Estudos detalham impactos da primavera antecipada

Marek Szczepanek. Foto: Wikimedia Commons
Marek Szczepanek. Foto: Wikimedia Commons

As mudanças climáticas estão transformando os padrões das estações, sendo que a primavera no Hemisfério Norte está chegando cada vez mais cedo.

Uma das evidências disto é um estudo publicado no periódico Climate Research, de autoria de Tim Sparks, da Universidade de Coventry.

O trabalho demonstra que, nos seus 46 anos de história, o festival de narcisos da vila de Thriplow, em Cambridgeshire, no leste da Inglaterra, foi forçado a antecipar seu início em 26 dias. Desde 1969, as temperaturas médias entre março e abril no Reino Unido teriam subido 1,8°C.

“Este estudo representa uma das sólidas provas de que o turismo das flores está tendo que se adaptar às mudanças climáticas. O problema dos narcisos é apenas um microcosmo de um quadro maior”, explicou Sparks.

Infelizmente, ao contrário de festivais de flores que podem se adaptar, a corça francesa está com sérios problemas. A espécie precisa que seu padrão de procriação coincida com o de crescimento das plantas.

Três pesquisadores franceses observaram registros da população da corça na região de Champagne e descobriram que, apesar de a primavera estar começando mais cedo, a corça está ignorando essa mudança e continua tendo seus filhotes no mesmo período de sempre, sem alteração nos últimos 27 anos. Assim, a taxa de sobrevivência dos filhotes está caindo, levando também à queda na população dessa espécie. O estudo foi publicado no PLOS Biology.

Degelo do Ártico

As criaturas do Ártico também estão com dificuldades. De acordo com Julienne Stroeve e seus colegas do Centro de Dados para Neve e Gelo dos Estados Unidos, a temporada de degelo está aumentando em vários dias a cada década.

“O aumento da temporada de derretimento está permitindo que a energia do sol seja armazenada no oceano, o que resulta em mais degelo durante o verão, provocando um enfraquecimento da camada de gelo marinho”, disse Stroeve. Há quatro décadas a presença de gelo marinho no Ártico está diminuindo.

Sete das menores extensões de gelo registradas no mês de setembro ocorreram nos últimos sete anos. Um novo exame de imagens de satélite e dados desde 1979 mostrou que os mares de Beaufort e Chukchi estão congelando entre seis e 11 dias mais tarde a cada década. O grupo publicará em breve suas conclusões no periódico Geophysical Research Letters.

* Adaptado do texto original do Climate News Network (inglês).

** Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.