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Associação Médicos da Floresta promove 2.000 atendimentos em comunidades indígenas

Retomada da atuação presencial da ONG ocorreu nas regiões de Pau Brasil e Barra Velha, na Bahia, e no Parque Indígena do Xingu; novas expedições estão sendo planejadas para 2022.

Atualizado em 09/02/2022 às 18:02, por Redação Envolverde.

Retomada da atuação presencial da ONG ocorreu nas regiões de Pau Brasil e Barra Velha, na Bahia, e no Parque Indígena do Xingu; novas expedições estão sendo planejadas para 2022.

– Após quase dois anos de pausa nas ações presenciais, em razão da pandemia do novo coronavírus, a Associação Médicos da Floresta — AMDAF retomou nos últimos meses de 2021 seus atendimentos oftalmológicos e odontológicos às populações indígenas. Ao todo, foram 2.000 pessoas contempladas pelas ações clínicas, realizadas nas regiões de Pau Brasil e Barra Velha, no sul da Bahia, e no Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso).

Essas avaliações, agora, renderão frutos. Primeiro, duas expedições entregarão nessas regiões, em fevereiro, centenas de pares de óculos corretivos — que se somarão àqueles já distribuídos durante as ações.

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Além disso, os voluntários da AMDAF identificaram, em seus diagnósticos na região do Xingu, cerca de 250 casos com necessidade de cirurgia, a maioria em razão da catarata ou de pterígio.

“Todas as nossas atividades comunitárias foram significativamente impactadas pela crise sanitária, o que significa que muitos seguem esperando tratamento e cuidados — e, enquanto isso, ainda sofrem com problemas oculares”, diz Frank Hida, presidente e cofundador da AMDAF. “Esse cenário faz com que esse retorno às expedições seja muito especial para a ONG, mais ainda quando falamos de nossa volta ao Xingu.”

Foi ali que, em 2016, a entidade realizou suas primeiras missões para levar diagnóstico, tratamento e acompanhamento oftalmológico às populações indígenas. Nos primeiros anos de atuação na área, foram identificadas 168 pessoas com problemas que requerem solução cirúrgica. Em dezembro, outras 86 se somaram à lista.

Para atendê-los, os voluntários angariam atualmente apoio para uma segunda etapa das expedições, prevista para maio. “Com a melhora do quadro de contaminações e a vacinação ampla da população contra a Covid-19, pudemos finalmente realizar novos atendimentos. Mas ainda há muito a ser feito.”

Ele conta que, além de organizar novas missões ao longo do ano, a AMDAF quer retomar em 2022 o Amazonian Trachoma Project. Idealizado pelo Dr. Celso Takashi Nakano, um dos fundadores da associação, o projeto visa ajudar a eliminar o tracoma como causa de cegueira nas tribos brasileiras.

A doença é causada por uma bactéria e transmitida por meio do contato com secreções infecciosas dos olhos e nariz, além de ser propagada por moscas que tenham contato com a secreção da pessoa infectada.

Sua ocorrência se dá, principalmente, em áreas de maior concentração de pobreza, deficientes de condições de saneamento básico e acesso à água. Em algumas comunidades indígenas, o tracoma chega a ser identificado em mais de metade da população, atingindo percentuais acima de 30% entre crianças.

Para mudar esse cenário, é preciso tratar os infectados (com antibióticos e, eventualmente, cirurgias), além de promover a educação sobre as condições necessárias para evitar a infecção — como higiene pessoal e melhoria do ambiente.

“Esse é um projeto pelo qual temos um carinho imenso, e que precisou ser completamente paralisado em razão da pandemia. Agora, em 2022, queremos finalmente colocar essas ações em prática”, afirma Hida.

Aliança internacional

A AMDAF é a única entidade no Brasil associada à Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), aliança internacional fundada em 1975 e atuante em mais de 100 países, que trabalha para promover a saúde ocular ao redor do mundo.

E, como parte do programa 2030 in Sight (2030 em Vista) da IAPB, cujo objetivo é eliminar a cegueira evitável em todo o mundo até o fim da década, a AMDAF tem a meta de abranger um total de 300 mil indígenas com suas ações neste período.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ao menos 2,2 bilhões de pessoas têm uma deficiência visual ou cegueira. Entre elas, estima-se que ao menos 1 bilhão tenham uma condição que poderia ter sido evitada, se tratada, ou que ainda não foi endereçada.
“A grande demanda de saúde hoje, no mundo todo, é a oftalmologia. Até 2050, o número de pessoas com miopia chegará a 5 bilhões, segundo a OMS. E a vantagem dessa especialidade é que o atendimento pode resolver a maioria dos problemas dos pacientes. A gente só precisa chegar até eles”, diz o presidente da ONG.

A organização vem investindo ainda no uso de equipamentos portáteis e com recursos de inteligência artificial para o diagnóstico precoce desses problemas. Para isso, receberá nos próximos meses um grande reforço: foi selecionada no fim de 2021 pelo programa Silver Economy Challenge, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que concederá até US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões) em recursos para iniciativas que visem a melhorar a qualidade de vida da população em envelhecimento.

Sobre a AMDAF

A Associação Médicos da Floresta é uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne médicos, gestores e criativos para prestar atendimento a comunidades indígenas em todo o território brasileiro. Sua missão é promover a qualidade de vida e inclusão social das comunidades carentes, por meio de ações inovadoras nas áreas da saúde, infraestrutura e educação.

Para saber mais, clique aqui.

*Créditos imagem destacada: Foto: Andre Dib/AMDAF

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