Por ONU Brasil –
Nas Américas, mais de 365 mil mulheres grávidas contraíram COVID-19 e mais de 3 mil morreram.
A falta de acesso à atenção oportuna e interrupções nos serviços de pré-natal são responsáveis pelo aumento da mortalidade materna nas Américas durante a pandemia, com uma em cada três mulheres grávidas incapazes de acessar cuidados intensivos oportunos, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
Com os casos de COVID-19 entre gestantes atingindo mais de 365 mil na região nos últimos dois anos e o número de mortes ultrapassando 3 mil, Etienne disse em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (2) que “isso é uma tragédia, especialmente agora que temos vacinas seguras e eficazes.”
Um estudo pré-publicado pela OPAS sobre mortalidade materna em oito países mostrou que das 447 mulheres grávidas que morreram entre 1 de março de 2020 e 29 de novembro de 2021, 90% já apresentavam sintomas de risco de vida quando internadas no hospital.
Quase 77% tiveram seus bebês prematuros e 60% dos bebês nasceram com baixo peso – um problema que pode afetar a saúde de uma criança por toda a vida.
“Devemos priorizar as mulheres para garantir que estejam protegidas do pior da pandemia”, declarou Etienne.
As mulheres grávidas, em particular, estão “entre as mais vulneráveis à COVID-19 devido a mudanças em seu sistema imunológico, que podem colocá-las em risco de doença grave”, acrescentou, pedindo aos países que aumentem urgentemente o acesso às vacinas, garantam a continuidade dos serviços de saúde dos quais as mulheres dependem e melhorem o acesso aos serviços de planejamento familiar.
Embora a maioria dos países da região recomende a vacinação contra COVID-19 para mulheres grávidas, sua aceitação ainda é muito baixa. “É fundamental que os profissionais de saúde conversem com as gestantes sobre a importância de se vacinar para protegê-las e proteger seus bebês desse vírus”, afirmou a diretora da OPAS.
Etienne pediu ainda maior ênfase em programas que atendam mulheres de minorias étnicas, como afrodescendentes, mulheres indígenas e migrantes, que “frequentemente estão em maior risco devido à sobreposição de fatores sociais e de gênero”.
Etienne também destacou o impacto mais amplo que a crise causada pela COVID-19 teve em mulheres e meninas, incluindo responsabilidades adicionais de cuidado e interrupções na carreira.
A diretora da OPAS destacou que – como a maioria da força de trabalho em saúde – as mulheres estão na linha de frente da resposta à COVID-19, representando 72% de todos os casos da doença entre os profissionais de saúde. “Em uma região repleta de desigualdades, as mulheres foram, mais uma vez, afetadas de forma desproporcional”, disse.
Sobre a situação da COVID-19 na região, Etienne informou que os novos casos caíram 32% em relação à semana anterior, atingindo 1,5 milhão. Os países também notificaram 24.650 mortes, um declínio de 10%. Essas tendências de queda foram observadas em grande parte da região, com exceção da América Central, onde as mortes aumentaram quase 16% nesta semana.
*Créditos da imagem destacada: Foto: © OPAS/OMS
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