juliana.
Contrapartida social:
O processo de filmar em São Gabriel, além de destacar a região e contar ao mundo sobre seus personagens, também trouxe benefícios concretos, entregues pelos patrocinadores, Lojas Americanas e Americanas.com, e pela Bang Filmes: “A negociação com cada comunidade foi muito especial. Fazíamos um primeiro contato para falar das nossas intenções de filmar, daí reuníamos as principais lideranças e eles decidiam o que era melhor para a comunidade. Para os Baniwa reformamos o centro social, para os Hupdas construímos uma escola, os demais escolheram equipar escolas e associações com tecnologia”, detalha Juliana de Carvalho.
Histórias e Personagens:
1) Maristela (55) professora primária, da etnia Arapasso, que parte de sua comunidade para São Gabriel da Cachoeira a fim de cuidar de um problema de família, e ao longo do caminho encontra amigos com quem relembra as lutas pela demarcação das terras.
2) Graciliano (47, Baniwa) e Jacinta (27, Hupda) um casal de miscigenação incomum que viaja à comunidade da avó de Jacinta para apresentar-lhe o pequeno filho Luan (4, Baniwa).
3) Grupo Yanomâmi numa viagem de barco pelo Rio Negro é encarregado de levar até Maturacá, onde vivem, uma curiosa encomenda: um conjunto de fotos e um filme feito em 2017, durante o Reaho, ritual fúnebre e sagrado em homenagem a um importante líder espiritual.
Sobre Vicente Ferraz:
Vicente Ferraz, cineasta carioca, formou-se em Comunicação na PUC-Rio e em cinema pela EICTV – Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba.
Filmografia selecionada:
– A estrada 47 (2013). Prêmio de Melhor Filme no Festival de Gramado 2014.
– Arquitetos do poder (2010). Selecionado para o festival de documentários É tudo verdade.
– O último comandante (2010. Selecionado nos festivais de Pequim e Chicago. Premiado nos festivais de Trieste e CineCeará.
– Germano (2007). Episódio do longa coletivo O estado do mundo. Selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
– Soy Cuba, o mamute siberiano (2004). Prêmio de melhor documentário no Festival de Gramado e no Festival de Guadalajara (México). Representante do Brasil no Festival de Sundance em 2005. Um dos 100 melhores documentários brasileiros pela ABRACI.
Sobre a Bang Filmes:
Filmografia selecionada:
– O Risco, Lucio Costa e a utopia moderna (2003). Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Gramado e no Festival de Cinema do Ceará.
– Embarque Imediato (2009). Selecionado para os Festivais: Festival do Rio (RJ), Miami (EUA) e Conservatória (RJ).
– O Diário de Tati (2012), coprodução com Globo Filmes, Universal e Paramount Pictures. Sucesso de bilheteria.
– São Sebastião do Rio de Janeiro, a formação de uma cidade (2016). Selecionado para o Festival do Rio, com exibições na França e nos EUA.
– Caminho do Mar (2017). Prêmio Especial do Ministério da Coréia do Sul no Green Film Festival (Oitavo Fórum Mundial da Água – DF – 2018), por nossa promoção da defesa das águas e rios do Brasil. Em exibição na TV Sesc, Cine Brasil TV e TV Senado
(#Envolverde)