por Dal Marcondes –

Os últimos quatro anos devem servir como um alerta. Como uma amostra das possibilidades sombrias que a ignorância política pode impor ao Brasil   

Lula retorna ao Palácio do Planalto 20 anos após sua primeira eleição presidencial. Há quem diga que isso deveria ter acontecido 4 anos atrás. Isto já é trabalho para historiadores. Durante os oito anos em que exerceu a presidência da República, entre 2003 e o final de 2010 as políticas públicas de combate à pobreza, à fome e à desigualdade, além das políticas de inclusão educacional e em universidades foram reconhecidas pela ONU como referência para o mundo. No entanto, apesar de mundialmente reconhecidas, essas políticas não conseguiram comover uma importante parcela dos brasileiros beneficiados. Talvez por vergonha de ter se valido de políticas de inclusão para garantir a mobilidade social e a ascensão econômica, adotaram o discurso do mérito próprio. Há mérito, isso é inegável, mas foram as políticas públicas que abriram as portas para essa mobilidade.

Os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro deixaram muito claro que sem as políticas públicas de acesso e garantias de direito a miséria se instala e os ganhos são desconstruídos. A história segue caminhos estranhos para construir sociedades capazes de compreender a complexidade das estruturas políticas e econômicas. Quatro anos de um governo desinteressado pela pobreza e incapaz de empatia com as minorias mostrou que o Brasil ainda é um país dependente de sustentações públicas para evitar retrocessos,

Bolsonaro no poder tornou-se especialista em terceirizar as culpas. Lula chama para si as responsabilidades. Isso faz toda a diferença.

Isso significa que a sociedade civil organizada, que novamente terá voz no cenário nacional e nas representações do Brasil nas grandes pautas mundiais deverá, também, ter uma voz crítica em relação aos caminhos do país. O Brasil é imenso e as organizações sociais são os braços longos da cidadania.

No campo do conhecimento a participação social foi alijada de conselhos e grupos de trabalho em ciência, educação, meio ambiente e outros. Os quatro anos de Bolsonaro comprovaram que a política pode ser manipulada em função de interesses que nem sempre são da maioria da sociedade, dos mais vulneráveis, dos povos sem voz, da infância e de todos que dependem do fortalecimento de políticas públicas em assistência social, educação, saúde, emprego e tudo o mais que ajuda a fortalecer a família em todas as suas configurações e as relações entre instituições e pessoas.

Não há inocentes nesta história. O próprio Partido dos Trabalhadores têm responsabilidades, não soube manter os controles institucionais sobre a gestão pública em seus governos no Planalto e, na oposição, não assumiu seu papel de voz da sociedade contra os desmandos das hostes bolsonaristas dentro e fora do governo federal.

Agora, através de uma frente ampla, Lula retorna ao governo. Passou por muita coisa. Já é o político vivo de maior legado à sociedade brasileira. Terá a oportunidade de fazer mais, muito mais. (#Envolverde)