Em inglês conhecida como “trust-based philanthropy”, é uma abordagem à prática da doação que reconhece e endereça o desequilíbrio de poder inerente entre grandes doadores e organizações da sociedade civil (OSCs) e comunidades beneficiadas.
Em sua essência, a filantropia baseada na confiança trata da redistribuição do poder – sistêmica, organizacional e interpessoal – a serviço de um ecossistema (o terceiro setor) mais saudável e, consequentemente, mais justo.
Seus seis princípios são:
1. Faça doações multi-anuais (ao invés de sustentar o ciclo anual/fiscal) e sem restrições. Ou seja, sem determinar exatamente como dinheiro deve ser usado, como é geralmente feito o grantmaking no Brasil e no mundo, um desdobramento de decisões e teorias de mudança elaboradas exclusivamente pelo doador (com base na sua visão de mundo, no seu saber, nas bordas do seu aquário).
2. Faça a lição de casa: a inversão da lógica atual onde a organização social é que tem que conhecer os financiadores, aplicar para os seus processos que são publicamente lançados. A responsabilidade de conhecer os potencias beneficiários para a ser também do financiador. Aliás, é o financiador que tem recursos para fazer pesquisa, visitas e coletar dados.
3. Simplifique e agilize a papelada: as OSCs gastam uma quantidade excessiva de tempo em processos de seleção e relatórios orientados por financiadores, o que as desvia de sua missão (principalmente as menores, fomentando uma desigualdade entre organização em busca de recursos).
4. Seja transparente e receptivo: a comunicação aberta, honesta e transparente apoia os relacionamentos enraizados na confiança e na responsabilidade mútua.
5. Solicite feedback e aja de acordo com ele: a filantropia não tem todas as respostas. As OSCs beneficiárias e as comunidades fornecem uma perspectiva valiosa que pode informar a estratégia e a abordagem de um financiador, tornando inerentemente o trabalho mais bem-sucedido a longo prazo.
6. Oferecer apoio além do cheque: suporte responsivo, adaptável e não monetário reforça a liderança, a capacidade e a saúde organizacional. Isso é especialmente crítico para organizações que historicamente não têm o mesmo nível de redes ou suporte que seus pares mais estabelecidos.
Eu leio estes princípios e meu coração se enche de esperança de que a filantropia irá de desprender de suas amarras reducionistas, sua vestimenta emprestada da esfera econômica, e libertar o seu verdadeiro potencial de conexão e cura.
Fonte: https://communityfoundations.ca/?s=Trust+based+