por IDS Brasil – 

A economia verde e a “Década da Regeneração” podem ser o caminho para a superação das desigualdades e do desemprego no Brasil

O planeta e a humanidade enfrentam alguns desafios neste primeiro quarto do século 21. O planeta enfrenta transformações em sua dinâmica climática e perdas dramáticas em biodiversidade, enquanto a humanidade vislumbra chegar a 10 bilhões de pessoas, o que está previsto para 2050. Do ponto de vista da ciência, da economia e da tecnologia há uma imensa transição em andamento.

Um relatório do Fórum Econômico Mundial, apresentado em 2020, aponta que a automação deve acabar com 85 milhões de empregos até 2025, ou seja, o processo está em andamento. Até lá máquinas e humanos irão dividir os trabalhos de forma igual no mundo. Esse é um dado que tira o sono de muitos economistas e gestores públicos.

Há um contraponto nessa história, que é justamente a transição global para uma economia verde, fruto também do desenvolvimento de tecnologias limpas e de mudanças nos padrões de produção e consumo estimulados por novos pactos e acordos da humanidade, como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e suas 169 metas associadas, o Acordo de Paris, com seus compromissos de redução de emissões de carbono e outras negociações nas mais diversas áreas com foco em preservação ambiental e desenvolvimento social.

De 2020 a 2030 o mundo assumiu o compromisso da “Década da Restauração”, que tem um potencial de transformação no cenário global da natureza e do trabalho.

“Realizar essas coisas não irá apenas proteger os recursos do planeta. Criará milhões de novos empregos até 2030, gerará retornos de mais de 7 trilhões de dólares todos os anos e ajudará a eliminar a pobreza e a fome”, explicou o Diretor-Geral da FAO, QU Dongyu, uma das organizações envolvidas nesse pacto de recuperação planetária.

É consenso de que o Brasil, um território de 8,5 milhões de Km² distribuídos em seis grandes biomas e uma vastidão oceânica, população de 215 milhões de pessoas, 9,2 milhões de desempregados e outros 4 milhões de desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego) pode ser fortemente beneficiado pela transição para uma economia da restauração. As mudanças no campo do trabalho no Brasil podem levar o país à vanguarda da transição para uma economia verde.

Esse potencial tem sido demonstrado em vários estudos e seminários, em especial na publicação “Economia Verde no Brasil“, publicado pelo IDS. Também pela série de seminários “Economia Verde – Uma agenda necessária e oportuna para o Brasil” que traz as experiências da transição verde na China, nos Estados Unidos, no Chile e na França, cujos vídeos podem ser encontrados no site do IDS.

O país só tem a ganhar com essa transição. Os especialistas alertam, no entanto, que é preciso investir em qualificação de trabalhadores para as novas demandas da economia verde. No atual cenário o país não consegue suprir todas as vagas existentes por falta de qualificação. Segundo o levantamento da OCDE, 63% das empresas com 10 ou mais empregados no Brasil não conseguem preencher as vagas oferecidas por falta de profissionais qualificados. Entender a transição verde e suas demandas é fundamental para a elevação do Brasil ao patamar de país com bom IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.  (IDS/Envolverde)