Objetivo é ajudar lideranças e comunidades a encontrar apoio, informação e pesquisas para afastar ideologias extremistas, tão disseminadas pela internet
Palavras têm o poder de curar o mundo? A jornalista carioca Beatriz Buarque tem tanta certeza de que isto é possível que acaba de lançar o portal Words Heal the World (www.wordshealtheworld.com), que reúne instituições em diferentes continentes que se dedicam a trabalhar contra o extremismo e, consequentemente, o terrorismo.
“A intenção com o portal é ajudar as pessoas que buscam apoio, informações e pesquisas para combater as ideologias extremistas”, resume Beatriz. “Também vamos investir em vídeos para alimentar a página no Facebook e somos muito atuantes do Twitter. Por meio destes canais, vamos mostrar que existem muitas instituições que se preocupam em semear mensagens de paz e divulgar estudos que alertam para o perigo do extremismo. Essas inciativas precisam ser compartilhadas e ter seus discursos fortalecidos. Esta é a missão do portal.”
A ideia, segundo a jornalista, surgiu após um “fracasso”. “Em 2015, fiz uma viagem a Israel que mudou para sempre minha vida. Na ocasião, pude entender um pouco mais sobre os conflitos no Oriente Médio e voltei disposta a estudar o impacto da internet na propagação de ideologias extremistas e, por consequência, do terrorismo”, lembra. “Escrevi um artigo, participei de algumas seleções de mestrado e não fui aprovada. Mas minha convicção como jornalista de que as palavras têm poder e podem transformar a realidade não permitiu que eu ficasse parada. Foi quando decidi criar o portal”.
A convicção da jornalista sobre o poder das palavras também foi a inspiração para batizar o portal: Words Heal the World, “palavras curam o mundo”, em Português. “A batalha atual contra o terrorismo vai além da esfera militar e passa pela informação. Se as palavras são usadas para matar, elas também podem ser usadas pra curar e é isso que várias instituições têm feito: algumas usam a palavra para evitar que novos jovens sejam recrutados; outras, para trazer de volta aqueles que estão no meio do caminho em direção à Síria ou Iraque. Há quem as use para esclarecer a sociedade sobre o perigo do avanço da extrema-direita na Europa ou para alertar sobre a islamofobia”.
No portal, os interessados poderão fazer buscas por continente e encontrar as instituições de combate ao extremismo que atuam no seu país. Encontrarão, ainda, informações sobre as estratégias midiáticas usadas por alguns grupos terroristas a fim de evitar que jovens e crianças caiam nessa armadilha. Por fim, o portal também se propõe a divulgar estudos feitos sobre o assunto e notícias relativas às atividades feitas pelas instituições.
Beatriz já faz planos para o portal: pretende, em breve, firmar uma parceria com uma universidade brasileira para que jovens estudantes de Jornalismo também possam escrever sobre estudos relativos ao extremismo e radicalização, gerando assim o que chama de “comunicação pela paz”. “Estudiosos divulgam relatórios e artigos sobre o tema e as instituições promovem atividades de combate ao extremismo. Nossos estudantes farão matérias sobre esse material para o site, aumentando a conscientização sobre o assunto, bem como a importância da prevenção”.
Católica, descendente de libaneses e apaixonada pela cultura árabe, a jornalista confessa sua maior motivação com o portal Words Heal the World. “Algumas pessoas me perguntam porque me preocupo tanto com a escalada de violência no mundo se o Brasil nunca sofreu um atentado terrorista. A resposta é simples: somos todos irmãos. Não importa a raça nem a religião. Somos seres humanos e, numa sociedade marcada pela conectividade, os jornalistas possuem um papel de extrema importância. Algo precisa ser feito. E se eu conseguir dar mais visibilidade às instituições que têm se esforçado para criar mensagens de paz, estarei feliz”. (Envolverde)