A crise europeia e o medo de recessão não foram capazes de frear os investimentos em energia eólica, que apresentou em 2011 um crescimento de 21% na capacidade instalada mundial. Esta expansão resultou principalmente do interesse de novos mercados, principalmente da China, pelas renováveis.
Segundo os números apresentados nesta terça-feira (7) pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), 80 países já possuem instalações eólicas e 22 delas são capazes de gerar pelo menos 1GW. Mais de 41GW foram somados à capacidade total instalada em 2011, que agora ultrapassa os 238GW.
“Apesar do estado atual da economia global, a energia eólica continua a ser a tecnologia de geração renovável mais escolhida”, afirmou Steve Sawyer, secretário geral da GWEC. “2011 foi um ano difícil, e 2012 não será diferente, mas as bases do setor permanecerão sólidas em longo prazo. Há dois anos seguidos, a maioria das novas instalações foram feitas fora do OCDE e novos mercados na América Latina, África e Ásia estão impulsionando o crescimento do setor.”
A China consolidou seu papel de liderança no mercado global, instalando 18GW no ano passado e com uma capacidade ultrapassando os 62GW.
“O ano não foi fácil para a indústria de energia eólica chinesa. No entanto, o setor conseguiu sair-se bem, não só superando as dificuldades, mas tornando-se mais resiliente frente aos vários desafios. No próximo ano, o setor irá adaptar-se as novas exigências do governo bem como às exigências do mercado. Esperamos que o setor torne-se mais forte e competitivo”, comentou Li Junfeng, Secretário Geral da Associação das Indústrias de Energia Renovável da China (CREIA).
Na América Latina, mais de 1,2GW foram instalados, sendo que o Brasil foi responsável por 587MW e soma atualmente 1509MW de capacidade.
“O Brasil ultrapassou a marca dos 1GW em 2011 e tem encaminhados mais 7000MW para serem instalados antes do fim de 2016. O setor eólico brasileiro está atraindo investimentos significantes, facilitados por políticas do BNDES. Porém, uma nova estrutura legal com regras claras para o futuro será necessária para garantir o ritmo de crescimento”, afirmou Pedro Perrelli, diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Na Índia, as instalações de 2011 elevaram a capacidade total do país para pouco mais de 16GW. “A Índia alcançou outro marco acrescentando mais de 3GW de energia eólica instalados. Esse número possivelmente chegará a 5GW por ano até 2015. As iniciativas contínuas do governo indiano no sentido de criar novas políticas atrairão quantias significativas de investimentos privados para o setor”, disse D.V. Giri, Presidente da Associação de Fabricantes de Turbinas Eólicas da Índia.
Na União Europeia, 9.616 MW de capacidade de energia eólica foi instalada em 2011, totalizando 93.957 MW – suficiente para fornecer 6,3% da energia elétrica do bloco, de acordo com a Associação de Energia Eólica Europeia (EWEA).
“Apesar da crise econômica que assola a Europa, o setor de energia eólica está instalando em níveis sólidos”, comentou Justin Wilkes, Diretor de Políticas da EWEA. “Mas para alcançar os objetivos de longo prazo precisamos ter um forte crescimento nos próximos anos.Um compromisso da União Europeia para estabelecer a meta de energia renovável para 2030 seria um sinal muito positivo para os potenciais investidores.”
Após um ano muito difícil em 2010, o setor de energia eólica norte-americano está novamente em ascensão, com instalações de mais de 6800MW.
“A base do setor de energia eólica norte-americana é sólida. Estamos bem encaminhados para oferecer 20% da energia elétrica dos EUA até 2030. Só com as instalações que fizemos em 2011 fornecemos energia elétrica suficiente para quase dois milhões de lares americanos”, afirmou Denise Bode, CEO da Associação Americana de Energia Eólica (AWEA).
O Conselho Global de Energia Eólica acredita que 2012 será ainda um ano complicado, refletindo a continuidade da crise econômica e a falta de políticas internacionais para energias limpas.
“Vislumbramos a abertura de novos mercados na África, Ásia e América Latina em 2012 e esperamos ver alguns países na América Latina, além do Brasil, aproximar-se da massa crítica. Mas, sinceramente, será difícil manter o potencial de crescimento do setor sem um preço unificado do carbono e outras medidas que justifiquem os custos reais da geração convencional de energia elétrica para a sociedade”, concluiu Sawyer.
* Publicado originalmente no site Instituto CarbonoBrasil.