Por DW Brasil –

Gelo marinho na Antártida tem redução recorde

O gelo marinho em torno da Antártida diminuiu para a menor extensão já registrada no mês de fevereiro, segundo um estudo publicado no jornal científico Avanços em Ciências Atmosféricas.

O gelo marinho em torno da Antártida diminuiu para a menor extensão já registrada no mês de fevereiro, segundo um estudo publicado no jornal científico Avanços em Ciências Atmosféricas.

A conclusão sugere que o continente gelado pode ser mais suscetível às mudanças climáticas do que se imaginava. No final de fevereiro de 2022, a área do oceano coberta por gelo ficou abaixo de dois milhões de quilômetros quadrados pela primeira vez, desde o início dos registros em 1978.

Os pesquisadores chineses da Universidade Sun Yat-sen, em Guangzhou, e do Laboratório de Ciências Marinhas, em Zhuhai, concluíram que o fator principal para a perda de gelo foi o aumento das temperaturas.

As modificações nas massas de gelo, que tiveram papel secundário. O recorde negativo de 1,9 milhões de quilômetros quadrados, registrado em 25 de fevereiro deste ano, ficou 30% abaixo da média do período entre 1981 e 2010.

O maior encolhimento da cobertura de gelo marinho na Antártida registrado até então, ocorrido em 2017, estava pouco acima do patamar de dois milhões de quilômetros quadrados.

Nos últimos anos, a cobertura máxima de gelo marinho na Antártida teve média de 18 milhões de quilômetros quadrados.

Pólos aquecem acima da média global

No Ártico, o recorde negativo de cobertura de gelo marinho foi de 3,4 milhões de quilômetros quadrados em 2012, sendo que o segundo e o terceiro ocorreram em 2020 e 2019, respectivamente. A cobertura máxima de gelo marinho tem média de 15 milhões de quilômetros quadrados.

Os polos norte e sul registraram aquecimento de aproximadamente 3º C – ou seja, três vezes a média global – comparado aos níveis de temperatura do século 19.

A primeira onda de calor registrada na Antártida foi em 2020, com inéditos 9,2º C acima do valor máximo. Em março deste ano, um centro de pesquisas no leste do continente registrou um aumento de temperatura de 30º C acima do normal.

Ao contrário da cobertura de gelo marinho no Ártico, que diminuiu em 3% ao ano desde os anos 1970, na Antártida vinha ocorrendo uma expansão de 1% a cada década, levando-se em conta a ocorrência de grandes variações anuais.

Após o declínio incomum registrado em 2017, o fenômeno voltou a ocorrer neste ano, no final do verão no hemisfério sul.

O derretimento do gelo marinho não gera impactos perceptíveis no aumento do nível do mar, uma vez que o gelo já se encontra nas águas do oceano.

No entanto, a diminuição da cobertura de gelo é uma das principais preocupações relacionadas ao clima, uma vez que ajuda a acelerar o aquecimento global.

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Quando a cobertura de gelo – que reflete a energia solar de volta ao espaço – é substituída pelo mar escuro não congelado, há menos reflexão de calor e mais absorção. Isso, por sua vez resulta em um maior derretimento de gelo e produz mais absorção de calor, em um círculo vicioso.

Qinghua Yang, professora da Universidade Sun Yat-sen e coautora do estudo.

A neve e o gelo refletem mais de 80% da energia do sol de volta ao espaço, enquanto os oceanos absorvem a mesma porcentagem dessa energia.