ODS7

Indígenas de Mato Grosso recebem capacitação em energia solar

por Marta Torezam, jornalista – 

A busca pelo conhecimento e domínio na fabricação dos próprios painéis solares reúne esforços da academia e de lideranças de povos originários, em Cuiabá.

 As vantagens da energia solar estão chegando também às áreas remotas do Brasil e prometem trazer benefícios que impactam positivamente nas comunidades indígenas.

No período de 14 a 24 de agosto, das 8 às 18h, no Instituto Tecnológico Federal de Mato Grosso IFMT – Campus Cuiabá, está sendo realizado o curso Escola-Oficina Solar, com alunos indígenas de Mato Grosso, promovido pelo Instituto de Inovação e Soluções em Sustentabilidade – Instituto i9Sol, sediado em Brasília, em parceria com o IFMT.

Participam 30 alunos de quatro etnias (três Yawalapiti (Xingu), cinco Xavante (Aldeia Abelhinha), 13 Bakairi, seis Guató (Pantanal), selecionados do curso da primeira fase da formação, realizada pela modalidade EAD, que contou com   90 participantes, no período de fevereiro a julho de 2023.

Trata-se de uma inciativa inédita, considerando que líderes indígenas estão em sala de aula aprendendo princípios de energia elétrica, dimensionamento, montagem e a fazer manutenção em usinas fotovoltaicas. Durante a oficina, também vão montar 30 pequenos sistemas de bombeamento e adução de águas, e duas usinas de 10Kwp cada, sendo uma on grid (conectadas à rede) e outra off grid (autônoma, com banco de bateria de fosfato, ferro e lítio (LIFEP04). No final de outubro, estas usinas serão instaladas nas aldeias.

Outra novidade da oficina é que nos dias 23 e 24 deste mês de agosto, os indígenas estarão nos laboratórios fazendo soldagem de circuitos de células de silício e levando ao forno de laminação, exemplares de painéis fabricados por eles mesmo, seguindo padrões industriais e de registro no Inmetro, desenvolvidos pelo Instituto i9Sol.

Entre usinas e sistemas de bombeamento de águas, os indígenas deverão montar e levar para as suas aldeias geradores fotovoltaicos que possam produzir cerca de 50.000Kw/h/ano, proporcionando economia nominal estimada em R$ 47 mil reais, no primeiro dos 25 anos de vida útil das usinas.

O Coordenador Geral do curso, pelo Instituto i9Sol, professor e mestre em Gestão Ambiental e desenvolvedor fotovoltaico, Villi Fritz Seilert, explica os objetivos desse projeto: “O Instituto i9Sol tem compromisso estatutário com as populações originárias, pois são elas que mais contribuem com os esforços globais para o equilíbrio ecológico do Planeta.  Mais do que estimular o uso de energias de matrizes limpas e circulares, faz-se necessário investir em estratégias que coloquem a tecnologia e modelos de negócios inclusivos a serviço de todos, valorizando aptidões socioambientais dos territórios de relevância ecológica e de baixa renda, sobretudo, que tragam resultados econômicos de alto impacto em termos de trabalho intensivo, limpo e renda qualificada”.

Os dados mais recentes da Nasa (USA) e do Instituto de Pesquisas Espaciais do Brasil (IMPE) têm mostrado que os territórios indígenas, e outras populações tradicionais na Amazônia, produzem os melhores resultados frente aos esforços do controle das emissões gases do efeito estufa, uma vez que as taxas de desmatamento nessas localidades representam apenas 1,5 a 3%, comparados a 35% da média verificada nas outras categorias de uso da terra.

“Em tempos de emergência climática um dos caminhos para mudar a trajetória do desequilíbrio das condições essenciais para o desenvolvimento sustentável é a transição para fontes limpas e circulares de energia”, alerta Seilert.

Conforme destaca ainda o Diretor Geral do IFMT, professor Alceu Aparecido Cardoso, essa capacitação tem relevância no tripé:  qualificação, autonomia e amplidão, pois prepara os alunos para serem agentes multiplicadores no uso das tecnologias fotovoltaicas nas comunidades indígenas. “Durante o curso, os participantes estão sendo capacitados para fazer a fabricação, instalação e a manutenção de módulos de placas fotovoltaicas, garantindo assim às comunidades indígenas o acesso à energia elétrica abundante, sem custos de geração em qualquer parte do território”.

O reconhecimento da importância de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável é assunto prioritário no contexto do IFMT. Segundo Cardoso, o IFMT, em especial o Campus Cuiabá – Coronel Octayde Jorge da Silva – vem, há alguns anos, investindo na área de energias renováveis, por meio da capacitação de professores, na estruturação de laboratórios e  oferta de cursos para  formação,  que contempla desde ajudante de montagem até  engenheiros eletricistas.

“Buscamos nos posicionar em Mato Grosso como referência na formação e apoio no crescimento do uso de energias renováveis, vislumbrando, não apenas nosso Estado, mas quem sabe, toda região Norte do País”, conclui

Parceria com IFMT

O Instituto i9Sol tem como missão promover o desenvolvimento de novos modelos de negócios, capazes de trazer maior inclusão social e contribuir para a sustentabilidade socioambiental do Planeta. Na sua linha principal de ação, desenvolve há nove anos, pesquisas e soluções de sistemas de geração de energia fotovoltaica, aplicada a comunidades em territórios de relevância ecológica.

No desenvolvimento de pesquisa, certificação metrológica e implantação de projetos pilotos no Brasil, sempre busca relações de parcerias com instituições de competência técnico-pedagógica.  Por meio das relações com a Reitoria do Instituto Federal de Brasília se construiu uma ponte de diálogo com o IFMT, que após um ano se converteu em um acordo de parceria e cooperação.

Nesta experiência no Mato Grosso, o Instituto i9Sol está fazendo a doação ao IFMT de um conjunto de equipamentos de laboratório e insumos específicos para a produção e testagem de painéis fotovoltaicos, que vão beneficiar a comunidade acadêmica em geral e o estabelecimento de princípios de tratamento diferenciado para comunidades indígenas e tradicionais no Mato Grosso.

 Apoiadores

Este programa conta com apoio de organismos de cooperação técnica, como PNUD, Fundo Clima, organizações não governamentais, ensino e governo. Os primeiros pilotos foram executados com comunidades da caatinga (Bahia), cerrado (MG, MT) e Amazônia (Ilha do Marajó)

O atual projeto tem o patrocínio do Programa Internacional REDD For Early, uma espécie de fundo internacional de compensação ambiental para comunidades e governos que promovem esforços para o controle das emissões, especialmente com o controle do desflorestamento.

No Estado de |Mato Grosso, o programa está sendo viabilizado com recursos do banco alemão KFW e outros países europeus, gerido pelo Governo de Mato Grosso, em parceria de gestão financeira com a organização Fundo da Biodiversidade – FUNBIO.

Conheça o Instituto i9Sol

Instituto de Inovação e Soluções em Sustentabilidades – i9 Sol, sem fins lucrativos, com sede em Brasília-DF.

 O Instituto i9Sol é proprietário do único painel solar, com registro metrológico nacional, cujos processos e procedimentos foram desenvolvidos e são disponibilizados sem custos sobre o domínio de propriedade, para comunidades de baixa renda e instituições de ensino e cooperação.

Do ponto de vista conceitual, é uma modelagem de negócio social de alto impacto econômico, que começou a tomar impulso pelos fundadores da startup i9 Sol – Indústria e Serviços em Energia Ltda EPP[1] , no período de 2013 a 2017.

A motivação nasceu durante o desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão “Empreendedores Informais: desenvolvendo planos de negócios inovadores no contexto das negociações globais da mudança climática”, implementado de 2009 a 2013, cujo principal objetivo era a busca de modelos de negócios inovadores que oferecessem trabalho limpo e digno a pessoas de comunidades, em territórios de baixa renda.

O segundo passo foi um projeto de pesquisa intitulado “Empreendedores Informais e Responsabilidade Social e Ambiental”, realizado no período fevereiro de 2011 a fevereiro de 2016. Ambos os projetos foram coordenados por Edson Kenji Kondo, um dos fundadores da startup, da Universidade Católica de Brasília. Kondo já vinha discutindo o conceito geral desse modelo de negócio em fóruns acadêmicos há pelo menos 10 anos, conforme publicado no seu artigo intitulado “Social Business Model for Sustainable Societies” de 2005.

https://www.academia.edu/4260369/Modelo_de_Neg%C3%B3cios_Sociais_Sustent%C3%A1veis_I_-_Sustainable_Social_Business_Model_I).

A partir de 2013 os professores Villi Fritz Seilert e Edson Kenji Kondo, no âmbito da  experiência interdisciplinar com alunos, no Campo-Escola de Tecnologia Social e na  Incubadora Tecnológica de Empresas (ITEC),   da Universidade Católica de Brasília, e de intercâmbio com o programa Barefoot College (Universidade de Pés Descalços,  na Índia), assumiram o desafio de desenvolver uma modelagem de fabricação de painéis fotovoltaicos e pequenos sistemas de geração on e off grid, para  suprimento de demandas comunitárias internas de energia e, em um cenário arranjo de escalabilidade, converter a experiência em um negócio,   capaz de gerar oportunidades de trabalho limpo, renda  e soluções ambientais para comunidades.

Após a conclusão da fase de desenvolvimento e registro Inmetro, em 2018, foi criado o Instituto i9Sol que recebeu o patrimônio de conhecimento da startup e a missão de difundir e buscar parcerias para implementar pilotos da FSS e seus produtos associados.

Atualmente, estão em andamento quatro projetos pilotos da Fábrica-Solar-Social, em comunidades dos biomas Semiárido, Cerrado, Amazônia e Pantanal.

SERVIÇOS:

Etapas da capacitação:

Etapa 01 – 02.02 – a 30.6.2023: Curso à Distância – 32h/aulas – princípios de eletricidade e geração fotovoltaica

Etapa 02 – 14 a 24.08.2023 – Escola-Oficina- Solar – Cuiabá – Ocorrendo

Etapa 03 – 10 a 20.10 2023 – Expedições para instalação assistida de usinas e kits de bombeamento de água, nas aldeias Bakairi (Paranatinga e Nobres) e Guató (Aterradinho – Pantanal)

Contatos:

  1. Coordenador Geral: Prof. Villi Fritz Seilert (Instituto i9Sol). Desenvolvedor Fotovoltaico, Ciências Sociais, Planejamento e Gestão Ambiental (61)98124-9612 (whatsapp)
  2. Diretor Geral do Instituto Federal de Mato Grosso: Prof. Alceu Aparecido Cardoso, (65) 9962-1499 (whatsapp)
  3. Coordenação de Engenharia elétrica e sistemas fotovoltaicos: Prof. Tony Silva. Eng. Eletricista (65)98129-1423 (whatsapp)
  4. Associação de Mulheres Indígenas Takiná – Alessandra Silva Guató – (65) 99957-3483 (whatsapp)
  5. Associação cultura de Mulheres Bakairi – Prof. Darlene Taukane; (66) 99976-3105 (whatsapp)

Alunos Líderes:

  1. Darlene Taukane ((66) 99976-3105 – whatsapp)
  2. Wirakuna Yawalapiti – TI Xingu – Aldeia Palushayu – (66) 99658-1165
  3. Marlito Tsere Ubuni – TI Sangradouro (sem celular)
  4. Esvael Cuiava – Guató – (65) 99629-4214
  5. Idelson Xavante Aldeia Abelhinha (66) 99241-5863