O aumento de jornadas exaustivas, imposição de metas abusivas, falta de reconhecimento e autonomia no ambiente de trabalho são algumas das possíveis causas de transtornos associados à atividade laboral, como a síndrome de burnout
A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a síndrome de burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Definida como “estresse crônico”, a patologia está relacionada com o esgotamento laboral. A decisão da OMS ocorreu durante a assembleia mundial da organização, que ocorre desde 20 de maio, em Genebra. A inclusão oficialmente começa a valer em 2022
A lista é feita com base nas avaliações de especialistas de todo o mundo e utilizada para estabelecer tendências e estatísticas de saúde. Para o psicólogo da Holiste Psiquiatria, Ueliton Pereira, o aumento de jornadas exaustivas, imposição de metas abusivas, falta de reconhecimento e autonomia no ambiente de trabalho são algumas das possíveis causas de transtornos associados à atividade laboral, como a síndrome de burnout.
O conceito mais usado para a patologia, segundo Ueliton, é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, que resulta do acúmulo excessivo em situações de trabalho emocionalmente exigentes e principalmente estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.
“A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Geralmente começa com uma crise de ansiedade ou pânico, para depois se desenrolar como a Burnout”, completa o psicólogo.
Ele destaca ainda que a doença laboral se caracteriza quando os sintomas surgem decorrentes da rotina do trabalho e envolvem o ambiente e qualquer assunto referente à atividade. Os pacientes podem sentir crises de ansiedade e pânico no momento que têm que sair para ir trabalhar, ou o coração dispara quando fala do chefe ou de alguma situação que remete ao trabalho.
“Quando o desânimo começa no final de semana, ao lembrar que no dia seguinte retomará a rotina e isso começa a aumentar a ponto de os sintomas começarem a um ou dois dias antes é um sinal. Muitos pacientes relatam que sonham, só falam no trabalho e sentem todos os incômodos possíveis, a ponto de começar a gerar faltas e outros. Cansaço excessivo – físico e mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite e no sono, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança e negatividade constante são possíveis sintomas de adoecimento”, sublinha.
A CID-11 também terá outras atualizações, uma delas relacionada à saúde sexual, que passa a abranger a incongruência de gênero, até então citadas na seção sobre enfermidades mentais. Já o transtorno provocado por jogos eletrônicos foi incluído no capítulo sobre dependências. (Agência de Textos)