Por Darlene Menconi –
Convidada a palestrar sobre O Futuro do Jornalismo no Ecossistema Digital, falei sobre as mudanças sem volta na indústria da mídia. Aprendemos que editorial e comercial deveriam estar tão separados quanto Igreja e Estado. Por isso é difícil mudar o chip, parar de pensar como jornalista e incorporar a lógica dos negócios. Só que essa mudança de atitude é imperativa para sobreviver.
Ao final de meu discurso, o moderador do debate resumiu seu desconforto: “apesar de todo baseado na realidade, esse cenário é horrível, e espero que mude”. Eu também já pensei assim. Boa parte dos profissionais de comunicação pensa assim. Só que não.
Não adianta tapar o sol com a peneira. A tecnologia mudou nossa forma de consumir notícias, produtos e serviços. As redes sociais assumiram importância no dia a dia de empresas, governos e sociedade. E transformaram conteúdo de qualidade em ferramenta estratégica.
O desafio atual, no campo da comunicação e do marketing, tem sido escrever conteúdos persuasivos que estimulem e promovam uma interação rápida entre tecnologia, empresas e consumidores. O papel do profissional de comunicação continua o mesmo, de produzir conteúdo relevante, útil.
Minha experiência como curadora de conteúdo me faz acreditar que não há nada de antiético em fazer produtos com qualidade jornalística para informar, entreter e inspirar o cliente de seu cliente.
O jornalismo nunca foi tão necessário
Com duas décadas de atuação como repórter e editora nos mais importantes jornais e revistas do país, como Folha de S. Paulo, Gazeta Mercantil, Veja, Istoé e Info Exame, passei a me sentir incomodada quanto às minhas obrigações com o leitor, esse ser místico a quem jurei fielmente servir, com isenção e liberdade.
Nos últimos anos, mais perto do centro de decisão de uma grande editora, pude observar como funcionam as relações entre os quatro poderes em nosso país. E com isso considerar mais honesta a comunicação corporativa ou institucional, nos moldes dos publieditoriais (ou branded content). Desde que claramente identificado como conteúdo patrocinado. Sem subestimar a inteligência do leitor, nem fingir isenção onde ela não existe.
Foi com esse ideal que executei ou coordenei equipes para produzir conteúdo multimídia para empresas, instituições governamentais, acadêmicas e pessoas. De livro a website, passando por relatórios multi plataforma, eventos e audiovisuais, contei com o apoio de parceiros incríveis nessa jornada.
Há três anos decidi assumir o protagonismo de minha vida como empreendedora digital. Eu vinha de um período sabático e me parecia natural voltar a estudar. Fiz diversos cursos sobre as fronteiras do Jornalismo no Knight Center da Universidade do Texas, em Austin. Em paralelo, me debrucei sobre o relatório produzido pelo The New York Times para projetar o jornal de 2020. Estudei com expoentes internacionais em estudo de futuros e planejamento prospectivo. Estava pronta para alçar voo.
A ducha de água fria veio com o primeiro cliente. Ele queria uma presença digital. Busquei parceiros de competência renomada, estudei o conteúdo de cima a baixo e percebi o óbvio. Estava desatualizada. Precisava desaprender e reaprender tudo de novo. Mesmo eu, que sempre fui uma antena para a inovação, tinha que me renovar.
Desaprender e reaprender
Lembrei-me da frase do escritor Alvin Tofler, autor de A Terceira Onda, que tive o prazer de entrevistar: “o analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender, e reaprender”.
No último ano e meio, mergulhei fundo na transformação digital, o começo da chamada Quarta Revolução Industrial, ou 4.0. Fiz dois cursos de imersão digital para assessores de imprensa, aprendi sobre realidade virtual, jornalismo imersivo e 360 graus, podcast, inbound marketing, linguagem de programação Python, jornalismo de dados.
Estou convencida de que na jornada de consumo da internet, o conteúdo é uma ferramenta essencial para o processo de atração, conversão e encantamento. Conteúdo de qualidade, e com resultado, é aquele capaz de construir uma relação de confiança ou identificação com seu público alvo, servir e encantar o leitor oferecendo solução para algum problema ou oportunidade que lhe seja útil. No coração dessa revolução digital está o cliente.
O desafio atual, no campo da comunicação e do marketing, tem sido gerar resultados efetivos (leads ou vendas) e não apenas métricas (curtidas e seguidores). Sim, a moeda da internet são leads e por trás de todo conteúdo há a finalidade de converter visitantes em clientes, em um processo contínuo de venda, que é a essência da internet.
Antes, lead era o parágrafo inicial de um texto informativo, com respostas às perguntas o que, quem, quando, onde, como, onde e por que. Hoje, lead significa que o visitante está considerando comprar determinada oportunidade ou solução. E pode se tornar cliente ao tomar certa decisão.
Conteúdos que vendem e encantam
A era da transformação digital exige dos redatores produzir textos persuasivos, que vendam, artigos que se transformem em resultado, principalmente em leads e cartas de vendas. E falem diretamente com a dor do público alvo.
Eis a grande transformação: conteúdo com propósito é o combustível para uma estratégia de marketing eficiente na internet. Nesse cenário, surge um profissional capacitado para a função de educar as pessoas e despertar desejo de compra. É o copywriter, que domina as técnicas e os gatilhos que estimulam a tomada de atitude. Algo que vai muito além de elaborar bons títulos para atrair leitura.
Copywriting é uma técnica de escrita que pode ser aplicada em sites, e-Books, vídeos ou e-mails com o objetivo de realizar uma conversão. É a forma de promover um produto, posicionar uma pessoa ou alavancar um negócio a partir de conteúdos. Na prática, significa ajustar palavras que irão levar pessoas a determinas ações, como aumentar número de cadastro, índice de engajamento, elevar a taxa de compras ou serviços, aumentar o número de links a textos ou vídeos.
Meu mais recente cliente, da área financeira, mostrou que preciso reaprender a escrever. Textos informativos já não são suficientes para atrair a atenção nesse oceano de informação que é a rede mundial de computadores. Por isso, no próximo dia 9 de novembro, vou participar de um treinamento para conhecer as técnicas de copywriting. Convido quem quiser me acompanhar. Segue link para um compilado de vídeos sobre o assunto: http://bit.ly/imersaocopywritersp
A evolução tecnológica em velocidade exponencial parece ditar um novo tipo de seleção natural: alguns poucos com muito acesso enquanto muitos ficam com cada vez menos. No jornalismo, quem não arregaçar as mangas para se reinventar vai ficar de fora. Simples assim. (#Envolverde)