Por ONU Brasil –
Iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), o projeto Cozinha&Voz Maragogipe promoverá a formação profissional na área de cozinha para 24 mulheres quilombolas no Recôncavo baiano.
O projeto está estruturado em dois pilares. O componente “Cozinha” conta com a coordenação técnica da chef Paola Carosella e centra-se nas aptidões básicas requeridas para o trabalho em uma cozinha profissional ou para uma ação de empreendedorismo, com a preocupação de respeitar a cultura local.
Coordenado pelas atrizes e poetas Elisa Lucinda e Geovana Pires, da Casa Poema, o componente “Voz” é composto por oficinas, nas quais alunos e alunas, por meio da poesia e da literatura, desenvolvem e aperfeiçoam habilidades socioemocionais que lhes ajudarão nas iniciativas profissionais e pessoais.
Desde 2017, o Cozinha&Voz já formou 494 pessoas em 9 estados.
O projeto Cozinha&Voz chega a Maragogipe, no Recôncavo baiano, para promover a capacitação profissional, como auxiliar de cozinha, o fortalecimento comunitário e a inclusão produtiva de 24 mulheres quilombolas.
O objetivo do Cozinha&Voz é promover a formação profissional integral, incluindo o componente técnico e as habilidades comunicacionais, para apoiar na inclusão no mercado formal de pessoas que estão em situação de exclusão socioeconômica, além de serem parte de algum grupo que sofre preconceito, como quilombolas, mulheres em situação de violência, indígenas, entre outros.
O Cozinha&Voz é uma realização da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), com apoio da Casa Poema, por meio das atrizes Elisa Lucinda e Geovana Pires, e da chef Paola Carosella. Em Maragogipe, terá seu componente de formação profissional executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) em Feira de Santana, além de contar com o apoio fundamental da Associação Edson dos Santos e do grupo de marisqueiras do quilombo do Dendê.
A iniciativa do curso surgiu de uma demanda do Projeto Àwúre, uma ação multissetorial de abrangência nacional da OIT, do MPT e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com foco em populações tradicionais e periféricas.
O município de Maragogipe está localizado no Recôncavo Baiano, cerca de 130 km de Salvador e na confluência dos rios Paraguaçu e Guaí. Assim como outras cidades da região, Maragogipe abriga tradições religiosas do catolicismo e do candomblé e uma população formada por moradores de comunidades tradicionais de religiões de matriz africana, quilombolas, ribeirinhas, marisqueiras e trabalhadores(as) de manufatura de carne de fumeiro e suas famílias.
Tal como ocorrido em centenas de municípios brasileiros, a população de Maragogipe sentiu os impactos da pandemia da COVID-19 na forma de perda de renda, de insegurança alimentar, de aumento do desemprego e, o mais grave, na perda de vidas. Na cidade, a culinária tradicional local é uma grande fonte de renda para as famílias. Por isso, as pessoas que participam do Cozinha&Voz são quilombolas que trabalham fundamentalmente como marisqueiras, que podem e querem empreender ou melhorar seus negócios com sustentabilidade e inclusão produtiva.
“Esta edição do Cozinha&Voz enfocou na capacitação de mulheres quilombolas de Maragogipe e entorno, atendendo a uma demanda da própria comunidade, que está engajada em fortalecer os quilombos locais por meio da formação profissional e desenvolvimento de habilidades socioemocionais e de expressão. Realizar esse curso, no momento de reconstrução da crise acarretada pela pandemia, tem sido visto como motivo de esperança e possibilidade de novos recomeços na região”, disse Diego Calixto, oficial nacional de projeto da OIT.
Em janeiro de 2022, o Cozinha&Voz Maragogipe começou as atividades com as oficinas de poesia ministradas pela atriz Geovana Pires da Casa Poema, no quilombo do Dendê para duas turmas, de 12 mulheres cada. Entre fevereiro e março, as aulas de formação técnica, em auxiliar de cozinha profissional, serão ministradas pela equipe do SENAC em Feira de Santana. O translado das alunas será fornecido pelo projeto e, assim como as aulas presenciais, obedecerá aos protocolos de saúde e segurança mais rigorosos para proteção contra o contágio da COVID-19.
Oriundas de nove quilombos da região (Dendê, Angolá, Giral Grande, Quizanga, Baixão do Guaí, Porto da pedra, Mutanba, Pijuru e Capanema), cada participante receberá uma bolsa de estudos no valor de R$500,00, para garantir que possam se dedicar ao processo de aprendizagem, já que renunciarão a algumas horas do trabalho regular.
Como coordenadora técnica do componente de formação profissional, a chef Paola Carosella acompanha o planejamento de todos os cursos e, neste, além das atividades regulares, ela fará uma reunião com as 24 alunas, no quilombo do Dendê, para discutir possibilidades de projetos como resultado do processo do curso. Esta atividade presencial será fundamental para que ela escute a comunidade e aprenda sobre sua história e tradições, garantindo assim que o curso seja um componente de fortalecimento da memória, respeite e fortaleça a cultura local.
“Onde eu moro, não tem essas oportunidades. Por meio desse curso, quem sabe eu consigo uma vaga de emprego um dia. Além de fortalecer o que a gente já sabe, vamos aprender mais, ganhar mais experiência”, disse Beatriz Oliveira De Jesus, 22 anos, que trabalha como marisqueira no quilombo Porto da Pedra.
Para a subprocuradora-geral do Trabalho, coordenadora nacional do Grupo de Trabalho “Povos Originários e Comunidades Tradicionais” no MPT e do Projeto Àwúre, Edelamare Melo, “a chegada do Cozinha&Voz no Recôncavo Baiano, para além de propiciar capacitação e qualificação profissional, propicia o resgate da cultura ancestral e o empoderamento dos beneficiários e das beneficiárias , além da sua história, cultura e tradições esquecidas e perdidas no tempo, aspectos fundamentais para a construção de identidades”.
Ela ressalta, ainda, a importância da articulação das ações do Projeto Àwúre com o Cozinha&Voz, que se complementam como estratégia de fomento ao empoderamento dos povos originários e comunidades tradicionais a partir daquilo que lhes é fundamental: suas características identitárias próprias e que as distinguem dos demais segmentos populacionais brasileiros”.
A experiência exitosa
O Cozinha&Voz foi lançado em 2017 pela OIT e pelo MPT, em parceria com a Casa Poema e a chef Paola Carosella.
O projeto está estruturado em dois pilares. O componente “cozinha” conta com a coordenação técnica da chef Paola Carosella e centra-se nas aptidões básicas requeridas para o trabalho em uma cozinha profissional ou para uma ação de empreendedorismo, com a preocupação central de respeitar a cultura local, valorizando os ingredientes nativos.
Coordenado pelas atrizes e poetas Elisa Lucinda e Geovana Pires, da Casa Poema, o componente “Voz” é composto por oficinas, nas quais alunos e alunas, por meio da poesia e da literatura, desenvolvem e aperfeiçoam habilidades socioemocionais que lhes ajudarão nas iniciativas profissionais e pessoais.
Com o início da pandemia em 2020, a OIT e o MPT adotaram uma estratégia digital para auxiliar e manter a preparação profissional e o suporte emocional de uma população extremamente vulnerável: pessoas trans e travestis que, como muitas pessoas, foram duramente afetadas pela pandemia e tiveram suas rendas reduzidas ou perdidas. A metodologia do curso presencial foi adaptada para a modalidade online, ministradas por meio de uma ferramenta de videoconferência. Assim, surgiu o web Cozinha&Voz, que contou com o apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
Em quatro anos, o projeto formou 494 pessoas em Boa Vista (RR), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Vitória (ES).
Nova identidade visual
Para essa edição em Maragogipe, o Cozinha&Voz lança sua nova identidade visual, destacando dois elementos centrais da iniciativa: o trabalho decente e a expressão. A logomarca apresenta esses pilares por meio de elementos incorporados à tipografia, ou seja, objetos que rementem à culinária em “cozinha” e um traçado orgânico para representar a expressão pessoal em “voz”. A nova identidade vem com uma nova fase, após alguns anos de experiencias e possibilidade de avaliação das boas práticas e de adequações para melhor atender à comunidade.
#Envolverde