Por Fermín Koop, do Diálogo Chino
Um estudo sobre o uso do termo em artigos acadêmicos descobriu que metade dos artigos revisados não oferece uma explicação para o termo.
Mas, em linhas gerais, a agricultura regenerativa engloba um conjunto de práticas agrícolas e pastagem que pode ajudar a enfrentar as mudanças climáticas, restaurando a biodiversidade do solo e recompondo sua matéria orgânica.
Globalmente, a agricultura industrial é uma das principais responsáveis por mudanças do uso do solo — especialmente em lugares ricos em biodiversidade, como a bacia amazônica.
Suas práticas intensivas aumentam a degradação territorial e atualmente cerca de um terço do solo disponível no planeta é considerado de moderada a altamente degradado.
A produção de alimentos também está associada a 37% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Os sistemas regenerativos aumentam a fertilidade da terra ao se plantar culturas de cobertura entre as estações (como o trigo), adotar rotações de culturas e o uso de adubo e esterco animal.
Trata-se de um método de agricultura que “melhora os recursos que utiliza, em vez de destruí-los ou esgotá-los”, de acordo com o Instituto Rodale, uma das organizações que defende a abordagem.
Na agricultura convencional, o solo é frequentemente limpo e deixado descoberto após a colheita. O cultivo e a aragem erodem a terra, privando-a de seus nutrientes e liberando grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2).
Ao adotar práticas do chamado plantio direto, os agricultores podem reduzir os impactos no solo, mantendo sua estrutura e evitando sua erosão.
Tudo isso ajuda a restaurar o microbioma do solo para promover seus nutrientes. Os fertilizantes sintéticos utilizados na agricultura convencional têm criado desequilíbrios na estrutura e função dessas comunidades microbianas na terra.
Há ainda o papel da pecuária. A maneira tradicional como o gado é manejado nas fazendas não é regenerativa: os animais são mantidos em uma parte da terra durante um longo período e provavelmente vão pastar em excesso aquela área, eventualmente deixando o solo descoberto e compactado.
Em vez disso, uma abordagem regenerativa se concentra no deslocamento dos animais na propriedade, deixando-os livres para vaguear em espaços maiores antes que o sobrepastoreio ocorra.
Esta técnica, conhecida como pastejo rotacionado, utiliza altas densidades de gado para curtas durações em uma determinada área, antes de mover os animais e reiniciar o ciclo. Isto permite que diferentes porções da terra tenham um longo período livre de pastagem, a fim de induzir o crescimento do capim.
Além disso, o gado ‘quebra’ o solo ao se movimentar, criando uma cobertura natural que ajuda a reter a umidade. Os excrementos do gado também servem para nutrir a terra, aumentando ainda mais a saúde do solo.
Uma terra mais saudável significa que mais CO2 é retirado (ou sequestrado) do ar, o que é uma boa notícia contra a crise climática. O solo — ou pelo menos um solo saudável — contém micro-organismos que trabalham em comunhão com as plantas que crescem na terra.
Elas absorvem o carbono através da fotossíntese, e o excesso de carbono é redirecionado ao solo, onde se torna matéria orgânica.
Este carbono alimenta os fungos e, em troca, vários micro-organismos fornecem às plantas os nutrientes de que elas necessitam. É um equilíbrio perfeito, mas que é alterado pelos métodos da agricultura intensiva convencional.
Ao avançar para uma abordagem regenerativa, argumentam alguns de seus defensores, o setor não precisaria cortar tantas emissões já que a terra capturaria mais CO2.