“Não vivemos tempos normais, mas um período de exaustão de um modelo hegemônico que prevaleceu por duas décadas”. Assim o ex-presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, abriu o painel “Jornalismo em tempo de Economia Verde”, integrado pelo editor da revista Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini; a editora do caderno Razão Social, do Jornal O Globo, Amélia Gonzalez; e a editora da revista Plurale, Sônia Araripe.
“Economia de um tempo que já se sabe que os recursos naturais são escassos e se vive um processo de aquecimento global”, assim Voltolini definiu o conceito de Economia Verde. Para isso, destacou, “é necessário que empresas produzam e indivíduos consumam de um modo sustentável”.
Não muito diferente da realidade para trás dos anos 1990, quando o Terceiro Setor reclamava que o jornalismo só promovia coisas ruins, destacou ele, hoje organizações continuam a cobrar mais espaços.
“Temos o hábito de simplificar o que é naturalmente complexo”, disse Voltolini ao lançar alguns desafios, como contextualização, escolha das fontes e linguagem. Quanto às fontes, sugeriu que se busque as empresas que estão fazendo uma transformação de fato, “procurar saber quem age por convicção ou por conveniência”.
No tocante à linguagem, lembrou que quando de escreve sobre sustentabilidade há duas tendências: um cientificismo chato ou a superficialidade que nada acrescenta. “É sempre bom lembrar que jornalista faz jornalismo e as redes sociais espelham a notícia e também que se evite o heroísmo e o catastrofismo”.
“Jornalista tem que gostar de pessoas. Se gostasse faria toda diferença. Eu sou do tempo em que a gente ia busca na rua as notícias”. Com essas afirmações, Sônia Araripe iniciou a sua participação no painel. Como dica aos jovens comunicadores, enfatizou a importância da leitura, de saber ouvir e da prática de entrevistar, viajar e conversar com diversas fontes.
Amélia Gonzalez continuou na mesma linha, destacando a importância de que,quando se vai cobrir um fórum de discussão, ouvir do início ao fim e não ficar do lado de fora conversando e tomando café, esperando por uma “aspa” para fechar a matéria.
“Sustentabilidade não cabe em manchete”, comentou ao enfatizar a importância de ampliar a cobertura. Por fim, lançou um questionamento para reflexão: “O que estamos fazendo por um mundo melhor quando divulgamos catástrofes e damos manchete ao que não merecia ser noticiado?”.
* Publicado originalmente no site do IV Congresso de Jornalismo Ambiental.