Em 2014, o Estado de São Paulo entrou na maior crise hídrica de sua história. Com sucessivos recordes negativos desde que foram iniciadas suas medições, o Sistema Cantareira, responsável por 45% do abastecimento de água da maior região metropolitana da federação, atingiu suas maiores baixas justamente no verão, época em que mais deveria chover.
O paradoxo climático serviu de justificativa para as autoridades, que lamentaram a falta de chuvas e buscaram soluções apressadas para evitar o tão impopular racionamento. O imediatismo, no entanto, foi sentido pela população. Alguns bairros da cidade já sofrem com frequentes cortes d’água e, apesar do resgate do chamado volume morto, que elevou o nível do Cantareira em 18,5 pontos percentuais em maio, especialistas consideram questão de tempo até que se consuma a última gota do sistema. Ao contrário do tempo seco – atípico para esta época do ano – a crise de abastecimento de água já estava há anos anunciada.
Quando projetado na década de 1960, o Sistema Cantareira previu o abastecimento de água à Grande São Paulo até os anos 2000. Na outorga de 2004, documento assinado pela Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado) e pelo Consórcio PCJ (Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), foi acordado que a companhia procuraria formas de reduzir sua dependência do sistema. Em outras palavras, o tempo seco apenas antecipou um problema que, cedo ou tarde, chegaria às torneiras e chuveiros dos paulistas.
Feito o retrospecto histórico, é necessário entender o complexo ciclo da água em uma região violentamente urbanizada. Não o ciclo natural, que todos aprendem nas escolas, mas o ciclo social, que envolve desigualdade, poluição, consumo, desperdício, grandes obras e desapropriações. O projeto 2000 e água, nome que faz referência ao colapso hídrico prenunciado para o novo milênio, propõe-se a contar a inquietante história de pessoas que vivem ou viveram a água em diferentes fases deste processo.
Acesse aqui a reportagem hipermídia “2000 e água”, sobre a crise hídrica de 2014 em São Paulo. O especial conta com vídeos, fotos, textos, entrevistas, infográficos e um mini-documentário. Confira!