Levantamento, cujas soluções serão adaptadas pela Exchange 4 Change Brasil em 2023, alerta que desperdício tem custo estimado de US$ 1 trilhão por ano; documento foi entregue a representante do BNDES
Um terço da comida produzida ao redor do mundo é perdida ou desperdiçada, enquanto 811 milhões de pessoas passam fome, alerta o novo estudo Waste Management as a catalyst to a Circular Economy (“Gestão de Resíduos como catalisador de uma Economia Circular”). Desenvolvido pelo Ministério de Infraestrutura e Gestão de Água da Holanda e pelo Holland Circular Hotspot, o material revela que o desperdício gera uma perda financeira de US$ 1 trilhão de dólares. No Brasil, a publicação terá as soluções adaptadas para o contexto nacional pela Exchange 4 Change Brasil (E4CB), organização que orienta a transição para a economia circular no país.
O documento foi entregue pela assessora de Economia Circular do Ministério do Meio Ambiente do Reino dos Países Baixos, Jessica Leffers, ao gerente do departamento das Indústrias de Base do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcio Henriques. A entrega, mediada pela E4CB e com o apoio do Consulado Geral do Reino dos Países Baixos em São Paulo, representa mais um passo na iniciativa do BNDES de firmar parcerias para o fomento de iniciativas circulares.
– Para alimentar a população mundial em 2050, nós vamos precisar de 56% a mais de comida, sem usar mais terra para a produção. Mesmo assim, essa quantidade de alimento produzido para o consumo humano está sendo perdida. As pessoas passam fome e desperdiçamos como se fosse um privilégio. Estratégias de economia circular podem promover soluções desde o começo da cadeia de valor – destaca Jessica Leffers, que complementa. – O lixo orgânico que não é separado e é disposto em lixões e aterros contribui para a geração de graves poluentes quando não há métodos eficientes de manejo. Quando tratados de forma apropriada, alimentos desperdiçados podem gerar altos valores financeiros e ambientais. Podem ser transformados em biogás, por exemplo, ou ter suas fibras usadas nas indústrias têxtil, de papéis ou de materiais de construção.
Além do desperdício de alimentos, o estudo também destaca a necessidade de os países implementarem melhorias na gestão de outros tipos de resíduos. O fluxo de eletrônicos, por exemplo, deverá crescer 38% entre 2019 e 2030; atualmente, apenas 17,4% é arrecadado e reciclado. Entre os resíduos plásticos, 32% acabam no meio ambiente: a estimativa é que, aproximadamente, 3% do total do lixo plástico chegue aos oceanos. 40% dos resíduos plásticos são aterrados, 14% são incinerados e apenas 14% são recolhidos para reciclagem.
A diretora da Exchange 4 Change Brasil, Beatriz Luz, comenta que as práticas holandesas destacadas no documento têm o potencial de se adequar à realidade brasileira:
– Sabemos que, apesar das muitas diferenças que separam o Brasil e a Holanda, diversas soluções trazidas pelo levantamento podem ser adaptadas, levando em consideração as particularidades do nosso país. A publicação traz um plano de ação que apresenta um passo a passo do que é necessário para a criação de um ecossistema favorável à efetiva gestão dos resíduos. Então, faremos os diagnósticos, conversaremos com o setor e traremos recomendações para nos apropriar do que a experiência holandesa nos ensina. Além disso, o apoio de um órgão tão importante como o BNDES demonstra que há uma tendência de engajamento das instituições públicas na transição circular, sendo atores fundamentais para o fomento de novos modelos de negócios.
O principal objetivo é apresentar as melhores práticas de empreendedores, autoridades públicas e instituições na gestão de resíduos na Holanda, que é referência mundial na implementação de uma economia circular. As soluções podem ser aplicadas em diferentes lugares e contextos, visto que muitos países enfrentam desafios semelhantes decorrentes da geração de resíduos e das mudanças climáticas.
Uma das principais mensagens do estudo é que nenhum ator faz a transição sozinho, destacando a importância de um esforço colaborativo por meio de ações, compromissos e conversas entre os diferentes elos da cadeia produtiva e junto a órgãos governamentais. Com isso, a publicação pretende estimular debates, fomentar a colaboração internacional e acelerar o desenvolvimento rumo a um novo modelo econômico e ambiental.
– Como parte do reposicionamento do BNDES como banco do desenvolvimento sustentável do Brasil, nosso planejamento estratégico passa a incorporar, a partir do ano que vem, a temática da economia circular, o que tende a ter reflexos em nossos produtos e serviços oferecidos. Para nós, é fundamental a troca de informações e experiências com outros países, a fim de compreender quais são os caminhos e as possibilidades para uma economia circular no Brasil. O estudo holandês que nos foi entregue serve como inspiração e abre portas para estreitarmos os laços com outros países. Por isso, é importante estar em um ecossistema que promova a interação entre todos os atores – disse Marcio Henriques, gerente do departamento das Indústrias de Base do BNDES.
O levantamento Waste Management as a catalyst to a Circular Economy pode ser acessado através do link.
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